Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
Escrevo nesta manhã, ouvindo canto gregoriano, uma fonte permanente de inspiração para a oração e meditação, uma tradição que remonta à Idade Média e sobrevive, sempre forte e atual, mexendo nos corações e mentes das pessoas.
Gosto das coisas reais e concretas, do que surge, do momento presente, pois é aí que respiramos e vivemos e, certamente, batalhamos o “pão nosso de cada dia”.
Nós, mortais, não podemos adiantar ou atrasar um minuto sequer da nossa existência, no exato momento em que estamos, como diz o poeta, “no ar, antes de respirar”.
Todos nós temos inclinação filosófica e eu admiro as pessoas que leem Heidegger, o filosofo alemão (1889-1976) que diz que “estranhos tempos esses em que ainda não aprendemos a pensar”.
Sim, de fato, mal nascemos já estamos condenados a morrer, somos empurrados para o nada, ou para a vida eterna, de acordo com a crença de muitos, de modo que é necessário vencer o mundo.
Sempre que me ocorre algumas ideias filosóficas o rádio me ajuda tocando musicas com letras simples, porém, com um rico significado subjacente, implícito e explicito também.
Uma dessas canções diz o seguinte: “foi um rio que passou na minha vida e o meu coração se deixou levar…). Essa letra me remonta ao inicio dos anos setenta, e sempre me vem a dúvida se é “rio” ou “Rio”, fazendo alusão ao Rio de Janeiro, a “Cidade Maravilhosa”.
Curiosamente nunca vi um rio no Rio de Janeiro, a não ser o extinto rio Maracanã, do qual eu vi uma enchente fabulosa, depois de um jogo Vasco e Botafogo em 1971.
Olhando os mapas antigos do Rio, encontramos vários rios que se transformaram em canais subterrâneos, cobertos, como acontece com as grandes cidades e também a nossa Itajaí, onde os antigos tomavam banho e pescavam no Ribeirões da Caetana e da Murta, isso na primeira metade do século passado.
Voltando à canção a letra me ocorre à mente também, o impacto que a Cidade Maravilhosa me provocou, na minha juventude, pois sou muito grato e respeitoso à vida que levei, contrariando o sambista que diz “deixa a vida me levar, a vida leva eu …”
Gostava da engenharia do Rio de Janeiro, viadutos, prédios, monumentos, casas antigas, praças e contemplava o esforço de concepção e execução do Pão de Açúcar e Corcovado.
Também presenciei a vitória da técnica na construção da ponte Rio Niterói, e, posteriormente, as obras do metrô carioca, tudo baseado nas leis de Newton, do equilíbrio e da Isostática.
Gostava de conversar com veteranos engenheiros, professores, gente que participou da construção do Maracanã, a corrida para ficar pronto e disponível para a Copa do Mundo de 1950, onde o Uruguai nos humilhou.
Como estudante de Engenharia ainda utilizei as réguas de cálculo, um instrumento fascinante, o poder do cálculo nas tuas mãos, basta saber usar o cursor.
Depois vieram as maquininhas de calcular, poderosas e irreversíveis, inicialmente muito caras e, depois, super barata, disponíveis nas lojas 1,99, tendência dominante!
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br