OPINIÃO DE CÉLIO FURTADO : QUARESMA/CONJUNTURA

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Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br

Escrevo nessa manhã ensolarada de sábado, após visitar o meu neto, curtir os seis meses de vida, a família feliz.

Também pedalei por minha cidade, tranquilo, aproveitando a planície, os caminhos variados para o centro da cidade, ir no mercado público e ver o peixe.

No artigo anterior falei da música, do hábito de ouvir música enquanto escrevo, acentuando o meu gosto pelo saxofone jazz, pelos clássicos e pelo canto gregoriano.

Na verdade, o canto gregoriano é para a leitura sacra, para o roteiro litúrgico católico que sigo diariamente, seguindo a Folhinha do Coração de Jesus, cujas pagelas eu as retiro. Uma leitura muito concentrada, sempre com a Bíblia de Jerusalém, seguindo o Velho e o Novo Testamento, passando pelos Salmos, igual ao que é lido e meditado nas Santas Missas, um refrigério para a alma, uma lúcida orientação para a vida cotidiana.

Uma rotina que me acompanha muito tempo, proporcionando paz e também cultura e uma compreensão melhor do mundo em que vivemos.

Mergulhado na Quaresma, eu penso o sistema com o olhar leigo e despretensioso, porém, como todo mundo, desejando a paz, a paz profunda em todos os corações, ainda que saiba que isso é quase impossível.

A essência da economia passa pelos gastos militares, pelos orçamentos de guerra e sabemos que o que denominamos de paz é apenas um tênue equilíbrio, algo provisório, e, olhando para os quatro cantos da Terra, percebemos a guerra, a guerrilha, os conflitos de fronteira, os choques ideológicos e o que denomina de terrorismo de esquerda e de direita.

Sempre escrevo manifestando o meu olhar que pretende ser global, saindo da aldeia para efetuar as sínteses que carimbo como “análise de conjuntura”, particular, porém com uma certa pretensão de se abrir ao debate. De certa forma, sempre fui coerente na minha metodologia de pensamento, respeitando as tradições porem, abrindo-me ao novo.

Por exemplo, estamos no fim aparente da pandemia, adeus às máscaras, o uso mais escasso do álcool, uma certa segurança nos transeuntes, pois, nos corações e mentes há uma sensação de que “o pior já passou”.

Evidentemente, temos que acreditar que a Humanidade sobreviveu a essa tragédia, com muitos mortos e muitas sequelas físicas e mentais, muitos danos explícitos e implícitos. Infelizmente novos dramas, novas pandemias surgirão, pois é impossível reverter o caos da degradação ambiental, muito lixo, muitos resíduos sólidos, líquidos e gasosos e, há um limite para a Mãe Terra.

E os esgotos, os lixões, qual o destino dos dejetos de bilhões de seres humanos?

Acredito no aprendizado gradual, no custo da aprendizagem e que a dor ensina, porém os novos fatos apontam que a desordem continua na mentalidade dominante e que os conflitos constituem a essência da paisagem humana; a violência cresce, a descrença, os crimes hediondos e o consumo irrefreável, aumentando a obesidade coletiva e o vazio nas mentes provocados pelas fake News.

A Quaresma é um momento privilegiado para pensarmos na real condição humana, no peso da Cruz, no Calvário individual e coletivo!

 

Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br

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