Opinião do economista Célio Furtado- Final de Maio

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*Célio Furtado
Economista e professor da Univali
celio.furtado@univali.br

Ainda estamos no primeiro semestre do ano e percebemos que todos os indicadores econômicos apontam uma estagnação nítida, ao contrário do que  se esperava em relação ao governo Bolsonaro. Como sabemos, foi uma vitória relevante, com uma votação expressiva, credenciando ao vitorioso a um importante capital de prestígio politico. Normalmente, o governo inicia com expectativa favorável, pois estamos diante de novidades, e o candidato vitorioso foi habilidoso em mobilizar a opinião pública ao seu favor. Isso é próprio da gestão, saber capitalizar a opinião inicial, o entusiasmo reinante para atingir objetivos propostos, principalmente, os mais delicados e árduos para serem engolidos. No início tudo é mais fácil, e, políticos experientes sabem tirar partido desse ambiente inicial favorável, isso tudo está explícito na “Arte da Guerra”. Escrevo essa introdução para expressar uma possível análise de conjuntura, um exercício necessário para quem aprecia a complexa arte da política.

Tenho expressado com muito orgulho minhas ideias no REGATA NEWS, dirigido pelo competente jornalista Adilson Pacheco, um dos pioneiros pela consolidação dos eventos náuticos em nossa cidade.

Abordei em diversos artigos, os mais variados temas, entre eles a política e, mais especificamente, a análise de conjuntura. Enquanto escrevo, tenho em mente as manifestações. Tivemos na semana passada, uma maiúscula manifestação de rua em todas as principais cidades brasileiras. Sob o pretexto de protestos contra os cortes de verba para a Educação, a oposição mostrou a sua força, assustando o governo Bolsonaro, dando a entender de que vem “chumbo grosso” pela frente. Afinal, nem chegamos ao primeiro semestre e o governo demonstra uma fragilidade gritante, consumindo muito rapidamente o capital politico inicial.

Tanto que as recentes pesquisas de opinião do Ibope mostram uma queda acentuada da popularidade do governo Bolsonaro, (ótimo e bom) caíram de 49% para 34%, sendo que todos os índices de confiança do empresariado também caíram. Somado a tudo isso, o desemprego continua dramático, cerca de 13 milhões de brasileiros não conseguem um emprego, gerando uma forte instabilidade social. Apesar da competência e do prestígio pessoal de alguns ministros, entre eles o Guedes e o Moro, o Presidente tem sido um fator de atrapalhação constante, tornando visível a sua inapetência para o comando supremo da nação brasileira. Uma relação tumultuada com o Congresso Nacional, uma comunicação agressiva pelas mídias sociais, um desprezo perigoso pelos meios de comunicação mais tradicionais, leva o presidente, rapidamente a um isolamento perigoso.


Outras edições da coluna do Economista Célio Furtado

Opinião do economista Célio Furtado- Maio


 

Sem falar na politica internacional, um alinhamento desastrado com o governo norte americano e um flerte inútil com o governo de Israel, virando as costas para o poderoso mundo árabe. Agora, parte para um confronto perigoso, conclamando a população a se manifestar nesse domingo. Uma iniciativa discutível que poderá acirrar ainda mais os ânimos de nossa população que se encontra em um momento de confusão ideológica. Sabemos que a nação se encontra dividida, bastando olhar o cotidiano de nossas mídias sociais mais populares.

Tomara que o governo acerte, que não aconteçam incidentes violentos. Precisamos retomar o desenvolvimento, dentro da democracia !


*Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br


 

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