Conheça a história de Helena, atleta de 9 anos, que faz parte do projeto social ‘Esporte na Cidade’, realizado na Arena Independência, no bairro do Horto
Um projeto em Minas Gerais vem se destacando por revelar jogadoras para o futebol feminino. Na região desde 2019, o Esporte na Cidade já beneficiou mais de 500 crianças e adolescentes. Uma delas é a jovem Helena Micaela Miranda Moreira Rocha, de apenas 9 anos, que não perde uma aula da iniciativa promovida pela Instituição Social De Peito Aberto.
“Ela chega meio-dia da escola e já pensa em colocar o uniforme. Mas ela não entende que o treino começa apenas às 16h”, brinca a mãe Ana Maria Micaela Miranda Moreira Rocha, que também é professora na Escola Municipal Mário Mourão Filho. Moradoras de Xangrilá, que fica em Contagem, na divisa com Belo Horizonte, o caminho até o treino demora entre 30 e 40 minutos.
Resultado da parceria com América Futebol Clube, o “Esporte na Cidade” é realizado na Arena Independência, no bairro do Horto. Treinar em um estádio surpreendeu Helena, que ficou espantada com o tamanho do campo. “É muito grande, diferente da televisão”, brinca a jovem atleta.
Acostumada com o esporte, Helena sempre praticou natação. As aulas foram fundamentais para a evolução em outros esportes, como o futebol. “Ajuda na respiração e também na força das pernas e da coluna. Além disso, melhorou bastante a coordenação motora, o equilíbrio e a agilidade”, explica a mãe. Com o futebol, vieram outros benefícios. “O projeto ajuda em diversos aspectos físico, psíquico e social, uma vez que estimula o contato com outras meninas que compartilham do mesmo desejo, estimulando o trabalho em equipe.
O coletivo é o momento mais esperado. “Gosto da disputa, do jogo que o professor faz no final do treino”, conta Helena, que acaba de completar 9 anos e é fã do craque atleticano Hulk. Hoje, segundo a mãe, o futebol é moeda de troca na relação com a filha. “Se não fizer a lição, não vai para o treino hoje”, brinca.
Um dos momentos especiais que o Projeto da De Peito Aberto proporcionou foi uma visita ao Mineirão, na qual as alunas conheceram toda a estrutura do estádio. Nesse dia, a mãe lembra que a visita foi feita por uma atleta do Cruzeiro, o que proporcionou momentos inusitados. “Ela perguntou para a jogadora se ela não achava melhor jogar no Galo”. O questionamento rendeu uma boa lição para a jovem atleta. ”Olha, Helena, depois que você vira profissional, você torce para o clube que você defende.”, disse a jogadora.
A mãe também contou que sempre teve vontade de jogar futebol, mas que na infância foi barrada pelos pais. “Gostava de futebol, mas minha mãe achava que era coisa de homem. Apesar disso, a gente sempre dava um jeito de assistir futebol. Precisamos desmistificar a questão das mulheres no futebol”.
Para Ana, projetos como esse precisam chegar em outras regiões do Brasil. “É importante esse trabalho de disseminar o projeto. As pessoas não têm noção do tamanho disso”.
Minas Gerais, Bahia e Pará são os estados atendidos pela instituição, que nos próximos anos pretende ampliar sua atuação pelo Brasil. A De Peito Aberto possui mais de 100 colaboradores distribuídos entre os escritórios de Minas Gerais (Belo Horizonte), Bahia (Lauro de Freitas) e Pará (Barcarena).