Geórgia Silva – Comandante do veleiro Felcidue – Minha participação na Semana de Vela de Ilhabela 2019

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Geórgia Silva
Nutricionista,Atleta Velejadora, 3° Sargento da Marinha, Comandante do veleiro Felcidue na  46ª Semana de Vela de Ilhabela  2019


 

O maior campeonato de vela oceânica do Brasil. Evento sensacional! Muitos participantes, organização impecável e diversão garantida.

Minha 4° participação na semana de vela de Ilhabela sob uma perspectiva diferente. Pela primeira vez como comandante pude vivenciar esse campeonato de outra maneira.

Começando pela organização: seleção dos tripulantes, inscrição, confecção de uniformes, logística do barco e da equipe, muita coisa a se pensar para apenas uma semana.

Nas competições como tripulante não pensava em toda preparação por trás. Hoje sou muito mais grata pelos comandantes que me selecionaram como integrante de suas equipes: Fernanda Oliveira, Nelson Ilha, Airton Scheinder, Samuel Albretch.  Nomes que fizeram a diferença na minha carreira como velejadora!

  Como comandante aprendi que o que importa mesmo é o bem- estar da tripulação que escolhemos para estar do nosso lado.

A gente acaba se preocupando com a segurança e como cada um está se sentindo. Queremos a vitória para que todos se sintam vencedores e voltem para casa com um sorriso no rosto e uma medalha no peito. Mas as vezes, não é isso que acontece. Em nossa participação acabamos tendo uma avaria no barco e no 4° dia tivemos que nos retirar da regata, o mastro quebrou. Parece uma situação frustrante para uma equipe que se preparou para finalizar a competição mas na verdade as situações acontecem e cabe a nós tirar o melhor delas. O mastro caiu e o que realmente importou para mim foi que todos saíram ilesos. Além disso, foi uma experiência que tivemos que saber como lidar. Evoluímos, cada um no seu processo!

 


 


 



Nos dias restantes alguns dos integrantes da equipe foram curtir uma praia, no paraíso de Ilhabela e outros, assim como eu, se realocaram em outras tripulações. Eu fui no barco C30 do comandante Alex e o Andrei e nossa mirim Isadora foram no barco San Chico do Comandante Francisco Freitas. Obrigada equipes por nos acolherem!

“Até aqui falei com um olhar de comandante. Agora vou falar como mulher no esporte.”

Percebi que quando anunciava para as pessoas que eu era comandante de um barco predominantemente feminino havia um olhar de surpresa e algumas vezes até de espanto. Acredito que a vela por ser um esporte predominante masculino gera isso nas pessoas.

Muitos podem dizer que o machismo faz parte do esporte mas o machismo pode estar em qualquer lugar e cabe a nós mulheres nos posicionarmos frente a qualquer situação que apareça. Confesso que no início me senti um pouco acuada por ser a única comandante mulher e ouvir algumas piadinhas dos homens ao meu redor. Mas ao longo do campeonato eu e todas mulheres que participaram da semana pudemos mostrar que nós podemos sim!

Foto: Adilson Pacheco/RN  Afinal, qual a diferença entre um velejador homem e uma velejadora mulher?

Conversei com mulheres que estavam no clube onde ocorreu o campeonato e algumas me relataram que não velejavam porque os maridos diziam que elas não teriam capacidade.

Pensando sobre esses relatos podemos refletir juntos. Qualquer um que inicie qualquer esporte enfrentará dificuldades e terá que desenvolver algumas capacidades para ter o desempenho que deseja. Primeiramente, no esporte da vela, terá que aprender como funciona um barco, usando a cabeça e mexendo o corpo!


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Aprender cada movimento, como funciona a regata, entender do vento. Depois terá que treinar, errar, acertar. Tudo isso faz parte do processo de aprendizado para qualquer atividade.

  !Será que as mulheres não conseguem mesmo velejar? Acho que eu e minhas colegas de barco provamos que podemos!

O mastro caiu? Caiu sim. Na realidade veio abaixo! Mas não foi porque somos mulheres. Poderia acontecer com qualquer um dos 120 barcos que participaram!

  Espero que meu depoimento possa incentivar as mulheres que desejam ingressar no esporte da vela ou em qualquer esporte. Nós podemos sim! Se vermos ou ouvirmos qualquer tipo de machismo cabe a nós não sermos vítimas dessas atitudes deploráveis e nos posicionarmos aprendendo e nos esforçando para sermos melhores. Provando para nós mesmo que podemos. Podemos sim e podemos muito mais do que imaginamos!

 

  Só tenho a agradecer ao idealizador e investidor desse projeto, o Raimundo Nascimento, que escolheu e confiou seu barco Felcidue a mim, uma mulher entre muitas velejadoras e velejadores desse Brasil.

Além disso, nos forneceu todo apoio, não só o financeiro, mas o apoio que uma equipe verdadeiramente precisa. O Raimundo e o Robson Oliveira (outra pessoa especial que estava envolvido na organização do projeto) estavam com a gente em todos momentos desde que chegamos no aeroporto de Congonhas até nossa volta. Torcendo e vibrando!

 Agradeço também as marcas Glulac e Magian Cacao que nos forneceram lanches saudáveis. Sou nutricionista e a bordo não podia faltar alimentos com boa qualidade nutricional.

 Agradeço a imprensa por nos acompanhar e nos dar destaque nesse evento! Fiz visitas na sala onde as notícias do evento foram geradas e pude observar que todos trabalhavam tantas horas quanto possível para manter aquecida as informações dessa semana especial. O engraçado é que eles não aparecem nas mídias porque eles fazem a mídia mas gostariam que soubessem vocês são demais! Sem vocês ninguém saberia a delícia que é participar desse campeonato.

Tantas pessoas para agradecer! Gostaria de citar o nome de cada uma delas mas em um só relato não caberia tanta gente. Então fica aqui meu muito obrigada por TODOS que passaram por mim nesse campeonato!

Finalizo meus agradecimentos para minha tripulação. Acredito que eles não tenham ideia de como foi bom tê-los do meu lado. Sou grata por aceitarem o convite e estarem comigo nessa semana. A saudade já estão batendo!

Se eu pudesse resumir essa semana em uma palavra seria EVOLUÇÃO!