*Célio Furtado
Engenheiro e professor da Univali
celio.furtado@univali.br
Escrevo para a Regata News, um privilégio, confesso, poder participar desse projeto vitorioso capitaneado pelo competente jornalista Adilson Pacheco. Gosto de escrever, um hábito que carrego comigo desde os tempos da adolescência. Ultimamente, tenho me dedicado mais à análise de conjuntura, um esforço intelectual para contribuir para o debate, real ou imaginário. De fato, temos compromisso com a busca de esclarecimentos ou de uma interpretação mais fundamentada na racionalidade.
Saiu o número definitivo sobre o crescimento do PIB brasileiro: 1,1% no ano de 2019. Muito pouco, abaixo do último ano do governo Temer. Lamentavelmente, o resultado foi fraco muito abaixo das expectativas, de um governo que entrou com grande apoio popular e forte expectativa empresarial.
O país não crescendo não atrai investimento, apontando para outra década “perdida.”. O país vem crescendo pouco nas ultimas décadas, uma constatação simples, nos números do PIB, de modo que não tem como gerar empregos suficientes, ainda que a população brasileira venha crescendo pouco, quase estacionária.
Os jovens disponíveis no mercado de trabalho não encontram ocupações aumentando as estatísticas dos desempregados, gente que ficou no caminho ou por obsoletismo técnico ou como consequência do sério problema da desindustrialização, um encolhimento das fábricas/ indústrias no cenário econômico nacional. Permanece a questão crucial : como inserir milhares de pessoas no mercado de trabalho ? Treze milhões de brasileiros , outros dobram o número, mencionando os que já desistiram de procurar e vivem de modo apático, dependendo naturalmente de outros parentes e conhecidos.
Estamos caminhando para a “argentinização” da economia, tornando-nos próximos ao nosso vizinho país “Hermano”, que se desgarrou da turma dos países de vanguarda. Nossa taxa de poupança interna é baixa, ou melhor a nossa capacidade de investimento é modesta, em relação aos indicadores internacionais dos países em ritmo de crescimento. Isso significa menos recursos para as necessárias obras de infra estrutura , rodovias, ferrovias, portos, saneamentos enfim todo um conjunto de obra que contribui para uma maior macro logística nacional.
Coluna anterior:
O custo Brasil é alto, o peso da máquina pública consome grande parte dos recursos; um nó difícil de resolver, pois a mentalidade está arraigada, sendo muito difícil a mudança. As medidas de reforma são interessantes mas não são percebidas com confiança pela população, pois fica visível o caráter injusto, privilegiando castas como militares, servidores públicos graduados e estáveis, magistrados e todo o aparato de segurança, confortavelmente instalado no poder formal e informal.
Fica uma reforma “pela metade”, algo mal resolvido e travado na consciência de quem percebe o suficiente a incongruência explicita, um mundo desigual, uma sociedade injusta. Grande parte do problema, já percebido pela maioria pensante do país e exterior, reside nas características excêntricas do atual Presidente Bolsonaro, definitivamente, despreparado para o mais importante cargo, ser chefe do Executivo Federal, depositário de uma confiança incomparável do eleitorado brasileiro, algo semelhante aos ex- presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor.
O seu despreparo gera desconfiança e confusão na gestão pública e no convívio entre os três Poderes. Vivemos um drama institucional!
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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