OPINIÃO DE CÉLIO FURTADO : INFÂNCIA/LEMBRANÇAS

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Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br

Escrevo nessa manhã de outono, após a chuva forte e com a chegada sutil do frio, um breve anúncio do inverno que promete ser rigoroso. Sinto-me um pouco mais aliviado com a segunda dose de vacina, um privilégio que deve ser estendido a toda a população brasileira, com toda o senso de urgência necessário e, também, a toda a população do planeta.

Devemos romper com o egoísmo e egocentrismo, pois, sabemos que a humanidade é uma grande família. Apesar do frio suave, penso que ainda é possível pegar a zica, pedalar até a praia da Atalaia e tomar um necessário banho de mar. Precisamos cada vez mais de inspiração para pensar e escrever, compartilhar algumas ideias, futuristas e também reminiscências, lembranças, de um passado distante, aparentemente tão longínquo e sempre presente na memória.

A arte liberta, e, utilizo-me de algumas melodias e também danças contemporâneas, pós-modernas, como por exemplo “Yan Tiersen/ Porz Goret”, disponíveis no YouTube, cinco minutos de pura arte, os corpos quase levitando, suspensos por uma corda que pode ser um cordão umbilical, que nos une ao todo.



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Em artigo anterior, mencionei a trajetória das crianças, estudantes do Grupo Escolar Victor Meirelles, na década de sessenta, o privilégio de retornar para casa, tudo muito próximo e distante, pois na fantasia infantil as distâncias são sempre enormes, e, confesso que, no retorno ao avistar o morro da cruz e todo o verde por detrás, morros maiores, eu via ali, fontes de mistérios profundos, geográficos e psicanalíticos.

Porém, o tema central era a visita ao necrotério do hospital Marieta, que despertou a curiosidade de leitores ilustres de que seria, de fato, possível o acesso de crianças ao necrotério. Respondo com a simplicidade de um famoso adágio: “como não me falaram que era impossível, eu fui lá e fiz”. De fato, lembro-me algumas visitas, junto com outras crianças do Grupo, com a pastinha na mão, a calça curta azul marinho, a camisa branca e no bolso, bordado VM, Victor Meirelles.

Um corpo de defunto chamou-me especialmente a atenção, o Zé Gordo, policial rigoroso, com fama de violento que foi assassinado pelo bandido “Chapéu de Coro”. Lembro do corpo deitado numa laje fria, com os furos das balas, no joelho, no abdômen e no peito, um assassinato frio e premeditado, dizem, um ato consciente de vingança, do temível pistoleiro “Chapéu de Couro”.


Felizmente, temos pessoas vivas, gente mais velha do que eu que podem comprovar e consolidar o relato com detalhes mais ricos e precisos. O assassino ficou na espreita, entre as inúmeras jaqueiras, na frente da delegacia de polícia, na rua 7, onde é exatamente, o comércio dos Irmãos Bittencourt, aguardando o plantão do Zé Gordo.

A confissão do bandido confere com o que vimos no necrotério: o policial dormia, o assassino bateu com o revolver na grade, onde atualmente é o Detran, e fez três disparos, no joelho, na barriga e no peito. Teria mais coisas para relatar, nesse pueril ensaio memorialístico.

Quem sabe, no próximo artigo.

Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br


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