*Célio Furtado
Engenheiro e professor da Univali
celio.furtado@univali.br
Estamos na metade do ano, um ano atípico, um ano trágico. Diariamente aumentam as estatísticas de óbitos, gente próxima, pessoas conhecidas que se despedem da vida, acometidas da terrível corona vírus. Há muita tristeza e paira no ar um clima de incerteza, pois, diante dos fatos, perguntamos apreensivos: quem serão os próximos? Naturalmente, ninguém previa este estado de coisas, negativas e depressivas.
Talvez algum sábio, algum gênio, alguém mais esotérico que tenha o dom da profecia, tenha previsto esta calamidade na saúde pública. Particularmente, procuro me cuidar de acordo com as orientações oficiais, me resguardando e utilizando o álcool, frequentemente, na limpeza das mãos. Enquanto professor e comunicador procuro transmitir uma atitude otimista diante do futuro, lembrando sempre que a Humanidade já passou coisas piores, cataclismos, guerras fraticidas e genocidas, pestes, e tantas coisas ruins e sobreviveu, aumentando a população mundial, surgindo promissoras inovações tecnológicas; ou seja, apesar de tudo, o mundo ficou melhor.
Minha formação técnica exige que eu ofereça soluções, propostas construtivas, pois todo o conhecimento deve ser útil ao bem comum. O bom senso manda seguir as conclusões e recomendações das autoridades mundiais, e, olhar, com respeito, as curvas, a interpretação matemática do fenômeno do alastramento do vírus, um fato concreto da avaliação epidemiológica, onde as pessoas se contagiam mutuamente, exigindo uma modelagem científica não linear, uma abordagem complexa, com múltiplas variáveis.
No espaço micro, no cotidiano dos hospitais e centros de atendimento, percebemos muita evolução no sentido de compreender a terapia enquanto “estudo de tempos e movimentos”, racionalidade, espaços mais organizados, uma facilitação de “entradas e saídas”, conceitos tão comuns na Administração e na Engenharia de Produção. Tornar o trabalho mais produtivo e eficaz, mantendo como parâmetro decisivo a salvação de vidas humanas.
Todos nós temos profundo respeito pelas equipes médicas, em toda a sua hierarquia, e, no caso brasileiro, temos surpreendido pela competência e, principalmente pelo espírito público que move todo o profissional de saúde, coerente com os seus solenes juramentos. Um trabalho estressante, muito perigoso, algo que se aproxima de uma santidade, uma imolação pessoal pela vida do próximo. Evidentemente, temos que olhar a economia enquanto um todo. Há a necessidade de resgatarmos a confiança no crescimento, na geração de empregos, no fornecimento de alimentos, na paz e segurança social.
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Para isso, temos que apoiar os produtores de bens e serviços, temos que prosseguir tomando os cuidados necessários, pois sabemos que “ a vida é combate que aos fracos abate”. Percebo que a crise e a quarentena tem possibilitado às pessoas, uma oportunidade de se tornarem mais reflexivas, mais “pé no chão”, e mais despojadas dos bens materiais, pois sabemos que “ o caixão não tem gavetas”.
Nesse momento, torna-se necessária uma atitude mais pragmática, mais realista, e, buscarmos valores mais essenciais, valorizar as pequenas coisas, ser mais tolerantes, generosos, ter mais compaixão no coração. Também do ponto de vista filosófico, temos que redimensionar os projetos, as ambições pessoais e coletivas, enfim, repensar o processo civilizatório.
Pensar o momento!
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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