OPINIÃO DE CÉLIO FURTADO  : OUTUBRO CÍVICO

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Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br

Escrevo neste início de outubro, primavera, na expectativa de festas e descontração e, certamente, da vitória da democracia. Quando falo de vitória democrática falo da normalidade institucional, sem golpes, sem tumultuar o processo eleitoral e o respeito ao resultado, favorável a alguns e decepcionantes para outros.

Muitos leitores apreciam o meu estilo de escrita, simples e normalmente objetivo. As escolhas políticas devem ser respeitadas e obedecidas, esse é o modo de funcionamento das democracias modernas, base da civilização contemporânea. De fato, cada pessoa é um universo, fechado e misterioso, e quando a votação acontece, está explicita uma escolha ideológica consciente, um exercício do poder pessoal, íntimo e absoluto.

A concepçãoo ideológica dominante manifestou-se com clareza, uma inclinação acentuada para a direita; no primeiro turno, o bolsonarismo foi vitorioso e Bolsonaro foi derrotado por uma diferença de seis milhões de votos.

Vamos aguardar o segundo turno, acirrado e, possivelmente e muito tenso. Na verdade, gosto dos temas do futuro, das previsões, das tendências, confio bastante nas amostragens e pesquisas, e, de vez em quando, escrevo algo do tipo “análise de conjuntura”.

Os cenários me atraem sim, dentro de uma perspectiva realista, pois sabemos dos limites da condição humana, e, certamente, da racionalidade limitada. De fato, compreendo os limites, respeito os diferentes pontos de vista, e aprecio uma boa conversa, respeitosa e que ofereça reciprocidade.

Gosto da linguagem popular, a sabedoria das pessoas simples, ainda que não podemos ficar prisioneiros ao senso comum. Lendo os manuais da Ciência Política, os clássicos, sinto-me convidado a comentar, sem cair no saudosismo, no passadismo e, sim, observar a curva, a projeção para o futuro e a inexorabilidade do tempo.

Escrevo simplesmente por escrever, talvez para deixar registrado algumas pistas para os meus descendentes, alguma característica, algum detalhe da vida, porém, como está escrito “Vaidade de vaidade, tudo é vaidade”, pois, certamente, “nada de novo na face da terra”.

Porém, um intelectual tem compromisso com o seu povo, com a sua gente e, como se diz: “ai de mim se eu me calar”.

 

A política mexe com as nossas emoções, sacode os nossos valores pessoais e, cada vez mais, tem a característica de “briga de torcida”, ondas humanas manipuladas pelas poderosas tecnologias midiáticas.

Ainda estamos num estágio pré-revolucionário, de consciência de massa, tanto objetiva como subjetivamente, não atingimos o ponto da “big Explosion”.

Temos grandes desafios globais de redução de pobreza e miséria, e, principalmente de oferecermos um futuro para as novas gerações, a juventude desempregada que nem estuda e nem trabalha.

Não sou um doutrinador, longe disso, porém recomendo que se cultive o passado e que, sempre que possível, haja uma articulação, passado/futuro, uma dialética necessária à criatividade humana, sempre dentro da normalidade democrática.

A conquista da democracia brasileira foi um processo difícil, com marchas e contramarchas, dentro de uma “distensão lenta, gradual e segura”, até atingirmos a histórica “Diretas Já”. Não podemos pensar em retrocesso político, em quebra da normalidade democrática, a sobrevivência da identidade brasileira, fraterna e democrática.

Outubro cívico.

Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br

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