Levantamento nacional realizado pela Fundação Grupo Boticário, em cooperação com UNESCO e Unifesp – Programa Maré de Ciência, mostra que 55% dos praticantes de esportes à beira-mar da capital catarinense estão dispostos a dedicar tempo e esforço em ações práticas de conservação. O maior índice entre as cidades pesquisadas
Pesquisa inédita realizada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza – em cooperação com a UNESCO e Unifesp / Programa Maré de Ciência – aponta que esportistas que praticam atividades no mar e em ambientes costeiros em Florianópolis (SC) estão mais dispostos a agir pela conservação do oceano em comparação com a média nacional e outras cidades pesquisadas.
O estudo “Oceano sem Mistérios: Esporte e saúde à beira-mar” revela que 55% dos entrevistados na capital catarinense estão dispostos a dedicar tempo e esforço para ações práticas de conservação, enquanto a média nacional é de 44%. Além disso, outros 33% dos participantes da pesquisa mostram-se aptos a serem “agentes de divulgação” a favor da sustentabilidade marinha.
O levantamento
ouviu 763 esportistas da costa brasileira, entre profissionais e amadores. Em Florianópolis, foram 109 participantes. As entrevistas também ocorreram em Salvador (BA), Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ), São Luiz (MA), Santos (SP) e Belém (PA).
A pesquisa
executada pela Bloom Ocean também traz dados inéditos sobre saúde, qualidade de vida, diversidade e inclusão em esportes como vela, remo, surf, esportes de areia (futebol, vôlei, beach tennis) e natação, além da percepção sobre a acessibilidade de praias brasileiras.
Os dados têm margem de erro de 3,54%, com nível de confiança de 95%. Além do processo quantitativo, 40 atletas também foram entrevistados em processo qualitativo.
“Para conseguirmos engajar a sociedade a favor da sustentabilidade do oceano, é de grande relevância entender como as comunidades locais se relacionam de diferentes formas com o ambiente costeiro-marinho. Notamos que os esportistas de Florianópolis estão especialmente sensíveis à importância do oceano em nossas vidas e, felizmente, dispostos a agir por essa causa”, afirma Omar Rodrigues, gerente sênior de Engajamento, Comunicação e Relações Institucionais da Fundação Grupo Boticário. “Os dados sugerem que a comunidade esportiva costeira de todo o Brasil tem um perfil mais pró-ativo e engajado em relação à conservação do oceano, representando um público importante para liderar e influenciar a sociedade como um todo”, completa.
Engajamento
Em comparação com a população em geral, os esportistas brasileiros demonstram maior engajamento com a causa oceânica, conforme aponta o cruzamento com dados da pesquisa anterior Oceano sem Mistérios:
A relação dos brasileiros com o mar (2022). Entre os esportistas, 91% se mostram dispostos a colaborar: 44% pretendem atuar de forma prática, como “agentes de mudança”, e 47% preferem contribuir como “agentes de divulgação”. Já entre a população geral, conforme dados de 2022, essa disposição é de 82% — com 25% prontos para agir diretamente e 57% inclinados a apoiar a causa por meio da comunicação.
Em Florianópolis, 74% dos esportistas entrevistados reconhecem que o mar influencia a prática de seus esportes e 22% percebem que seus esportes também causam impacto no meio ambiente marinho e costeiro – outros indicadores que se destacam entre as cidades pesquisadas. Entre os impactos que a prática esportiva pode trazer ao ecossistema marinho estão a perturbação de espécies, pisoteamento da areia, poluição, descarte inadequado de resíduos, entre outros.
Dados nacionais
Ao todo, 39% dos esportistas entrevistados no Brasil já participaram de alguma ação de conservação, destes 73% participaram de atividades relacionadas à coleta de lixo nas praias e 4% de iniciativas de conscientização e educação ambiental. “Unir a paixão pelo esporte à conscientização ambiental pode transformar a relação das pessoas com o mar. Atletas engajados podem ser agentes de mudança, influenciando a sociedade como um todo”, afirma Ronaldo Christofoletti, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente do Grupo de Especialistas em Cultura Oceânica da UNESCO.
Impactos ambientais
A pesquisa também explorou
a qualidade do ambiente e o impacto de eventos climáticos na prática esportiva. Para os entrevistados suas atividades à beira-mar ou na água são comprometidas regularmente por chuvas e tempestades (85%), seguido por resíduos sólidos (60%), temperaturas extremas (58%), contaminação da água do mar (34%) e erosão costeira (30%).
Ações e oportunidades
O estudo também sugere a tomadores de decisão uma série de medidas para fortalecer o vínculo entre a prática esportiva e a conservação do oceano. Entre as ações sugeridas estão campanhas de sensibilização; programas de educação ambiental voltados a atletas e organizadores de eventos esportivos; inclusão de temas sobre sustentabilidade oceânica nos currículos de cursos de Educação Física; certificações e selos de sustentabilidade para eventos esportivos; garantir a infraestrutura necessária para tornar as praias acessíveis a todos; e envolvimento das comunidades costeiras no planejamento e na implementação de atividades esportivas em ambientes costeiros.
“Esperamos inspirar uma nova visão sobre como as atividades esportivas podem fortalecer a proteção do oceano, estimular políticas públicas, conscientizar o setor privado e enriquecer nossa relação com o mar. Existe um ambiente favorável a uma ação positiva, envolvente e transformadora”, conclui Omar Rodrigues.
Fundação Grupo Boticário
Com 35 anos de história, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para conservar o patrimônio natural brasileiro. Com foco na adaptação da sociedade às mudanças climáticas, especialmente em relação à segurança hídrica e à proteção costeira, a instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada em todos os setores.
Alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, considera que a natureza é a base para o desenvolvimento social e econômico do país. Sem fins lucrativos e mantida pelo Grupo Boticário, a Fundação Grupo Boticário contribui para que diferentes atores estejam mobilizados em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já apoiou mais de 1.800 iniciativas em todos os biomas no país.
Protege duas reservas naturais de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil pelo desmatamento –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com 1,4 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas.
A instituição é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador e presidente do Conselho do Grupo Boticário, criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. | www.fundacaogrupoboticario.org.br | @fundacaogrupoboticario (Instagram, Facebook, LinkedIn, Youtube, TikTok).
UNESCO
A Representação da UNESCO no Brasil tem como objetivo apoiar a formulação e implementação de políticas públicas que estejam em consonância com as estratégias
definidas pelos Estados-membros nas Conferências Gerais da UNESCO. A Organização promove essa atuação por meio de projetos de cooperação técnica, realizados em parceria com instâncias governamentais e setores da sociedade civil, sempre que esses projetos contribuam para políticas públicas focadas no desenvolvimento sustentável.
UNIFESP
A Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) é uma instituição pública de ensino superior amplamente reconhecida pela excelência acadêmica, pela formação de profissionais altamente qualificados, pela produção de conhecimento e pela promoção do desenvolvimento social.
No Campus Baixada Santista, destacam-se cursos voltados para as ciências da Saúde e do Mar, que impulsionam projetos de grande relevância nacional e internacional nessas áreas. Entre eles, destaca-se o Programa Maré de Ciência, que promove a disseminação da cultura oceânica para toda a sociedade, conectando ações locais aos desafios globais propostos pela Agenda 2030 da ONU.