Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
Escrevo nesta noite de Domingo, ouvindo saxofone, Coltrane (1926-1967), muito tranquilo e em paz, após a Santa Missa, na Igreja Matriz.
Lembro que essa tranquilidade ou paz não significa necessariamente acomodação ou uma fuga cômoda aos desafios do mundo que nos rodeia. No meio da melodia, John Coltrane exclama: “love supreme”, um amor supremo interpretado por um gênio, autodidata, como se a música fosse um dos principais caminhos para a eternidade.
Sabemos que “a arte liberta”, ajuda-nos a atingirmos estados mais amplos de consciência, e, no meu caso, a pretensão é bem mais modesta: escrever um bom texto.
Aprendi que um bom texto deve ter coerência, clareza, concordância e elegância. Ser verdadeiro, autêntico e convincente, pois nunca podemos perder de vista o leitor, de gosto heterogêneo e variado, diverso, porém, todos devem ser respeitados.
Gosto do jazz, conheço alguns nomes, cantores e, mais saxofonistas, aqueles nomes clássicos de artistas norte americanos das décadas de cinquenta e sessenta.
Não falo com autoridade, não estudei música e não sei tocar qualquer instrumento, gostaria de saber cantar, porém não concluo as letras, ainda que siga a orientação da canção “Desafinado”, bossa nova.
Enquanto escrevo contemplo a foto de uma árvore maravilhosa, uma cor forte, uma lembrança da mata virgem, um Anjo da Guarda, lembrando a alegria e a esperança da vida.
Essa arvore, com reflexos em um banhado abre-me a memória para os antigos contos filosóficos, escritos a duas mãos, na produção de alguns roteiros filmes, teatro ou a vida real, rompendo a normalidade e, talvez, mergulhando na clandestinidade.
Vejo uma antiga foto, minha, com a barba crescida, como se eu estivesse na década de setenta, cheio de ideais na cabeça, e, na verdade, a foto me remete ao alto vale, onde acabava a linha do trem, nos tempos do Colégio Salesiano, ou não, pois sempre admirei a gente catarinense, o empreendedorismo e o senso de disciplina dos imigrantes alemães.
Apenas escrevo, inspirado nessas fotos, minha viagem pelo interior catarinense, pelas empresas, dando treinamento de produtividade e participando de reflexões estratégicas.
As fotos atuais, generosas, um presente para quem, de fato, mergulhou no coração do estado, espalhando racionalidade, percorrendo as estradas, o asfalto e, também, o encontro nas rodoviárias, espaço central da malha viária.
Percorrer o estado sempre me fez bem, conversar com o povo, observando a sensibilidade e a beleza por detrás daquele jeito duro de encarar o trabalho.
Nossa gente é do trabalho, sabe dar a volta por cima e, também saber fazer festa, pois nossas festas são referências nacionais.
Meu texto anda em zigue zague, não linear; meu modo de escrever é isso, não há um objetivo claro, e quando vem as mensagens de fora, enriquecem, ilustram tornando ainda mais necessário jogar palavras no texto.
Gosto de escrever, extravasar, mostrar as coisas lindas que aparecem ao meu redor, como um observador que compreende que tudo é inesgotável, assim funciona o discurso, solto e feliz, ao som do saxofone e com as fotos.
Busca do aperfeiçoamento pela escrita.
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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