Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
Escrevo, nesta noite tranquila, ouvindo o violão de Raphael Rabello (1962-1995), final de Carnaval, inicio de março, alegria geral e como se diz: “pra tudo se acabar na quarta feira”.
Sou um privilegiado, moro no litoral, mais especificamente em Itajaí, uma cidade especial e, além do mais, de bicicleta chego em quinze minutos na praia da Atalaia, tomo banho e vejo os navios, um símbolo forte da prosperidade econômica.
Gosto de ver um navio em movimento, sua carga, o equilíbrio e a elegância, simbolizando também a liberdade pois o oceano é livre, e, em principio todos os portos estão disponíveis.
A visão dos navios nos desperta inúmeras reflexões, a importância da Escola de Sagres no século XIV, o Infante Dom Henrique e toda ciência possível, disponível naqueles tempos gloriosos do império português, as caravelas, a bússola, a coragem daqueles homens de aço. Coragem e bravura e nas velas a cruz de Malta, o símbolo da fulgurante Ordem de Cristo.
Também a imagem dos navios, entrando e saindo pela boca da barra, nos indaga sobre o futuro do comércio internacional, o livre trânsito pelos mares, pois sabemos que na guerra os bloqueios e ataques aéreos e marítimos são inevitáveis.
Vivemos nessa semana de Carnaval o receio de uma guerra maior, uma quase possível terceira guerra maior, mais fulminante e fatal do que as anteriores.
Já escrevi alguns comentários em artigos anteriores e vejo que a opinião pública dominante apoia a Ucrânia e condena a Rússia. Naturalmente, todos queremos a paz e que nenhuma vida se perca nesses combates, porém, sabemos que a guerra obedece a outras lógicas.
Ainda no tema dos navios e pensando no conforto da praia da Atalaia, com a minha Zica, pneus cheios, corrente esticada, freio de pé, eu penso que Vladimir Putin é um patriota; está cumprindo um objetivo maior, a segurança futura e a própria sobrevivência de seu país.
Dentro disso, é fundamental uma saída confortável pelo Mar Negro, navegar pelo Mediterrâneo, atravessar o estreito de Gibraltar e navegar livre e soberano pelo Oceano Atlântico.
Dentro dessa compreensão geopolítica, a Ucrânia é super estratégica para os seus interesses, e Putin afirmou, publicamente, em várias ocasiões, na linguagem corriqueira da nossa gente: “escreveu, não leu, o pau comeu”.
Putin vem demonstrando um controle total da situação, tem um exército poderoso e um serviço de informação e espionagem admirável, de modo que sabemos que “informação é poder”.
Nós, brasileiros, devemos e podemos aprender com esse novo quadro internacional, pois lembro o dito popular “quando se vê a barba do vizinho ferver, coloque a sua de molho”, ou seja, temos que ampliar o nosso poder diplomático, notável e engenhoso, respeitado até pouco tempo, como de altíssima qualidade.
Dialogar com todas partes, compreender a nossa fragilidade relativa em termos de orçamento militar e apostar todas as fichas no desenvolvimento econômico, recuperar a produtividade e reverter a desindustrialização. Antes de tudo, recuperar a paz interna e reconstruir um novo Brasil, “gigante pela própria natureza”.
É o caminho !
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro.
Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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