*Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
Estamos no meio de agosto, após um assustador ciclone, aguardando o frio que se aproximam; alguns até falam em mais neve para Santa Catarina. Tivemos uma forte ventania nesse final de semana, destelhando casas, derrubando árvores e, de volta, o misterioso ruído do vento em plena madrugada, assustando-nos e fazendo-nos pensar sempre na fragilidade e vulnerabilidade da condição humana.
Os serviços meteorológicos estão cada vez mais precisos e exatos, constituindo-se em indispensável apoio à agricultura, navegação e tantas outras atividades humanas. Porém, a incerteza persiste e, segundo Heráclito, “a única certeza é a mudança”. Vivemos na incerteza permanente, um oximoro verdadeiro, e, diante dessa pandemia que ainda nos assola, sem previsão de final, estamos sobrevivendo, sem um rumo certo, uma bússola que nos indique algo diferente de “ficar em casa, usar a máscara, lavar as mãos com o álcool”, e outras pequenas recomendações.
Como estamos diante de uma “caixa preta”, não vemos ainda a solução, há curto prazo, pelo menos, neste atípico ano de 2020. Já vem surgindo propostas razoáveis de vacinas, provenientes de diversos países, e, como sempre, por detrás de confrontos de proposições cientificas residem silenciosas batalhas pelo poder politico, haja vista que “conhecimento é poder”. Naturalmente, o mundo pós- pandemia seguirá normal com as mesmas práticas ambientais, o mesmo espetáculo inexorável da atividade econômica, aumentando o fosso entre as nações ricas e pobres. Talvez, aumentem as normas de segurança sanitárias e ambientais, um maior apelo para a higiene pessoal e coletiva, maior solidariedade interpessoal, e muito choro, muita saudades por tantas vidas preciosas perdidas para o corona vírus.
No entanto, as grandes potências estão intensificando suas tecnologias de ponta, buscando sempre uma maior produtividade, redução de custo, aumento da competência logística, e expandindo sua influência geopolítica. Escrevo estas coisas, observando o fabuloso crescimento chinês, indiano e de outros países denominados “tigres asiáticos”, que já resolveram seus dilemas políticos internos e, podem concentrar suas energias para o foco principal: desenvolvimento sustentável.
Na China, o aumento expressivo da robotização da produção, o domínio da tecnologia 5G, a construção da “rota da seda”, o aumento de entrepostos na África e outros continentes, expressam a nova realidade do poder mundial. A maior população da Terra, disciplinada e determinada à vitória final, a afirmação irreversível do “poder amarelo”.
Em artigo anterior também mencionei a Índia, como grande potência cientifico tecnológica, expressiva parcela da população jovem sabe matemática e fala inglês fluentemente.
E nós, brasileiros e o nosso Brasil? Aparentemente, “deitado eternamente em berço esplêndido”, como diz o nosso belíssimo Hino Nacional, sem rumo sem perspectiva alguma. Saímos de um populismo de esquerda para um populismo de direita, demagógicos, ambos, sem uma dimensão de um estadista como Xi Jinping, um novo Getúlio Vargas desenvolvimentista, alguém que comande um novo “projeto nacional”, que atinja os 7% do crescimento anual do PIB chinês, por exemplo.
Um novo visionário como Juscelino Kubitschek o qual teve a ousadia de propor “cinquenta anos em cinco”.
Já tivemos algumas “décadas perdidas” e, provavelmente, teremos outras.
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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