Estamos na última semana de janeiro, muita chuva e uma esperança reforçada com a chegada da vacina no país e, também, na nossa cidade. Ouço saxofone jazz e penso na vida, nessa noite tranquila e inspiradora, impregnado de alívio e gratidão pela saúde e lucidez, dom de Deus.
Recebi muitas mensagens, belas manifestações de carinho e apreço por minha pessoa pela passagem do meu aniversário, a estreia dos meus sessenta e seis anos de vida bem vivida.
Também generosos retornos pela leitura de meus artigos anteriores, pelas opiniões expostas e, principalmente, pelo teor nostálgico de algumas passagens onde menciono fatos marcantes de minha vida, nas décadas anteriores, em Itajaí. Há, certamente, uma tentação autobiográfica, em episódios registrados em minha memória privilegiada, pois comi muito peixe na minha infância.
Sou grato pela qualidade da educação salesiana recebida, em diversas disciplinas, entre elas a Química orgânica e inorgânica, tendo como professor o Padre Gili Três, no Cientifico, como se falava naquele tempo. De fato, me atraiam os ácidos, bases, sais, metais e ametais, reações exotérmicas e endotérmicas, e tantos outros temas que abriram muitas portas do conhecimento e uma atração especial pela Alquimia; quem, sabe, no fundo, todos nós perseguimos a pedra filosofal.
Se não conseguíamos transformar o chumbo em ouro, tarefa difícil, não impossível, compreendíamos com mais facilidade a expressão teológica: “lembra-te, homem, que és pó e ao pó voltarás”.
O Curso Científico, pelo menos do Salesiano, abria-nos a possibilidade de olhar a Ciência com os olhos mais respeitosos, pois tenho que fazer justiça aos conhecimentos da Física com o Padre Mansueto Três e Alvino Beber, sábios que nos mostravam o fascinante mundo de Galileu Galilei e Isaac Newton, uma modesta, porém, instigante introdução à Cosmologia.
Há muito tempo aprendi que Cosmos é ordem, em grego, ao contrário de Caos, desordem. Tivemos, entre outros, o Padre Schmitt, o filólogo poeta, que nos mostrou com maestria os caminhos da Língua Portuguesa, “última flor do Lácio, inculta e bela”. Entre tantas contribuições tão positivas do Padre Schmitt à nossa geração, teatro, poesia, passeios ecológicos, agradeço o legado da Etimologia, as origens das palavras, os radicais gregos e latinos.
Particularmente, a minha gratidão maior foi com a Matemática do genial Padre Adolfo dos Anjos, que nos abriu a mente ao pensamento cartesiano, nos mostrou a genialidade de Gauss, o universalismo de Poincaré, os franceses, Laplace, Lagrange, Jacobi, D’Alembert e os gregos, Tales, Euclides e o misterioso Pitágoras. Padre Adolfo era um matemático humanista, e chamava os seus melhores alunos, de “Os luzeiros de Itajaí”.
O preparo foi tão bom que, eu estava seguro, aos meus dezessete anos, em 1972, para encarar qualquer vestibular no Brasil, como outros colegas da minha sala, todos muito bem sucedidos em sua trajetória profissional e pessoal.
Eu passei no primeiro Vestibular, no Maracanã, Rio de Janeiro, na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Sou grato à educação cientifica e humanista que recebi dos “filhos de Dom Bosco”, os competentes educadores salesianos.
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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