Investimento federal direto via Bolsa Atleta em nove dos dez medalhistas olímpicos do Brasil em Tóquio supera R$ 5 milhões

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Só no ciclo Rio – Tóquio, aporte para os brasileiros que já subiram ao pódio na capital japonesa foi de R$ 3,5 milhões. Digital do programa da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania só não está na prata de Rayssa Leal, que ainda não tem idade para receber

Dez das 11 medalhas conquistadas  por brasileiros nos Jogos Olímpicos de Tóquio têm em comum a digital do Bolsa Atleta. O programa de patrocínio direto do Governo Federal repassou R$ 5,11 milhões para nove dos dez medalhistas nacionais desde 2005. Levando em conta apenas o ciclo entre os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021, são R$ 3,53 milhões investidos diretamente via Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. A única exceção é Rayssa Leal, de 13 anos, prata no skate street. Ela ainda não integra o programa porque a legislação determina que a idade mínima para fazer parte do Bolsa Atleta é 14 anos.

 

Sete dos dez medalhistas brasileiros até agora em Tóquio integram a categoria Pódio, a principal do Bolsa Atleta. Ela é voltada para quem se posiciona entre os 20 melhores do mundo em suas modalidades e obtém resultados expressivos no cenário internacional. Prevê repasses mensais que variam de R$ 5 mil a R$ 15 mil, de acordo com os resultados. Estão nessa categoria nomes como os campeões olímpicos Ítalo Ferreira, do surfe, e Rebeca Andrade, da ginástica artística, assim como a bicampeã mundial Mayra Aguiar, medalhista olímpica pela terceira vez em Tóquio na categoria -78kg, e Bruno Fratus, terceiro colocado nos 50m livre.

Mais do que um aporte significativo, o Bolsa Atleta significa constância de investimento e parceria de longo prazo. Cara nova no judô para a maior parte da população brasileira, o judoca medalhista de bronze Daniel Cargnin, de 23 anos, já teve o nome publicado na lista de contemplados pelo Bolsa Atleta em dez anos distintos desde 2005.

“O apoio para o atleta, não só de alto rendimento, é essencial. Isso incentiva muito a pessoa a continuar. Eu entrei muito cedo no Bolsa Atleta, ainda na categoria Estudantil, depois passei para a Nacional, depois para a Pódio. Eu vivi uma evolução, sabe? É uma coisa que sempre me ajudou a me manter no judô. O alto rendimento é difícil, mas com esse apoio eu me sentia tranquilo para treinar, ter um plano de saúde bom. Isso tudo desencadeia coisas positivas para um atleta chegar lá”, afirmou o terceiro colocado na categoria -66kg.

Mayra Aguiar é outra judoca que anda na companhia do Bolsa Atleta há tempos. São 11 editais com o nome dela na lista de contemplados. Rebeca Andrade já recebeu a Bolsa Atleta em nove anos diferentes. Os mais recentes na lista são os integrantes do skate e do surfe, que passaram a fazer parte de forma mais frequente nos editais a partir do momento em que as modalidades entraram no programa olímpico.

“O Bolsa Atleta tem me ajudado bastante e será ainda mais importante para a galera que vai começar agora. Eu acredito que as medalhas que conquistamos aqui podem popularizar muito o skate, e ter esse recurso do Governo Federal vai ser essencial para a galera continuar, porque o alto rendimento não é fácil, gera custos”, afirmou Kelvin Hoefler, prata no street.

 

Ao lado até quando tudo falta

Para outros, como Bruno Fratus, o Bolsa Atleta simboliza uma companhia essencial inclusive em tempos turbulentos. “Pelo menos para mim, o Bolsa Atleta foi crucial nesses últimos cinco anos. Depois da Olimpíada do Rio, eu perdi absolutamente todos os patrocínios que tinha e não tive o contrato com o clube renovado. Hoje sou medalhista olímpico, ok, mas já passei por situações onde num domingo você nada uma final olímpica e na segunda-feira não tem mais nada entrando. Então, o Bolsa Atleta segura a gente nesses momentos. É o que te dá tranquilidade. Você sabe que está lá por você. Você tem o lastro do Governo Federal do Brasil te ajudando, te incentivando e te empurrando para frente”, comentou Fratus, contemplado em oito editais do Bolsa Atleta desde 2005.

Fernando Scheffer, primeiro nadador desde Gustavo Borges a subir ao pódio nos 200m livre, também tem a Bolsa Atleta como parceira faz tempo. Há oito anos o atleta de 23 anos treina com o suporte do programa de patrocínio direto do Governo Federal. “É fundamental para a gente esse aporte financeiro para dar mais qualidade ao nosso treinamento, comprar material, custear viagens, situações importantes para a gente para chegar à hora certa e conseguir dar o nosso melhor. Ajuda demais”, disse o atleta.

 

Nação Bolsa Atleta

A delegação brasileira como um todo em Tóquio contou com 302 titulares, inscritos em 35 modalidades. Desses 302, 242 são atualmente integrantes do Bolsa Atleta, 80% da delegação. Se o futebol masculino, que não integra o programa, for retirado da conta, o percentual sobe para 86%. Em 19 das 35 modalidades com representantes nacionais em Tóquio, 100% dos atletas pertencem ao Bolsa Atleta.

Isadora Pacheco, do skate park, é a mais nova da Nação Bolsa Atleta em Tóquio, com 16 anos. Jaqueline Mourão, do ciclismo mountain bike, a mais experiente, com 45. Gustavo Tsuboi, do tênis de mesa, o atleta com a relação mais longeva: desde 2005 o nome dele apareceu na lista do Bolsa Atleta em 15 editais por suas performances.

Na abertura dos Jogos, dez campeões olímpicos estavam na lista, como Alison e Bruno Schmidt, do vôlei de praia, Arthur Zanetti, da ginástica artística, e a dupla de velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze. A relação foi ampliada, agora, com Rebeca Andrade e Ítalo Ferreira, que conquistaram o ouro em Tóquio.

Em 2021, a Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania divulgou uma lista recorde de contemplados pelo Bolsa Atleta. São 7.197 nomes, com 5.560 de representantes de modalidades olímpicas e outros 1.637 de modalidades paralímpicas, com um investimento previsto de R$ 97,6 milhões.

“O Bolsa Atleta é o maior programa de patrocínio direto do mundo e tem essa gradação de categorias exatamente para acompanhar os esportistas em cada uma das etapas de seu crescimento no alto rendimento”, afirmou o secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Marcelo Magalhães. “É um programa baseado em resultados obtidos. É um programa de mérito esportivo, diferente de um programa de assistencialismo”, completou o secretário Nacional de Alto Rendimento da Secretaria Especial do Esporte, Bruno Souza, ex-atleta olímpico do handebol.

 

R$ 750 milhões anuais

O investimento do Governo Federal via Bolsa Atleta é parte de um tripé que ajuda a dar consistência às políticas públicas voltadas ao alto rendimento. Só em 2020, a Lei das Loterias repassou ao Comitê Olímpico do Brasil (COB) R$ 292,5 milhões, valor que foi destinado em boa parte às diversas confederações filiadas ao COB. Outros R$ 163,1 milhões foram repassados ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e mais R$ 82 milhões ao Comitê Brasileiro de Clubes (CBC).

Além disso, apenas neste ciclo olímpico, entre 2016 e 2021, a Lei de Incentivo ao Esporte do Ministério da Cidadania teve 699 projetos voltados ao alto rendimento aprovados para captação de recursos. O valor captado no período superou os R$ 640 milhões.

Paralelamente, o Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas investe cerca de R$ 38 milhões anuais em 540 atletas, que contam com os direitos da carreira militar e respaldo adicional para a preparação esportiva.

“O Governo Federal Brasileiro é o principal patrocinador do olimpismo no Brasil. A soma dos recursos repassados anualmente ao esporte olímpico e paralímpico via Lei das Loterias, Lei de Incentivo ao Esporte e Bolsa Atleta supera os R$ 745 milhões”, afirmou o ministro da Cidadania, João Roma.

“O Governo Federal tem sua participação marcante dentro do cenário nacional do esporte com a Bolsa Atleta, a Bolsa Pódio, a Lei de Incentivo, a presença das Forças Armadas, isso tudo consolida um suporte indispensável que se soma aos esforços do COB com seus recursos”, afirmou o presidente do COB, Paulo Wanderley.