*Célio Furtado
Economista e professor da Univali
celio.furtado@univali.br
Li, recentemente, o artigo intitulado “Trump e o Ocidente”, de autoria de Ernesto Araújo, nos Cadernos de Política Exterior, ano III, nº 6, segundo semestre de 2017, pag 323 a 358. Algumas considerações sobre o meu interesse nesse texto, minha motivação em comentá-lo, dentro dos limites do artigo de jornal. Ernesto Araújo, nascido em 1967, será o futuro ministro das Relações Exteriores do governo Bolsonaro.
Um diplomata do Itamaraty com relevantes serviços prestados ao governo, dotado de um privilegiado curriculum e com invejável cultura, fato normal nos servidores públicos que estudaram no Instituto Rio Branco. Naturalmente, interessa a todos os rumos da nossa política externa, como o Brasil vai se relacionar com a comunidade internacional, pelo menos, nos próximos anos. Estamos saindo de um padrão de politica externa, inspirado nas concepções do PT, Partido dos Trabalhadores, orientado para uma visão mais aberta e de apoio aos países mais pobres, de viés socialista e populista. Nesse sentido, apoiamos a Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e diversos países africanos. Se isto foi positivo, a História julgará, porém, em curto prazo, perdemos dinheiro e nos desgastamos aos olhos de outras potências capitalistas.
Lendo o referido artigo, pude conhecer melhor o pensamento do futuro ministro, e, consequentemente, as ideias do próximo presidente Bolsonaro, uma visão de direita mais explícita e um atrelamento automático aos ideais do presidente norte americano. Algumas sinalizações já ficaram visíveis nas recentes questões dos médicos de Cuba, assim como a desistência do Brasil em sediar a Conferência do Clima e também nas falas do Bolsonaro. Porém, a leitura do artigo mostra um intelectual de primeira grandeza, com uma compreensão do contexto internacional, intérprete do pensamento do Trump, uma concepção em defesa do Ocidente. O artigo foi escrito em torno de um discurso proferido por Donald Trump, em Varsóvia, na Polônia, no ano passado, um recado explícito da necessidade do Ocidente tomar consciência dos perigos que rondam a nossa civilização, marcada por uma nítida e visível decadência.
Faz um interessante traçado da história do Ocidente, ameaçado militarmente por outras civilizações, sendo que agora a maior ameaça é de ordem ideológica, cultural e espiritual. Há uma perda de sentido de nossa história, da preservação dos nossos valores, e de um modo específico da desagregação da família, perdendo-se o sentido da civilização cristã. Trump afirma que o Ocidente precisa desesperadamente de Deus !
A vitória eleitoral do Trump mexeu com os valores da sociedade norte americana.Há um cansaço do excessivo liberalismo, da permissividade nos meios artísticos e culturais, sem falar na decadência das universidades, que, certamente, perderam o seu rumo.
O autor traz o debate para o contexto brasileiro, sobre a atual realidade nacional. Nós, brasileiros, perdemos o sentido do Ocidente, que já fomos a Terra da Santa Cruz, fruto de um sonho esotérico dos portugueses, da Escola de Sagres, da Ordem de Cristo, do sonho do Infante Dom Henrique, um herdeiro cultural dos Templários.
Vale a pena o artigo, uma sugestão para essas férias !!!
*Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br