Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
Escrevo nessa tranquila manhã de Domingo, na simplicidade de minha casa, ouvindo música (marchas soviéticas) e pensando na vida bem vivida, um presente de Deus.
Gosto dos hinos e marchas soviéticas, cantos explicitamente de ordem militar conclamando as pessoas à grande luta e, de um modo mais direto, rumo à vitória.
Naturalmente, a motivação por essa modalidade de música, cantos dos quais não entendo nada, são cantadas na língua russa, é apenas curiosidade estética, assim como uma incursão histórica no que se denominou “guerra fria”.
Minha geração cresceu e se multiplicou durante a guerra fria, um confronto permanente entre as duas grandes potências militares, aliás, superpotências, Estados Unidos e União Soviética.
Havia, naturalmente iniciativas em uma terceira força, porém nunca vingou o que se denominou “terceiro mundo”.
Assistimos pelo menos duas derrocadas, de ambas as partes; o fracasso dos Estados Unidos na Guerra do Vietnam e, por outro lado, o desmonte da União Soviética, fatos impensáveis pela maioria dos analistas.
A União Soviética passou por um desmonte enorme, aparentemente irreversível, porém, hoje temos a força e o carisma de Vladimir Putin, uma personalidade que merece todo o respeito, pelo menos, para os que pensam a geopolítica.
Os Estados Unidos, apesar do Vietnam, continuam fortes e poderosos e atentos e temerosos diante de um inimigo/adversário competente e compenetrado na luta, ressuscitando o que se denomina “poder amarelo”.
Muita gente apressada diz que o comunismo é “coisa do passado”, porém, todos sabemos e fingimos não saber que a China é comandada pelo poderoso Partido Comunista. Concordo que devemos olhar para a frente, pensarmos em alternativas democráticas e resistir à toda investida de tirania, totalitarismos de esquerda e de direita e criarmos um ambiente mais favorável às novas gerações, filhos e netos e assim por diante.
A terrível pandemia que ainda nos aflige empurrou multidões para o isolamento de seus lares, alterou hábitos e provocou em muitos corações e mentes indagações sobre o mundo em que vivemos.
Milhares de mortes, tais como as antigas pestes que assolaram a humanidade necessariamente provocarão mudanças em hábitos e valores e ficou visível a importância do Estado, do poder nacional e da solidariedade entre os povos.
O neoliberalismo triunfante, até então, sofreu um abalo e tem demonstrado que é incapaz de oferecer soluções concretas contra a miséria humana, mostrou-se elitista e concentrador de riqueza; não resolveu a fome!
Penso também que as tecnologias digitais criaram obstáculos enormes ao desenvolvimento de uma consciência crítica, principalmente, pela disseminação das fake News, promovendo uma devastação quase irreversível no pensamento dominante, bombardeado diariamente com conteúdo que distraem o povo e incrementam aquilo que se denomina de alienação.
Gosto dessas músicas, não apenas saudosismo, mas, principalmente como inspiração para o pensamento, articulando memória histórica e mudanças de rumos diante da possibilidade de construção de “utopias factíveis”, acreditando numa solução humana, terrena, para os nossos enormes problemas.
O desafio sempre presente é promover o desenvolvimento, a justiça social e, ampliar, necessariamente, as liberdades democráticas para a sobrevivência da Humanidade.
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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