*Célio Furtado
Engenheiro e professor da Univali
celio.furtado@univali.br
Janeiro está avançando já na sua metade, as praias repletas, os tradicionais
Iniciamos fevereiro com uma forte percepção otimista quanto ao desempenho da economia brasileira, com a previsão de um crescimento em torno de 2% do PIB, Produto Interno Bruto, as projeções de respeitados economistas brasileiros e internacionais.
O exercício de previsão econômico não tem nada de “chutômetro”, ou seja, simples palpites; ele é fundamentado em metodologias consistentes, que levam em consideração diversos indicadores, além de, naturalmente, o acompanhamento de séries anteriores. O instrumental matemático é cada vez mais sofisticado, podendo-se processar milhares de índices, numa complexa equação resolvida com certa facilidade a partir da disponibilidade oferecida pela tecnologia de informação.
Porém, não há exatidão e existem as catástrofes como a tragédia de Brumadinho/ Minas Gerais, guerras imprevistas, quedas de governo, grandes secas e enchentes e, agora, recentemente, a confusa e sombria epidemia na China, o surto do “corona vírus”, um fenômeno recente ainda desconhecido. Isso tudo são complicadores, haja vista que as consequências são imprevisíveis, escapando aos processos quantitativos.
Isso se sucede com as pestes animais que muitas vezes são devastadoras, alterando sensivelmente os preços das commodities referentes. Sabemos que a Ciência da Economia não apresenta um compromisso rígido com a exatidão, pois a natureza humana, social e política, sempre escapam aos enquadramentos que o senso comum espera. Porém, ainda no início de fevereiro podemos detectar tendências que ajudam no exercício de configuração da conjuntura econômica.
Um ano eleitoral, onde a maioria dos parlamentares está comprometida com as suas bases, com os interesses locais e regionais, de modo que o poder central é testado de um modo mais duro e rigoroso, o prestígio do Presidente pode ser abalado com possíveis reveses, principalmente, nas principais capitais brasileiras. A política é a arte do improvável e, como já afirmava Karl Marx, “tudo o que é sólido, se desmancha no ar”. Dependemos muito do sucesso econômico da Argentina, que está com novo governo e é um grande parceiro comercial; torçamos pelo bom êxito da nova gestão.
A questão da politica interna e externa dos Estados Unidos, a reeleição do Trump e os conflitos no Oriente Médio, tudo pode influir. Já é um consenso no campo da diplomacia e do senso comum político que Bolsonaro se precipitou de um modo inconsequente em abraçar o Presidente Trump, sem questionamentos, bem como a sua posição em relação aos árabes e chineses. Vivemos um mundo global onde a diplomacia deve ser usada de um modo cauteloso, aliás, essa sempre foi a nossa posição histórica.
Fatos positivos como a redução do déficit orçamentário, da redução de despesas e de uma atitude favorável a grandes reformas, indicam um acerto na politica econômica. A redução dos juros e a contenção da inflação, indicam um bom ambiente de negócios, mais seguro e mais atrativos aos grandes investimentos nacionais e internacionais.
Porém, há um “calo” na politica brasileira: a sua imagem negativa diante da politica ambiental, o tema mais recorrente na última reunião em Davos Há um consenso de que nações que desrespeitam o meio ambiente perdem a credibilidade internacional. É o caso do Brasil !
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Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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