Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
Escrevo nessa manhã fria de sábado, tranquilo.
Olho pela janela, vejo o azul do céu e penso: o dia vai esquentar. Em artigo anterior, mencionei meu gosto pelos temas medievais, pelas filosofias antigas, a alquimia, o esoterismo fecundo da época pré-renascentista.
Porém tenho interesse pelo futuro, pelas ficções científicas, pois, assumo, como católico apostólico romano que tenho fé e esperança na vida eterna, uma concepção teleológica da história, uma finalidade, um fim último.
Gosto de apreciar as conquistas científicas, as realizações impensáveis que a ciência e tecnologia nos proporcionam, o mundo fantástico que se descortina, os elevadores, as escadas rolantes, os foguetes aeroespaciais, os mísseis, assim como também, a nanotecnologia de consequências imprevisíveis.
Porém, não abro mão da Santa Missa, do rosário, das orações católicas, e da proteção de São Miguel Arcanjo. Também confesso a alegria de rezar diariamente a oração de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, os jesuítas.
Uma oração conhecida por quase todos: “Alma de Cristo, santificai-me, corpo de Cristo, salvai-me, sangue de Cristo, inebriai-me ……”. Quase no final dessa oração tem uma parte que me apego muito: “do espírito maligno, defendei-me….”
Sim, tenho bem claro em minha cosmovisão, em minha concepção cotidiana da vida, a necessidade da cautela, prudência, pois, sabemos que “os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da Luz”, ou como já cantava o poeta: “são demais os perigos dessa vida para quem tem amor”.
Escrever nas manhãs frias exige mais um cuidado, aquecer as mãos, “desencarrancar” as mãos, fazer o sangue circular, para que os dedos tenham agilidade suficiente, antigamente, à mão, na caneta e lápis, depois a máquina de escrever e, agora, o teclado leve, quase imperceptível, do notebook.
São os avanços da tecnologia, a simplificação da vida, o poder de apertar o botão, ou, melhor, o poder do mouse.
Minha atitude diante das novas tecnologias sempre foi ambígua, ou seja, de espanto e admiração, lembro-me quando vi pela primeira vez o avião franco-britânico, Concorde, no Aeroporto do Galeão, um avião supersônico, na década de 70.
A magia da viagem Rio-Paris, muito rápido, um fantástico pássaro metálico, a ruptura da barreira do som.
Eu morava nos Alojamentos dos Estudantes da UFRJ, na Ilha do Fundão, rota de todos os aviões, basta olhar o mapa do Rio de Janeiro, mais especificamente, da Baia da Guanabara, a rota Galeão-Fundão-Mundo, e todo o idealismo de uma juventude saudável e estudiosa.
Também, sempre me deparei com os aspectos perversos das novas tecnologias, poluição, devastação ambiental e, agora, de um modo mais sutil, as fake News, as lavagens cerebrais, o ante intelectualismo, a massificação da cultura, as mentes arrasadas pelo poder da engenharia cibernética, as sutis manipulações coletivas e individuais.
Tecnologia, bem e mal, a concepção dialética da vida, o eterno movimento entre a “escuridão e a claridade”.
Voltei a considerar maravilha da ciência e da tecnologia, ao ver a vitória das vacinas contra a grande “peste negra” contemporânea, a corona vírus, o quase fim de um pesadelo.
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br