O mar não apenas como cenário para práticas esportivas como também para a educação profissionalizante e a criação de uma cultura ambientalmente responsável,
*Joana Coccarelli,Rio de Janeiro
http://axelgrael.blogspot.com.br/
Post -25/03/016-17:07
O mar não apenas como cenário para práticas esportivas como também para a educação profissionalizante e a criação de uma cultura ambientalmente responsável: isso resume a ideia por trás do Instituto Rumo Náutico, mais conhecido como Projeto Grael, com sede em Niterói, Rio de Janeiro.
A iniciativa foi idealizada em 1996 pelos velejadores medalhistas olímpicos Torben e Lars Grael, Marcelo Ferreira, além de Axel Grael, irmão de Torben e Lars. Em 1998, o projeto tornou-se realidade, e começou a promover entre os jovens a “Cultura da Maritimidade”, ou seja, a interação da sociedade com o mar. Desde então, por lá se passaram nada menos do que 16 mil alunos – todos em caráter gratuito.
Esporte, Educação e Meio Ambiente
Christa Grael, coordenadora geral do projeto, informa que o ensino da vela promovido no Instituto Rumo Náutico está ancorado nos quatro pilares educacionais da Unesco: autoconfiança, disciplina, o desenvolvimento da liderança e o sentido de equipe; mas utilizando o barco como instrumento de educação. “Aprender a velejar desenvolve a percepção de fenômenos e atributos da natureza”, diz ela. “O velejador adquire a sensibilidade para compreender as correntes e as marés, as rajadas de vento e suas variações, conhece outros fenômenos meteorológicos como formação de nuvens. Essa capacidade constitui em um importante passo para uma consistente educação ambiental”, completa.
Um dos melhores exemplos do alcance do projeto Grael é o velejador Samuel Gonçalves. Samuca, como é conhecido, foi aluno de 2001 a 2004 e, na sequência, representou o Instituto em competições de barco à vela, e chegou a ministrar um curso de Marinharia para os pais dos alunos durante um semestre inteiro. Hoje, Samuca é o proeiro de Lars Grael, e foram, juntos, campeões mundiais de Vela na classe star em 2015. Para Lars Grael ser campeão mundial ao lado de um aluno oriundo do projeto Grael é “uma realização, um orgulho”, ressaltou. Já Samuel mostra que é além de um grande velejador, um multiplicador dos ideais do projeto: “Nosso país não tem cultura esportiva, principalmente na área náutica. O Projeto Grael está ajudando a propagar conhecimento náutico dentro do nosso país”, diz ele.
Aspecto Social É Chave
A importância do aspecto social do projeto é, para Samuel, outro ponto forte. O atleta vê na cultura da Maritimidade um grande suporte moral e educacional para jovens de origens mais carentes: “Alguns conceitos importantes são transmitido aos alunos, como respeito à natureza, cuidar de algo que não é seu mas você pode usar, tomar decisões sozinho, assumir seu próprio erro e tentar corrigi-lo, saber ganhar, perder e saber apenas competir…”
Christa Grael completa: “A vela impõe senso de oportunidade e risco, de desafio, de limite e de respeito às adversidades. É um esporte que estimula o interesse pela tecnologia, pela física, pela matemática e essa potencialidade auxilia a compreensão e o aprendizado na escola regular”.
O alcance social não seria tão grande se aulas de vela e cursos profissionalizantes não fossem oferecidos gratuitamente. Para que isso seja possível, o Instituto Rumo Náutico recebe recursos de patrocinadores privados (por meio de incentivos fiscais), doações individuais e repasses públicos, por intermédio deconvênios. Entre os principais apoiadores do exercício 2015/ 2016 estão Volvo, CCR, BG Brasil, Instituto Lojas Renner, Akzo Nobel e Aelatory.
Outra aliança que beneficia os alunos é a parceria com instituições públicas e privadas que oferecem outras vivências. É o caso, por exemplo, do curso de Marinheiro Auxiliar de Convés, ministrado pela Marinha do Brasil nas dependências do Instituto Rumo Náutico.
Projeto visa estreitar a relação do brasileiro com o mar
Em 2016 o Projeto Grael abriu inscrições para os cursos de Desenvolvimento Esportivo e de Iniciação Profissionalizante, que inclui mecânica de motor de popa, marcenaria, carpintaria, fibra de vidro, capotaria (costura náutica) e eletroeletrônica para alunos de 9 a 29 anos, desde que estejam matriculados ou tenham concluído o Ensino Médio em escola pública.
Para Samuel, o grande ganho transcende a programação oficial do Projeto: “O principal é o carinho e o respeito que os alunos recebem – e aprendem a dar de volta para as pessoas ao seu redor.”
Para Lars Grael é muito importante que o país melhore sua relação com o mar, tanto na questão ambiental como na questão do acesso a ele: “Temos uma costa enorme mas o brasileiro conhece apenas a praia, não o mar. Perdemos incríveis oportunidades de desenvolver a cultura náutica e ao mesmo tempo acabamos por descuidar ambientalmente do mar – por não haver essa relação mais íntima. O projeto Grael explora essas duas frentes e o desenvolvimento de cidadãos conscientes. Ser um campeão na vela é um detalhe: queremos dar oportunidade as pessoas a desenvolverem boas atitudes na vida e com o mar”, conclui Grael.
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*Edição – Adilson Pacheco
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