Bom, estamos – relatando o pouco da História do dia 1 de Abril de 2010 – onde Itajaí entrava oficialmente para o mundo náutico internacional, através da The Ocean Race, (Volvo Ocean Race). Tudo aconteceu por mera casualidade, quem relata nesta entrevista exclusiva é o padrinho da The Ocean Race: ex-deputado e secretário de Estado: Paulo Bornhausen!
Adilson Pacheco
Editor Regatanewa.com.br
Paulo Bornhausen :
“Encontrei a Dione que me relatou estar triste em ter que se mudar par Espanha em função do comprometimento profissional do seu marido com a VOR.
Naquele momento, me fez um desafio de trazermos o evento para SC e talvez construir um novo barco brasileiro para participar da competição.
Comprei a ideia e imediatamente liguei ao Governador Luís Henrique da Silveira que autorizou “
Regata News – Como surgiu a possibilidade de Santa Catarina sediar um evento de porte mundial como a Volvo Ocean Race?
Paulo Bornhausen -Alguns fatores abriram a oportunidade para a Volvo Ocean Race ter uma parada em Santa Catarina. Até então, o Rio de Janeiro era a cidade sede da competição no Brasil. Com a aproximação da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a Volvo Ocean Race se tornaria mais um evento no calendário carioca. Na visão dos organizadores, isso não estava a altura da maior regata volta ao mundo. Além disso, a reforma na Marina da Gloria, que receberia as embarcações, não ficaria pronta a tempo. A equipe da regata começou a busca por uma nova sede na América do Sul. Várias cidades foram procuradas: Montevidéu, Buenos Aires, Angra dos Reis, Salvador, São Sebastião – em São Paulo. Em Santa Catarina, Florianópolis foi a primeira cidade sondada, mas o projeto não foi adiante. Tínhamos ficado de fora da Copa, mas com muita determinação de mostrar que Santa Catarina teria capacidade de realização de um evento esportivo de magnitude internacional. O Governador Luís Henrique da Silveira comprou a ideia e garantiu o apoio do estado para realizar o evento. Então, na continuidade, surgiu a oportunidade de trazer o evento para Itajaí. Quando levei a ideia ao prefeito Jandir Bellini, ele pensou que fosse loucura, mas abraçou o projeto e fomos adiante.
“Dione é a madrinha da parada em Itajaí. E Luís Henrique o padrinho.”
Regata News – Casal Carabelli teve uma significativa participação neste processo?
Paulo -Total. Sou amigo da Dione, e por extensão do Horácio há muitos anos. Nossos filhos Gabriel e Bruno estudaram juntos e são grandes amigos também.Num desses eventos esportivos do colégio que estudavam, encontrei a Dione que me relatou estar triste em ter que se mudar para Espanha em função do comprometimento profissional do seu marido com a VOR.
Naquele momento, me fez um desafio de trazermos o evento para SC e talvez construir um novo barco brasileiro para participar da competição. Comprei a ideia e imediatamente liguei ao Governador Luís Henrique da Silveira que autorizou iniciarmos as tratativas em nome do governo catarinense e designou o competente Secretário Alexandre Fernandes para executar a tarefa em seu nome.
Dione é a madrinha da parada em Itajaí. E Luís Henrique o padrinho.
“Primeiro veio a coragem do prefeito Jandir Bellini em topar o desafio.Ele nunca tinha ouvido falar da Volvo Ocean Race.O tamanho do evento e o desafio de assumir tal compromisso assustou”
Regata News -Esperava o sucesso que se cedeu?
Paulo – Quem acompanhou os preparativos de perto – como eu, representando o governo de Santa Catarina, agora já em nome do governador Raimundo Colombo –, viu o envolvimento da cidade e da região, o apoio de entidades municipais, regionais e do governo do Estado e teve a certeza de que Itajaí não ia fazer feio mesmo durante os preparativos. Mas a cidade se superou, foi além das expectativas, e apresentou uma das melhores paradas de todos os tempos da regata, isso atestado pelos próprios organizadores internacionais.
Segundo bloco da entrevista com Paulo Bornhausen
Regata News -Legados que Volvo Ocean Race deixou para Itajaí e Santa Catarina?
Paulo – A própria experiência de organizar um evento internacional do porte da Volvo Ocean Race, inédito no Estado, foi um grande legado. Antes das Olimpíadas, antes da Copa do Mundo, num tempo muito curto de pouco mais de um ano de preparativos, Itajaí e Santa Catarina mostraram ao mundo que estavam aptas a receber eventos internacionais de grande monta e isso é fundamental na atração de outros eventos deste porte para o estado. Que trazem agregado o olhar do mundo para Santa Catarina, que trazem investimentos para cá, turistas, esportistas. Hoje, depois do sucesso da etapa catarinense da Volvo Ocean Race, somos conhecidos na Europa, no Oriente Médio, na China, e nas demais regiões em que a regata passou. Nossa expertise em eventos de ponta ficou notória. E isso é um legado valioso que vai além do próprio sucesso local e nacional do evento no tempo em que ele ocorreu por aqui.
Amilcar vai do macro aos detalhes sem deixar escapar nada e, por certo, muito do sucesso da Volvo Ocean Race em Itajaí está associado ao trabalho que desenvolveu com o grupo que formou
Regata News – -Volvo Ocean Race aconteceria sem a presença do engenheiro Amílcar Gazaniga?
Paulo- Primeiro veio a coragem do prefeito Jandir Bellini em topar o desafio. Ele nunca tinha ouvido falar da Volvo Ocean Race. O tamanho do evento e o desafio de assumir tal compromisso assustou. O desconhecido nos assusta, e, político experiente que é, Jandir conhece as dificuldades do serviço público na organização de um evento desse porte em tempo curto. Mas, depois que se convenceu de que a empreitada traria um ganho extraordinário para a cidade e para o estado, topou e indicou o Amilcar para chefiar a equipe que organizaria o evento por aqui. E a escolha não poderia ser mais acertada. Amilcar Gazaniga é um gestor experiente e arrojado como há muito poucos no Brasil. Sua capacidade de planejamento e de gestão são enormes e ele soube agregar as pessoas certas, no tempo certo e envolver toda a comunidade no projeto. Amilcar vai do macro aos detalhes sem deixar escapar nada e, por certo, muito do sucesso da Volvo Ocean Race em Itajaí está associado ao trabalho que desenvolveu com o grupo que formou, onde se destaca o competente Engenheiro João Luís Demantova, e com o apoio incondicional do prefeito Jandir Bellini, sem o qual não seria possível esse sucesso todo.
Outras entrevistas do Caderno Especial 10 Anos de The Ocean Race:
Horácio e Dione Carabelli: Eles provocaram uma parada da Regata The Ocean Race em Santa Catarina
Regata News -Futuro de Itajaí dentro desta ótica náutica
Paulo -Já está aí, aliás. Temos a Transat Jacques Vabre este ano(2013) – mais uma regata transoceânica chegando na cidade(2014). Temos estaleiros de diversos portes e segmentos em atividade ou se instalando na cidade e região. Temos o projeto da Marina de Itajaí – um sonho de décadas –, sendo construída. A Volvo Ocean Race, de muitas formas, voltou o olhar da cidade para sua natural vocação marítima e atraiu investimentos do setor, e de outros setores de alto valor agregado, para a região. O futuro é promissor. Como gosta de dizer o prefeito Jandir Bellini utilizando-se do slogan dos 150 anos da cidade, ocorrido em 2010: “Itajaí: o futuro está aqui”. E, com certeza, é um futuro que inclui a vocação marítima de Itajaí e sua ligação com o mundo.
A regata abriu uma janela para que empresários de todo o mundo conheçam os potencial de Itajaí e da região
Regata News -A empresa italiana Azimut Benetti e agora regata Jacques Vabre veio para Itajaí devido ao sucesso de um evento internacional?
Paulo -Com certeza esse foi um dos fatores que atraíram estes e muitos outros investimentos e eventos para a cidade e região. A regata abriu uma janela para que empresários de todo o mundo conheçam os potencial de Itajaí e da região. Temos aqui excelentes estaleiros, vocação náutica histórica, povo trabalhador e, de quebra, a cidade está localizada é uma das mais bela região do litoral sul do Brasil. Itajaí mostrou garra e superação, vencendo grandes, mostrando ao mundo, uma grande competência. Isso tudo pesa em decisões de investidores. A experiência e os equipamentos que ficaram para a cidade nos permitirão receber eventos de porte internacional, como a Transat e a próxima edição da própria Volvo Ocean Race.
Regata News -O que faltou para ser melhor?
Paulo -Difícil dizer. Sob todos os aspectos tivemos muito perto da perfeição naqueles dias em que a Volvo Ocean Race esteve em Itajaí. Até o tempo ajudou. E as pessoas, o povo de Itajaí e os turistas que chegaram na cidade, todos ficaram encantados com o evento. Todos ficaram meio boquiabertos.
Revista Digital Regata News – Edição Especial – 10 anos da The Ocean Race em Itajai