Coluna Náutica com Capitão MOY Guilherme Sucena : Regata Volta Ilha Floripa

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guilherme

 




 




 

 

 

Neste final de semana que passou corri a regata Volta Ilha de Florianópolis. Todas as expectativas de tempo ruim se fizerem presentes. Sabíamos que iria chover e o vento seria fraco e rondando sempre o que se confirmou. Foi ruim então? Longe disso. Regata técnica decidida nas rondadas e entradas do vento.

A largada foi dada às 10.00 horas no pé da ponte que liga Floripa ao continente. Já na largada o vento estava fraquinho. Largamos praticamente boiando fugindo da correnteza para não batermos na boia.

Eu velejei no Manos Champ, um 43`muito rápido e vencedor de várias regatas de volta a ilha inclusive sendo o recordista da volta com pouco mais de 8 horas para velejar as 65 MN.

Largamos mal, largamos em sexto ou sétimo lugares e até sairmos pelo canal da Barra Sul já estávamos em quarto lugar após ultrapassarmos o novíssimo Neo 38’, no vento de popa. Pouco vento, 10 nós mais ou menos, mas constante. Vela Grande e Genoa 1 leve.

Deixamos as Ilhas 3 Irmãs já no contra vento. Passando a ponta da Lagoinha os barcos que estavam na ponta da regata começaram a velejar com estratégias diferentes. 4 deles aterraram velejando para perto da ilha. Nós decidimos continuar com o bordo para fora aonde vimos ter mais vento que aterrado. A cada bordo víamos que nos aproximávamos dos primeiros colocados e ao passarmos pela ilha do Campeche confirmamos que nossa estratégia foi acertada. Os outros barcos já estavam encalmados e pouco podiam fazer para sair daquela situação de vento fraco e ondas onde se encontravam. Continuamos com o bordo para fora deixando a Ilha do Xavier por BB até termos barlavento suficiente para fazermos a Ponta da Galheta. Nesta altura estávamos bem na frente dos demais barcos. Sabíamos que a ainda faltava muita regata, mas a alegria a bordo era imensa pela regata de recuperação que havíamos feito. Navegamos mais por fora deixando a Barra da Lagoa e praia do Moçambique bem longe até aterrarmos já no final da praia perto da ilha das Aranhas.

 

 

guilherme

Estávamos tranquilos, com uma boa vantagem sobre o 2º. e 3º. lugares até que o vento parou totalmente. Estávamos perto da praia, acompanhando o surf da gurizada. Foram 3 horas sem vento algum deixando-nos muitas vezes em perigo em função da correnteza e das ondas. Bordo para fora, bordo para dentro, barco totalmente sem leme girando feito um peão. Os barcos mais próximos estavam longe ainda mas podíamos vê-los pelas velas escuras. Chovia bastante nesta hora o que tronava mais dramática a espera pela definição do vento.

Sabíamos que estávamos na berlinda. Se o vento entrasse pelo mar, provavelmente, abriríamos mais ainda, mas se o vento viesse terral os barcos chegariam com muita facilidade em nosso barco, eles viriam com o vento. Algum tempo depois, ao olharmos a situação vimos o Zeus e o Katuana andando muito rápidos na nossa direção. Chegaram e nos passaram sem nenhuma dificuldade. Eles velejando em um canal de vento e nós, há poucos metros deles, totalmente parados. Alguns minutos depois o ventos chegou para nós também, mas ai já ara tarde. Eles velejaram muito bem e não os vimos mais.

Até este ponto, perto das 18 horas ainda chovia. Com o cair da noite a coisa mudou, abriu-se uma noite linda com uma lua que clareava o barco com se houvesse uma luz a nos iluminar para ajudar-nos nas manobras. Foi hora de tirar as roupas úmidas das 10 horas de chuva sobre nossas cabeças.

Com o Zeus e o Katuana nossa frente nada nos restava a não ser velejar e tentar buscá-los.  Deixamos a ilha do Francês por BB também velejando com balão e com pouco vento até que parou tudo novamente. Nosso balão murchou novamente e ai ficou impossível recuperarmos nossa posição frente aos dois primeiros colocados. Fomos nos arrastando, andando 5 nós no máximo. Mesmo perto da chegada, na base da Ponte Hercílio Luz, ainda não tínhamos certeza de cruzá-la.

Perto das 03.00 horas cruzamos a linha de chegada, quase 15 horas de regata. O Zeus foi o fita azul com katuana em segundo e o Manos Champ em terceiro. Ainda havia muitos barcos para chegar. Houve barcos que chegaram depois do meio dia de Domingo.

Ao chegarmos no clube fomos recepcionados com um sopão bem quente, frutas e um bom banho também.

Valeu a tripulação do Manos Champ e ao Comandante Avelino. Parabéns a todos os velejadores, comissão de regata e a equipe de apoio que esteve sempre perto dos velejadores, quer no bote acompanhando-nos ou no VHF orientando a todos.

Bons ventos a todos