Paulo Bornhausen- Uma década de grandes avanços e conquistas

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Paulo Bornhausen /Presidente do Conselho Consultivo do InovAMFRI
Paulo Bornhausen /Presidente do Conselho Consultivo do InovAMFRI

Paulo Bornhausen
Presidente do Conselho Consultivo do InovAMFRI

Santa Catarina começou a década se deparando com uma encruzilhada. Ou continuava dependente de um modelo econômico que garantiu o sucesso do estado por anos, mas que já apresentava sinais alarmantes de esgotamento. Ou buscava um novo caminho que permitisse aos catarinenses manter o ritmo de crescimento que nos levou aos melhores índices de qualidade de vida do Brasil.

Em 2011 aceitei o desafio de buscar um novo caminho ao assumir a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável para coordenar a área responsável pelas políticas públicas de estímulo ao empreendedorismo e inovação. O primeiro passo foi traçar um diagnóstico completo da situação e dos cenários futuros. Logo o caminho a seguir ficou claro: investir em inovação, tanto nos setores tradicionais quanto promovê-la em setores estratégicos.

Os resultados, vimos nos últimos anos. A crise nos atingiu com força. Mas nossa situação é de longe melhor do que a dos demais estados. O desemprego continua s mais baixo do país, os investidores mantêm Santa Catarina no topo da lista dos lugares pra investir, a economia já voltou a crescer e as exportações subiram. Três setores se destacam – a inovação, o automotivo e o náutico, e colhem resultados plantados há quase dez anos.

A cultura da inovação em Santa Catarina está mais forte do que nunca. O pensamento inovador se estende por todas as regiões. Os 13 Centros de Inovação ainda não estão todos em operação, o que não impediu que a sociedade, universidades e empreendedores de todo o estado buscassem alternativas de fomento à inovação em suas regiões.

Na Região da Foz do Itajaí, o conjunto das forças locais levou ao Projeto InovAMFRI, iniciativa de planejamento regional para os próximos 25 anos que tem a inovação em seu DNA. As ações planejadas no InovAMFRI têm tomado forma. O BID garantiu investimentos para aprofundar os estudos do projeto de mobilidade regional. A Itajaí Participações busca parceiros para a construção do Distrito Regional de Inovação. O Centro de Inovação aguarda os últimos ajustes para abrir as portas ao público. A UFSC iniciou uma série de atividades para estimular a cultura da inovação em todos os municípios. É um caminho sem volta.

O setor automotivo era periférico em Santa Catarina. Tínhamos o segmento de autopeças e a fábrica de motores da GM. O cenário mudou com a inauguração da fábrica de BMW em Araquari em 2014. Conquistamos não uma montadora, mas a mais inovadora de todas. Ao trazê-la garantimos bons resultados até hoje. A crise não fez com a BMW colocar o pé no freio. No final do ano passado, a empresa anunciou uma nova expansão, com investimento de R$ 125 milhões. Mais um modelo de automóvel será montado na planta catarinense, que responde por cerca de 70% dos carros da marca vendidos no Brasil.

Desde 2014, a BWM acumula investimentos de aproximadamente R$ 1 bilhão em sua operação em Santa Catarina, onde já produziu mais de 50 mil carros. Foram abertos centenas de empregos e outros tanto milhões de reais em impostos – também pela importação de peças e veículos via Complexo Portuário de Itajaí e Itapoá – gerados para o Estado a partir um setor que há dez anos era restrito e que ainda deve trazer muitos resultados se políticas públicas estratégicas tomarem forma.

Se o setor automotivo não existia no começo dos anos 2010, o setor náutico há muito tempo representa o empreendedorismo dos catarinenses. Hoje segue a passos largos para um novo momento. A vitória do Consórcio Águas Azuis – do qual o Estaleiro Oceana, de Itajaí, faz parte – para a construção de corvetas para a Marinha brasileira trará quase R$ 6,5 bilhões em investimentos, dois mil empregos diretos e, possivelmente, outros seis mil empregos indiretos para Itajaí e vizinhança. É a volta por cima da indústria naval da Região de Itajaí após as expectativas frustrados com o pré-sal.

Capital do Turismo Náutico, Itajaí se tornou parada da Ocean Race por três edições extremamente bem-sucedidas. Esta foi outra conquista que demandou muito trabalho e pulso firme da equipe de prospecção, da qual me orgulho ter feito parte, no começo da década. O sucesso retumbante da primeira edição 2012 abriu caminho para as edições de 2015 e 2018. A última edição atraiu 400 mil visitantes para Itajaí e rendeu R$ 83 milhões em negócios para cidade e para o Estado. O desafio agora é não perder a próxima parada da Ocean Race em 2021. Inicialmente resistente, o Governo do Estado compreendeu a importância do evento e agora se organiza para manter Itajaí como o porto brasileiro do Ocean Race.

Estes três destaques do desenvolvimento econômico de Santa Catarina não estão sozinhos. Foram dez anos de grandes avanços e conquistas. Só não foi melhor devido à crise econômica que atingiu a todos. Resistimos por mais tempo e estamos demonstrando mais fôlego na retomada do que outros estados.

Em muito graças ao empreendedorismo do povo catarinense, que sempre soube agarrar oportunidades e superar desafios.