OPINIÃO DE CÉLIO FURTADO : FÉ NA CIÊNCIA

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*Célio Furtado
Engenheiro e professor da Univali
celio.furtado@univali.br

 

O vento forte assolou nossa região nessa entrada de julho, em pleno inverno catarinense. Os prejuízos são grandes, acidentes, desmoronamentos, árvores caídas, inclusive, mortes. São fenômenos naturais que escapam ao nosso controle, assustadores, revelando a força da Mãe Natureza. É muito fácil falar dessas coisas no conforto do meu espaço individual, bem agasalhado, ouvindo jazz, melhor ainda, ouvindo a insuperável Billie Holiday.




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A forte ventania lá fora, o ar gelado obrigam-me a pensar na situação, na imensidão do mar, dos pescadores, marinheiros, expostos às grandes ondas, aos vergalhões, lutando para não serem tragados pelas águas revoltas e escuras. Mesmo com tecnologias de navegação mais sofisticadas, não menosprezamos a fúria dos deuses do mar.

O conjunto dos problemas atuais e recentes, pandemia, ameaça dos gafanhotos, “ciclone bomba”, nos desperta um pensamento sombrio, pessimista quase desesperador sobre o que nos espera pela frente. Acho razoável  s a preocupação com a condição humana atual, independentemente das vicissitudes. Pensar no status quo é salutar, principalmente se nos induz às ações corretivas mais amplas, atitudes de mudança ao longo prazo. Mudanças individuais e coletivas, comportamentos mais generosos e solidários, redução de consumo desnecessário e excessivo.

Um retorno à simplicidade e uma imersão em nós, em nossa individualidade, na busca de uma paz mais duradoura. No Brasil, chegamos aos sessenta mil óbitos decorrentes da corona vírus com um milhão e quatrocentos mil infectados, oficialmente. Um número crescente seguindo uma curva exponencial, sem previsão de ponto de inflexão, de um sinal de desaceleração, ou melhor, ausência de uma “luz no fim do túnel”. Desemprego crescente e sub ocupações, provocando insegurança a todos, pois sabemos que ninguém está seguro, nem da doença e muito menos da ameaça econômica social.

Por enquanto, temos os controles institucionais, segurança pública, normalidade na mídia, aparentemente, os “barrados no baile”, estão controlados. Como diz um cantor nordestino “ a segurança cuida do normal”.

Sabemos que o processo civilizatório atual adotou o modo de produção capitalista, a concepção liberal de mercado fundamentada na competição e na livre concorrência, como numa disputa olímpica acirrada, quem vencer, leva a medalha de ouro. Entretanto, a pandemia, de origem chinesa, tende a desequilibrar o jogo, trazendo novos elementos para tornar ainda mais complexa a conjuntura.

Aumenta a incerteza aceitável, pois todos nós sabemos que um dos elementos principais do processo econômico é a segurança dos contratos, dos acordos multilaterais, da “certeza da entrega do produto”.

Porém, o questionamento é bem simples: com o quadro caótico que tende a se aproximar, será possível honrar todos os compromissos, seremos todos civilizados e polidos ou haverá um descontrole dantesco, o inferno rompendo a normalidade confortável da classe média e das pessoas inseridas no contexto próspero da vida cotidiana.

E os “quebra-quebra”, os saques, os linchamentos coletivos, o descontrole da manada. Particularmente, sou otimista e acredito na incrível capacidade de recuperação, de flexibilidade e de resiliência e competência na gestão de crise.

 Creio na criatividade individual e coletiva; devemos ter sensibilidade política e fé na Ciência.

 

Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br


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