HISTORIANDO 11 ANOS DE COBERTURA DA OCEAN RACE: HORÁCIO CARABELLI FOI O PRIMEIRO ENTREVISTADO EM ABRIL DE 2010

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Horácio visitando Itajai maio de 2010 - encontro com Antônio Ayres - Superintendente do Porto de Itajai - Foto:Adilson Pacheco

O cenário é  abril de 2010

Historiando 11 anos de cobertura da Regata The Ocean Race

Adilson Pacheco – Editor

No site da Regata Volvo Ocean Race, havia um farto material como pauta e fonte de pesquisa, onde dizia que tal movimento também se daria nesta edição 2011/12 – e que estava em fase de estruturação.

O primeiro contato foi com o jornalista Doro Jr, diretor executivo da ZDL, agência de comunicação de São Paulo, responsável em assessorar a imprensa nacional para a regata volta ao mundo.

O jornalista Doro Jr, da Agência ZDl e este editor em Alicante/Espanha na cobertura da 11ª edição da Regata Ocean Race

Fui até Doro no intuito de localizar o velejador Torben Grael, ele venceu a 10ª edição da Volvo Ocean Race capitaneando o barco Ericcson e esteve na apresentação da parada da regata em Itajaí.

Optei por iniciar pelo experiente velejador a saga na busca de uma pauta de entrevistas para ampliar a cobertura.

Doro, informa que o jornalista Murilo Novaes, era assessor de imprensa do Torben Grael. Isto era abril de 2010. Mantivemos também contato com o jornalista João Pedro Nunes, da ZDL, para tentar entrevistar o Torben. A missão era chegar ao maior velejador brasileiro.

>6 abril   de 2010

No dia 6 abril  de 2010 recebi um e-mail do Nunes:

– Oi Adilson, boa tarde

Nós não fazemos assessoria pessoal para o Torben. Pelo que sei, ele nem deve disputar a próxima edição da Volvo, abrindo mão da volta ao mundo em função de tentar disputar a sua sexta olimpíada na Inglaterra. Outra coisa, ele está vivendo um drama pessoal hoje.

Parte da casa dele, em Niterói, foi destruída por um carro, jogado por um deslizamento de terra na garagem de sua casa. Ele está sendo tratado como herói por ter salvado uma mulher e uma criança do carro

Torben Grael na oficialização da parada brasileira em Itajai, ao lado do Alan Adler –

. O motorista, porém, morreu e o corpo ainda está debaixo da terra no quintal do velejador. Se não me engano, ele tinha viagem marcada para amanhã para a Europa para competir de TP 52 (barco de Oceano), junto com o Robert Scheidt, no Luna Rossa, da equipe Prada.

 

Mas parece que o bom Senhor estava em nossa frente. Na mesma tarde do dia 6 de abril uma terça feira – recebemos outro e-mail do Nunes.

– Oi Adilson,

O Horácio Carabelli vai disputar a terceira Volvo. Integrante do Brasil 1, em 2005/2006, foi campeão no ano passado com o Ericsson 4. Agora está no barco espanhol da Telefônica. Acho que ele está na Espanha. Veja se consegue o e-mail dele com a mulher dele. Ele é dono de um estaleiro em Florianópolis, chamado Carabelli.

OBS: No mesmo barco do Horácio, um uruguaio naturalizado brasileiro, está o carioca João Joca Signorini, também do Brasil 1 e do Ericsson 4. E assim, procedi, com apenas alguns telefonemas, consegui os e-mails deles

Boa sorte Nunes/06/04/2010

 

Na busca de aprender mais, visando produzir um bom material jornalístico, dado a grande oportunidade de ter a primeira entrevista com um dos personagens de um quebra cabeça que tentava montar, estava começando a tomar seu rumo.

Entretanto este substantivo feminino chamado de persistência requereu muito deste jornalista, afinal, sendo ele sinônimo de constância, perseverança e tenacidade, foi minha prioridade pautada, uma vez que são com essas características que faz um profissional de imprensa fazer o impossível para produzir o melhor ou conquistar uma boa pauta e trazer até o leitor a melhor e mais atual informação.

 

 

 

>8 de abril de 2010

Numa tarde de terça feira – 08 de abril de 2010, surpreendentemente, aparece na caixa de e-mails…e sinceramente não pude conter o grito de alegria ao ler

 

Horácio:  – Adilson. Respondo no seu texto!

 

Boa tarde Horácio,

E somos sabedores que você vai participar, assim preciso entrevista-lo. Te envio as perguntas e você me responde.

Vamos lá:

Entrevistando Horácio Carabelli

 

RN -Desafio de atravessar os mares dos quatro continentes,

Horácio – A Volvo Ocean Race é o Everest da vela oceânica. O desafio não é somente vencer a regata contra as outras equipes, mas sim um desafio contra a Natureza. Para vencer, primeiro tem que chegar!! Esse e um lema permanente da regata. Na última regata tivemos uma perna da China até o Rio, em que ficamos 44 dias no mar em competição nas condições mais extremas dentro de um veleiro de 70 pés com outros 10 tripulantes !! Se você pode superar isso, você já sai ganhando.

RN- Atualmente está participando de que prova

Horácio– Não estou competindo no momento, estou treinando com a equipe espanhola do Telefônica para a próxima volta ao mundo. Estamos em Sanxenxo, Espanha. Minha função desta vez é bastante técnica, testando equipamentos, mastro e velas. A partir de agosto estarei administrando a construção do novo barco que está sendo projetado por Juan K., o mesmo projetista do Ericsson 4.

“Quando você chega a participar de uma prova como esta, você entra para um grupo seleto. Você passa a ser parte da elite da vela. Então mesmo não vencendo a prova, você já é um vencedor

 

RN – Itajaí, a sede da próxima parada da Volvo Ocean Race, sendo você um empresário com empresa em Florianópolis.

Horácio -Itajaí terá a oportunidade de sediar um grande evento e certamente estará preparada à altura. Será positivo para a Volvo Ocean Race e para a cidade, que dará grande visibilidade ao evento por suas características peculiares. Como empresário sediado em Florianópolis, vejo de maneira muito positiva, uma vez que todas as cidades turísticas próximas a Itajaí serão beneficiadas e terão a oportunidade de mostrar o grande potencial da região: belezas naturais, boa gastronomia, gente bonita, trabalhadora e acostumada a desafios.

 

RN -Resultados que tal evento vai provocar no setor promocional de Santa Catarina

Horácio -Quem viveu a experiência de duas regatas como essa sabe o que significa para o local um acontecimento deste porte. Se usarmos os meios de comunicação disponíveis e fizermos uma divulgação competente, teremos um evento grandioso e de repercussão internacional. Hoje já sou questionado por velejadores e familiares que participarão da regata sobre como é lugar. Há uma grande curiosidade em torno do que a região tem a oferecer. E até a parada no Brasil, precisamente em Itajaí, muito será falado e divulgado sobre o local. Cada stopover cria uma grande expectativa e atrai milhares de pessoas do mundo inteiro. Precisamos estar preparados e aproveitar o momento para mostrar o que de melhor temos a oferecer: nossa hospitalidade.

Eu diria que não há muito tempo para medo, mesmo quando o mar parece assustador, invencível.”

 

RN -Participar de uma prova que não se ganha prêmio, afinal onde está a emoção nisso tudo.

Horácio -A emoção está no desafio. Quando você chega a participar de uma prova como esta, você entra para um grupo seleto. Você passa a ser parte da elite da vela. Então mesmo não vencendo a prova, você já é um vencedor. E para todo desportista, especialmente velejador, competir, dar o melhor de si durante a regata já é bastante emocionante. Somos colocados à prova e levados ao limite físico e psicológico, mas nada se compara a sensação que se tem na superação de cada etapa. Mas lembre-se que neste nível, este esporte deixa de ser amador e passamos a ser profissionais pagos, como qualquer outro.

 

RN – Estes desafios te faz um empresário diferente.

Horácio -Com certeza mais exigente. Cada desafio vencido serve de estímulo para um novo. Neste esporte estamos sempre tomando decisões muito rapidamente e imediatamente arcando com as consequências. O que mais aprendemos é a pensar rápido.

RN -Você sente medo quando se encontra num momento de grandes ondas no meio do mar.

Horácio – Eu diria que não há muito tempo para medo, mesmo quando o mar parece assustador, invencível. Se você vacilar pode comprometer a equipe e dar razão ao medo. Estou sempre focado na função que me cabe para manter o barco sob controle.