Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
Escrevo na tranquilidade dessa manhã de sábado, ouvindo um violonista russo (Estas Tonne), antes de sair, com a zica e, pedalando vagarosamente pelo centro da cidade, pela rua Hercílio Luz até o Mercado do Peixe, voltando, quase sempre pela Beira Rio. Uma pequena faixa de terra, um espaço mágico que define, ao meu modo, a singela geografia urbana, um confortável ponto de referência para o exercício da “arte de pensar”.
Inevitavelmente, penso a conjuntura, avalio as decisões nacionais, e, também, fico muito contente com as considerações recebidas a respeito do meu último artigo “Semana da Pátria”, uma discreta lembrança dos “sete de setembro” da minha memória.
Essa última semana foi nervosa, agressiva pelas manifestações intempestivas, pela explicita tentativa de um golpe antidemocrático, travestido de singelas vestimentas com as cores de nossa sagrada bandeira nacional. Pessoas ingênuas, manipuladas pelas poderosas fake News, investindo contra algo muito precioso que é a normalidade democrática, duramente conquistada em décadas de lutas contra a ditadura militar.
Mentalidades ingênuas e mal formadas, uma compreensão histórica modesta, fruto, quase sempre, de uma lavagem cerebral irreversível.
O país desgovernado, os preços fugindo do controle, uma péssima imagem internacional, mortes excessivas na pandemia e aposta no golpe, na irracionalidade contra os poderes constituídos, um Brasil governado por gente despreparada, amadores, manipuladores de uma paixão nacional mal orientada, como se diz, na linguagem corriqueira, os tais “rebeldes sem causa”.
Felizmente, foram derrotados nessa inesquecível Semana da Pátria, prevaleceu o bom senso da maioria, o espírito legalista democrático e, voltamos à normalidade, as coisas estão voltando ao seu devido lugar.
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Temos que enaltecer a competência, o equilíbrio e a visão do ex-presidente Temer, que foi decisivo ao restabelecer o diálogo entre o executivo e o judiciário, alertando ao atual presidente Bolsonaro para ele “colocar os pés no chão”, acabar com os delírios autoritários e governar dentro do “feijão com arroz”, tocar o mandato até o fim, sem maiores sobressaltos e entregar a faixa presidencial ao legítimo sucessor, seja lá quem for.
Temos inúmeros problemas pela frente, o Brasil precisa voltar a crescer, torna-se necessário investimentos substanciais nacionais e internacionais, e, sabemos, desde muito tempo, que o capital tem horror aos riscos.
O mínimo que qualquer Executivo deve dar à nação é a estabilidade politica e emocional, um justo equilíbrio entre os poderes constituídos, o que se denomina normalidade democrática.
“Governar é encurtar distâncias” como já dizia o saudoso homem público, itajaiense, Antônio Carlos Konder Reis, referindo-se não somente às distâncias geográficas e sim, à necessidade do diálogo permanente, entre as instituições, estabelecer a paz normal da vida pública. Felizmente, as ameaças que antecederam essa nervosa semana da pátria não se concretizaram, não houve violência nem derramamento de sangue, as rodovias foram desobstruídas, e a vida, aparentemente, voltou ao normal.
Agora temos que correr atrás do prejuízo, condições fundamentais para a retomada do crescimento econômico.
Torna-se necessário que os brasileiros reflitam sobre esse momento, que façam autocríticas, e não percam a esperança em um Brasil grande, justo e fraterno.
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
NR: Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores
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