OPINIÃO DE CELIO FURTADO: LIVROS & LEMBRANÇA

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*Célio Furtado –
Engenheiro e professor da Univali
 celio.furtado@univali.br

Escrevo nessa metade de setembro, no conforto singelo de minha casa, ouvindo uma boa música.

O quadro da pandemia é incerto, ainda que as pessoas se arriscam mais em praias e também outros eventos coletivos. Algo como tatear no escuro, pois, diariamente, ocorrem os óbitos, internações e casos frequentes de contaminações. Há, certamente, um pouco mais de otimismo, aumenta o consenso que sairemos dessa situação atípica, para o retorno ao novo normal. Particularmente, venho cumprindo a minha rotina normal, protegendo-me, cuidando da vida, aplicando-me nos estudos e pesquisas, usufruindo do privilégio de ter saúde e uma atitude otimista e positiva diante da vida, no meu caso, empenhando-me na minha condição de um “operário intelectual.

Sabemos que o guerreiro deve cuidar de seus equipamentos, de suas armas, que o paraquedista deve ele mesmo cuidar pessoalmente do seu paraquedas antes do voo, seguro e certeiro, pois a vida não perdoa o desprevenido e incauto. Assim como os guerreiros tinham que afiar suas lanças e espadas, o intelectual deve estar sempre se preparando, com seus livros, textos, papéis e, agora, com seus recursos midiáticos, para escrever e falar, divulgar suas ideias e “combater o bom combate”.


 



Apenas pretendo disseminar ideias, comentários aos leitores, sempre no sentido construtivo, respeitando as posições divergentes, tentando contribuir para o bem comum. Sempre, tive o hábito da leitura, seguindo o padrão dominante em minha casa, onde todos os meus irmãos eram leitores; um lar modesto onde sempre tinha livros disponíveis.

Recentemente, encontrei na casa do meu filho Giordano, também um leitor voraz, um velho livro presente em nossa infância: “Dicionário Prático Ilustrado”, Lello e Irmão Editores, Lisboa, 1957.  Na verdade, três volumes, ainda bem conservados, apesar de terem sido objetos de pesquisa de toda a família, principalmente, na década de 1960. Outras famílias com mais recursos dispunham de enciclopédias mais completas, Barsa, Delta Larousse e outras que encontramos com frequências em Sebos de livros usados.

 

Hoje praticamente, perderam a utilidade, diante da riqueza e disponibilidade do Google e outras fontes eletrônicas, e, como se fala “só não aprende quem não quer”. Apenas essa expressão já permitiria uma ampla discussão, pois sabemos que, paradoxalmente, no meio de tanta oferta de informações, as pessoas navegam muito nas mídias sociais, no entanto, sabem muito pouco, pelo menos nos aspectos históricos, políticos, sociais, econômicos.

Prevalecem os slogans, as fakenews, “as frases feitas, os “chavões, constituindo-se, desse modo, “pratos feitos”, alvos inocentes de pérfidas estratégias de comunicação sofisticadas, produzidas em laboratórios dos países dominantes, o tal do imperialismo cultural, linguístico, manipulativos, que atinge as mentes desprotegidas.

A nova guerra híbrida é certeira, eficaz e as pobres vítimas, o “cidadão comum livre”, nem sabe que é manobrado.

Na verdade, somo todos “cobaias”, dóceis e vulneráveis.  Ao reencontrar o Dicionário Prático, seus três volumes, brotou uma boa lembrança das tardes de estudo, da pesquisa escolar e, do próprio hábito solitário da leitura, pois nossa curiosidade infantil era ilimitada. Com recursos escassos, vida simples, os livros eram sementes para um terreno fértil!


Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br


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