Opinião do economista Célio Furtado: SEMANA DA PÁTRIA

0
1316
economista Célio Furtado:

*Célio Furtado
Economista e professor da Univali
celio.furtado@univali.br

Semana da Pátria, momento importante nesse início de setembro, sempre um convite à reflexão sobre a condição atual. O gosto pela Pátria nos vem desde a infância, na família, na nossa formação inicial, passando pelos bancos do Grupo Escolar Victor Meirelles, em Itajaí, espaço privilegiado de aprendizado e preparação para a vida.

Agradeço inicialmente o generoso espaço concedido pelo combativo jornalista Adilson Pacheco, um apaixonado pelas questões náuticas, sabedor do enorme potencial de nosso litoral. O gosto pela Pátria, ou melhor, o patriotismo, o autêntico e generoso amor à nossa terra, nossa gente, nossas tradições; uma herança que somente nos deve orgulhar e estimular em todos os brasileiros a motivação para servir.

Quando leio e vejo o empenho do amigo Adilson Pacheco em divulgar os eventos náuticos, sua atenção permanente a este importante tema, percebo um interesse legítimo em conscientizar as pessoas para a vastidão dos mares, um convite para refletirmos sobre a importância de sermos brasileiros, abertos para o mundo. Nesta vasta teia de interconexões de nações, povos e comunidades, devemos encontrar sempre a luz que é refletida do imenso esforço de termos uma aldeia global guiada pela fraternidade e no empenho de conservar a Humanidade.

 

Talvez esse artigo esteja impregnado de um forte idealismo e, possivelmente, pouco “pé no chão”, pois vivemos numa selva, onde segundo Hobbes, o homem é o “lobo do homem” ou numa refinada ironia de um pensador alemão, “cada um por si e Deus contra todos”. As queimadas recentes na Amazônia brasileira desencadearam uma forte reação internacional, de um modo mais acentuado no mundo europeu. Um crime ecológico, uma tragédia ambiental e um desgaste irrecuperável na imagem do atual Presidente da Republica, um homem nitidamente despreparado para o comando de nossos destinos. Naturalmente que isso se reflete nas pesquisas de opinião, porém isso é apenas uma pontinha no panorama interno, pois, Bolsonaro está jogando fora um capital de prestigio inicial, impressionante e invejável para qualquer homem público. Em meio ano de governo, já está explicito a dificuldade do atual governo em se comunicar adequadamente com a totalidade da opinião pública culta e instruída, insistindo em “ se nivelar por baixo”, com baixarias, expressões toscas e, agora, atraindo uma antipatia global.

Afinal estamos na plenitude da globalização onde a informação é instantânea e a consciência ecológica é muito acentuada nos corações e mentes da população mundial. A economia ainda está estagnada, com pequenos indicadores de crescimento diante de um mundo turbulento marcado pelas relações conflitantes entre os Estados Unidos e a China, a crise interna na Argentina e a incompetência gerencial do governo Bolsonaro com dificuldade em articular uma união nacional.

Bolsonaro estimula o ódio e a divisão interna, acentuando uma polarização ideológica extremamente prejudicial à vida nacional. Isso certamente reflete nos agentes econômicos, na decisão de investir, ainda que a certeza da reforma da Previdência, um projeto inicial do governo Temer, represente uma forte “luz no fim do túnel”.

Aproveitemos a Semana da Pátria para pensarmos o Brasil !


*Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br


NR: Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.