OPINIÃO DE CÉLIO FURTADO : SEMANA

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Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br

Escrevo, na tranquilidade de minha casa, uma noite calma, após a chuva, ouvindo música clássica, “Adágio”, Albinoni (1671-1750), Veneza.

Tenho o hábito de citar o compositor, sua época, sua obra, bem como o contexto real de sua existência.

Não se trata de nenhuma sofisticação, apenas uma referência aos clássicos, a força da música no espírito, as “viagens no tempo” e, nesse caso, uma reverência à Sereníssima Republica de Veneza, um paradigma importante no meu pensamento político atual. Desperta a atenção de todos que se dedicam ao tema, a incrível competência politica dessa pequena cidade, composta de cento e vinte ilhotas, que no decorrer dos séculos, consolidou-se como uma célebre referência de riqueza, foi um dos polos de poder no mar mediterrâneo.

Reunindo uma habilidade política notável, estabelecia uma relação comercial pragmática com todo o mundo existente, inclusive com a China (Marco Polo), conseguiu acumular uma fortuna imensa, criando os bancos, antecipando a modernidade.

Falo de um período de mil anos, dez séculos, onde o símbolo do leão, do evangelista São Marcos, singrava os mares, comprando e vendendo, adquirindo tudo que tivesse um valor de troca.

Algumas características guardo de cabeça do modelo veneziano:

1) uma unidade política, uma república em torno do Doge, 2) um serviço de inteligência e de informação, articulado com um corpo diplomático moderno e eficaz,

3) um poder naval baseado em estratégias inovadoras de combate e de um arsenal/ estaleiro invejável, antecipando os modelos atuais de Engenharia Naval e de Produção.

Poderia descrever muitas coisas sobre Veneza, porém está tudo disponível, muita fartura de informação, se eu puder contribuir, sugiro o documentário “La Nobleza Negra, Venecia/ em espanhol, de Jorge Guerra, no Youtube.

Tenho outros assuntos para esse texto, tais como a tragédia de Petrópolis, uma bela cidade histórica, perto da cidade do Rio de Janeiro. Lamento as vítimas, os flagelados e tanto sofrimento acumulado, enormes danos materiais.

Não se trata necessariamente de uma tragédia anunciada, porém, basta ver a fragilidade geológica, morros, invasões indevidas, um planejamento urbano precário e, certamente, a força da mãe natureza. Quando eu morava no Rio de Janeiro dei aulas na UCP, Universidade Católica de Petrópolis, para um curso de pós-graduação em Engenharia da Qualidade, isso em 1988, uma experiencia gratificante, ia e voltava, com o meu fusca, subindo e descendo aquela serra, sempre com muita neblina, um caminho perigoso, sempre, de um modo mais acentuado à noite.

Diante da notícia dessa tragédia em Petrópolis, todo esse “filme” me vem á mente, lembranças de um tempo do meu idealismo e na crença que a Qualidade Total seria um ingrediente fundamental para a construção de um grande país. Ainda vivíamos impressionados pelo sucesso do “milagre japonês”, com a disseminação do espirito da qualidade e inovação e na busca quase obsessiva pelo “zero defeito”.

Hoje vivemos a fase da desindustrialização, com o visível desprestígio da indústria nacional, uma atitude acanhada diante do desempenho de outros países.

Podemos e devemos reverter esse quadro, tenho firme esperança em nosso futuro grandioso.

 

Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro.

 Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br

 

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