Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
Escrevo na manhã de sexta feira santa, ao som do violino (Paganini), na tranquilidade e conforto de minha casa, prática e aconchegante, “perto de tudo”, em Itajaí.
Sou um privilegiado, posso ir caminhando ou de bicicleta até a Igreja Matriz, participar da liturgia da morte e paixão na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, rezar, meditar e pedir a compaixão e misericórdia divina, diante de nossa absoluta fragilidade humana, pois, “somos pó e ao pó voltaremos”.
Estamos diante do recrudescimento da pandemia, o pico das estatísticas de mortes diárias, cada vez mais gente próxima, nomes conhecidos, vidas preciosas sendo ceifadas, uma média diária superior a três mil óbitos, uma tragédia nacional. Sairemos dessa situação, certamente, assustados, traumatizados e aliviados, por ainda dispormos de mais um tempo de vida, tempo de aprendizado e de busca de alternativas, soluções para os macro problemas, correções de rotas, humildade para aprender a viver uma vida simples e prenhe de espiritualidade, senão “a vaca vai pro brejo”.
Gosto de utilizar expressões populares em meus textos, procurando inseri-las no contexto do microcosmo que mergulho, repleto de contradições e também vislumbres de novos caminhos que a arte de escrever possibilita.
Aparentemente, meu estilo é mais memorialista, um olhar de retrovisor, porém, busco, ao meu modo, novas trilhas, novos leitos para extravasar a força das ideias, novas e tradicionais, comuns a todos nós, humanos. O Futurismo me atrai, ficções científicas, utopias, pois, afinal de contas sou fruto da educação salesiana e, sabemos que Dom Bosco previu a construção de Brasília, quase cem anos de antecedência. Também como católico, cristão, estou impregnado dos novíssimos tempos, o Apocalipse, as profecias do profeta Daniel, na volta gloriosa do Messias.
Lembro-me bem, na minha infância, na avenida Joca Brandão, quase ao lado da minha casa de um templo Adventista, centralidade no sábado, de um filme, ou slide, cujo tema era o fim do mundo. A gente espiava, não sei se no fundo, ou ao lado no terreno da dona Agair Bonanomi, que produzia pipocas, ao som dos tiros de canhão.
As imagens eram referentes á profecia de Daniel, uma estátua gigante, formada de vários materiais, ouro, prata, ferro, e os pés de barro, simbolizando as diversas nações. De repente, uma pedra gigante, desmontou toda a estátua, todas as civilizações ruíram e o mundo acabou.
Essa imagem permaneceu por muito tempo na minha mente curiosa e saudável e, a partir daí, o pensamento escatológico, teleológico, a fantasia do fim.
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Por outro, lado, sempre me atraiu as possibilidades do “aqui e agora”, viver o presente, valorizar cada respiração, agradecer sempre o benfazejo oxigênio que nos preserva a vida.
Por isso, penso que todo o projeto civilizatório, o que sobrar dessa terrível pandemia, deverá necessariamente valorizar as coisas simples da vida, modernas técnicas de planejamento social que garantam o elementar, água, oxigênio, comida simples e saudável para todos nós, seres viventes.
Não, necessariamente, um novo Éden, porém, uma Civilização menos egocêntrica e suicida, e sim, muita cultura e tolerância entre os mortais.
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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