Célio Furtado
*Economista e professor da Univali
celio.furtado@univali.br
Escrevo esse artigo na semana que antecede as eleições, segundo turno, com os resultados bem previsíveis, de acordo com as pesquisas que, normalmente, acertam. São metodologias bem fundamentadas, com técnicas de amostras, distribuições que oferecem uma grande credibilidade, com pequena margem de erro. Houve uma varredura no país, uma boa faxina cívica, de modo que a esperança de boa parte dos brasileiros está concentrada na figura do capitão Jair Bolsonaro.
Não votei nele no primeiro turno e devo anulá-lo agora no segundo turno, com a consciência tranquila e coerente com as minhas convicções. Primeira vez que anulo um voto e tenho os meus motivos. Considero essa polarização Bolsonaro/Haddad inadequada para as necessidades do país. Por um lado, não dá para votar no PT, comandado por um politico preso, condenado por corrupção, no caso o Lula. Seria um fator de instabilidade social, não oferecendo tranquilidade para o ambiente de negócios. Por outro lado, o Bolsonaro, um homem despreparado para as altas responsabilidades politica administrativa, leigo em quase tudo, um amador na gestão.
Vai ser um problema, mesmo cercado por ministros e assessores competentes. Tomara que eu esteja errado. Além do mais, as opiniões emitidas por ele sobre diversos temas, revela uma mentalidade retrógrada, fechada e extremamente moralista-conservadoras. Tenho defendido em alguns artigos a minha posição orientada por uma visão liberal democrática que não tem nada de comunista. Precisamos olhar para frente e buscar a competitividade de nossa economia, aberta à inovação tecnológica. Ainda somos um país fechado, com baixa inserção no comercio internacional, um baixo coeficiente em relação ao PIB. Vivemos a desindustrialização, o desestímulo aos nossos industriais, principalmente, diante de outras economias mais agressivas. Inovação pressupõe mentalidade criativa, orientada ao novo, sem, necessariamente, desprezar as tradições nacionais.
Tive o privilégio de trabalhar a disciplina de Criatividade e Inovação, no Curso de Administração da Univali. Nela, o empenho maior era estimular o pensamento criativo, “sair da caixa”, provocando indagações inusitadas no campo da gestão de produtos e também organizacionais. Não precisamos, obrigatoriamente, de uma busca obsessiva pelo novo; o importante é a produtividade, extrair mais e melhor dos recursos disponíveis. Trabalhei no meu Mestrado (1980) na Coppe/Ufrj, o tema da qualidade japonesa, na época o grande acontecimento da economia internacional.
Os denominados Círculos de Qualidade, uma combinação de técnicas simples, orientadas para a criatividade e melhoria de métodos de trabalho. Toda a nação japonesa embarcou nessa nova onda, um povo ferido, com a autoestima “lá embaixo”, após a humilhante derrota na segunda guerra mundial. Deram a volta por cima, e, assim, nós brasileiros, ao nosso modo, devemos proceder.
Resolver o déficit público, reduzir o peso do Estado, combater rigorosamente todos os focos de corrupção e promover a volta do investimento interno. Com isso, a credibilidade da nossa economia começa a contagiar e estimular os investimentos produtivos internacionais, provocando a retomada do pleno emprego. São coisas normais, mais afeitas ao pensamento de outros candidatos que não chegaram ao segundo turno. Sucesso ao novo Presidente, os interesses nacionais acima de tudo!
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
*As opiniões em artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.