
A Volvo Ocean Race (VOR) é a maior regata de circumnavegação e um dos maiores desafios à resistência física e mental do Homem. Mas é também uma montra das maiores evoluções da ciência e da tecnologia na construção naval e sistemas de navegação que agora tem uma sede em Lisboa. É na doca de Pedrouços que as equipas têm o seu centro de operações e treino. Isto quer dizer que, apesar de a prova só começar em outubro, as melhores embarcações do mundo vão estar pela capital até ao início da competição considerada o ‘Dakar dos mares’.
A prova dura nove meses. Nesse período de tempo, as equipas vão parando em portos de todo o Mundo, mas podem ficar até 30 dias seguidos em alto mar. No decorrer da competição 8 a 12 pessoas, conforme as equipas, têm de dividir um espaço de 20 metros. Os turnos são de quatro horas no convés a controlar o barco e quatro horas para descansar em camas de rede rotativas, comer e tratar da higiene pessoal.
A grande diferença “O que faz a diferença são as pessoas, já que os barcos são rigorosamente iguais”, diz Rodrigo Moreira Rato, o responsável de comunicação da VOR. Para isso funciona o estaleiro em Lisboa: todos os barcos foram desmontados e estão a ser recuperados ao milímetro para que, na hora da partida, estejam em pé de igualdade. Com um custo aproximado de cinco milhões de euros, cada um, estes ‘Fórmula 1’ dos oceanos são feitos em carbono para serem leves e atingirem as maiores velocidades, – mais de 30 nós, cerca de 60 km/hora – e estão cheios de tecnologia fundamental para toda a navegação e comunicação. Na doca de Pedrouços, depois da gigante operação de desmontagem e recuperação dos veleiros, começam os testes e treinos de mar para que em outubro as oito equipas partam para mais uma corrida global.
Já está em contagem decrescente e nove meses depois dará à luz a equipa vencedora, depois de nova viagem marítima ao redor do Mundo. Esta ‘Dakar dos mares’ é a maior e mais completa competição onde a tecnologia é omnipresente. Portugal continua no roteiro e na antiga Doca Pesca de Algés, já está montado o centro de operações onde trabalham dezenas de colaboradores que preparam todos os procedimentos da etapa portuguesa, incluindo a construção de novas embarcações. Carbono e ultraleves materiais constituem a base destas embarcações, que são verdadeiros laboratórios de investigação muito para além da performance desportiva. Além dos amantes da modalidade e do grande circo que promove por onde passa, é uma competição desportiva que não passa ao lado da comunidade científica. Felizmente, Portugal continua no ranking dos destinos eleitos.
Fonte: http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/barcos-tecnologicos?ref=Bloco_CMAoMinuto