- Da redação
A lenda da vela brasileira Torben Grael destaca como a mentalidade vencedora pode ser aplicada à saúde do oceano no evento “Racing for the Ocean: Faster and Smarter”
📍 COP30 em Belém, Brasil © Sophie Valerie Hulme | Communications INC
19 de novembro de 2025, Belém, Brasil. Na COP30, realizada em Belém, a The Ocean Race trouxe o espírito e a determinação da vela oceânica para o centro das negociações globais sobre o clima com o evento Racing for the Ocean: Faster and Smarter. Inspirado na forma como os velejadores enfrentam a incerteza, resolvem problemas sob pressão e nunca desistem, o encontro incentivou líderes a adotarem essa mesma mentalidade para proteger o oceano e ajudar a estabilizar o clima do planeta.
O ícone da vela brasileira, campeão olímpico e vencedor da The Ocean Race, Torben Grael, compartilhou como uma vida no mar moldou sua compreensão sobre resiliência, responsabilidade e perseverança — características essenciais não apenas para vencer regatas, mas também para proteger o planeta:
“A vela é um esporte muito difícil porque envolve água e vento, ambos imprevisíveis e às vezes perigosos. Você comete muitos erros porque não pode prever tudo o que vai acontecer”, afirmou. “Estou velejando há 50 anos e é o mesmo com o nosso planeta: enfrentamos obstáculos, mas precisamos continuar voltando, aprendendo e melhorando. Devemos analisar o que deu errado, decidir o que corrigir e fazer melhor da próxima vez. É assim que vencemos esta corrida pelo oceano.”
A COP30 reuniu mais de 55 mil participantes, incluindo chefes de Estado, cientistas, jovens, lideranças indígenas e ONGs no coração da Amazônia, marcando um momento decisivo para transformar promessas em ações concretas.
No evento, a The Ocean Race uniu especialistas globais para explorar os resultados do Planetary Health Check 2025 (Camada Oceânica) e destacar a necessidade urgente de proteger os sumidouros naturais de carbono, reforçar a ciência oceânica e revitalizar a conexão da humanidade com o mar.
📍 COP30 em Belém, Brasil © Sophie Valerie Hulme | Communications INC
A Lucy Hunt, Diretora de Impacto Oceânico da The Ocean Race, apresentou os principais resultados do Planetary Health Check, lançado na Assembleia Geral da ONU em setembro. Ela explicou:
“Assim como um exame de sangue revela a saúde do corpo humano, o Planetary Health Check avalia os sistemas vitais da Terra, 13 variáveis de controle em nove Limites Planetários que mantêm nosso planeta estável e habitável. Os resultados de 2025 são preocupantes: sete dos nove limites foram ultrapassados, incluindo Mudança Climática, Acidificação dos Oceanos, Alteração dos Sistemas Terrestres e Integridade da Biosfera. Todos mostram pressão crescente, o que significa que a saúde do planeta está se deteriorando. Apenas dois permanecem dentro de limites seguros: Ozônio Estratosférico e Aerossóis Atmosféricos. Precisamos urgentemente de ações mais rápidas e ousadas.”
O Peter Thomson, Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para o Oceano, destacou a urgência crescente:
“A saúde do oceano está, atualmente e de forma mensurável, em declínio. Mas há esperança. Em todo o mundo, a ciência oceânica avança em um ritmo nunca visto antes. Cada grande encontro científico sobre o oceano está superlotado, há uma determinação crescente em agir.”
O Richard Brisius, Presidente da The Ocean Race, enfatizou o papel único dos velejadores e do esporte na proteção dos oceanos. Ao refletir sobre o legado da regata na defesa ambiental, Brisius lembrou a inspiração de Sir Peter Blake, lendário velejador e defensor do meio ambiente:
“Após dar cinco voltas ao mundo em regatas, Sir Peter Blake dedicou o resto da vida a proteger nosso planeta azul. Há 24 anos, ele esteve aqui em Belém, em sua última expedição à Amazônia. Sua missão era simples: ir a lugares, se inspirar e transmitir essa inspiração.”
Brisius concluiu:
“Os velejadores dependem do oceano: ele é nossa pista de corrida, nossa casa, nosso professor. Temos a responsabilidade de protegê-lo. A The Ocean Race é mais que um evento esportivo; é uma plataforma global para reconstruir nossa relação com o oceano. Assim como os velejadores navegam no desconhecido com coragem, determinação e trabalho em equipe, o mundo precisa traçar um novo rumo — um que respeite os limites planetários e proteja o oceano para as futuras gerações.”













