Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
Escrevo nessa noite fria enluarada de domingo, após a Santa Missa na Igreja Matriz. Como de costume, ouço jazz saxofone (Coleman Hawkins) e penso descompromissado, tranquilo, tentando reorganizar as minhas ideias.
As eleições já passaram, resultados consolidados e reconhecidos, porém, as manifestações continuam pelo menos aqui na minha cidade.
Não me sinto motivado para falar no assunto apenas chama a atenção algumas faixas no muro da Marinha pedindo intervenção militar.
Imagino que muitas pessoas envolvidas não tenham consciência do que estejam pedindo, não sabem, de fato, o que é uma Ditadura Militar.
Imagino que estejam muito magoadas e decepcionadas com a derrota do seu candidato presidencial e, com o tempo, aposto que o movimento vai ser arrefecido e todos voltaremos ao novo normal.
Estamos mergulhados em um mundo turbulento com muitas ameaças concretas, principalmente, oriundas da instabilidade europeia, mais especificamente da questão da Ucrânia e da reinvindicação de Taiwan pela China comunista, algo que mais cedo ou mais tarde irá acontecer.
Falo de uma anexação bélica ou diplomática, uma obsessão chinesa.
Sabemos que o após pandemia gerou uma nova formatação da cadeia produtiva internacional, além de secas e problemas de bloqueios de fornecimento no leste europeu.
Corrida para o dólar, aumento dos juros para frear a inflação, um cenário mais inseguro, o que poderá reduzir as compras de nossos produtos.
Temos uma boa reserva internacional, e, com a eleição limpa e definida no Brasil, teremos, a partir de janeiro, um novo governo mais bem aceito e respeitado na comunidade internacional.
Há uma expectativa muito otimista quanto ao desempenho do governo Lula, principalmente, pela escolha de uma equipe na área econômica financeira, experiente e de alto gabarito, com muita respeitabilidade técnica e política.
Um governo tecnicamente competente e com uma grande sensibilidade social e ambiental.
Os problemas gerados pela oposição mais radical e direitista serão absorvidos no decorrer desses quatro anos de governo.
Esse novo ímpeto desenvolvimentista não pode permitir arruaças, rodovias bloqueadas e tumultos urbanos repetitivos, isso não interessa à grande maioria do povo brasileiro, muito menos à classe empresarial.
Como engenheiro, formado numa concepção desenvolvimentista e nacionalista, penso que temos que reverter a desindustrialização, fomentado ainda mais as micro e pequenas empresas, aumentado as encomendas governamentais e estimulando a inovação tecnológica.
Com a confiança no novo governo, as Universidades terão novo impulso em sua produção cientifico tecnológica e de um modo acentuado na relação com as empresas, sendo fundamental a clássica transferência de tecnologia, um dos pilares do desenvolvimento econômico.
Não podemos simplesmente nos abrir ao mundo, sem ressalvas, de acordo o receituário ultraliberal.
Nossa soberania passa necessariamente por uma defesa sólida e dinâmica à indústria nacional.
Voltando ao meu espaço local, vejo com muita alegria e entusiasmo o enfeite na avenida Joca Brandão, onde moro, com uma iluminação exuberante, anunciando que teremos um Natal repleto de esperança e de otimismo.
Temos uma grande obra pela frente, e, a nós, professores intelectuais, profissionais do conhecimento devemos ter em mente o foco em um Brasil otimista!
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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