Brasil 1 – porta da vela brasileira no cenário náutico internacional.

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April 17, 2015. Onboard Team Alvimedica during the ProAm3 race in Itajai.

Brasil 1 – porta da vela brasileira no cenário náutico internacional.

Por: Alexandre Santos

O histórico veleiro Brasil 1, comandado por Torben Grael na edição 2005-06 e terceiro colocado na então Volvo Ocean Race [hoje The Ocean Race], que é a maior e mais disputada regata de volta ao mundo, fez história.

 

Alexandre Santos/ Foto: Adilson Pacheco RN

O barco ficou conhecido na época por ter uma ter uma tripulação quase toda nacional e ter sido construído no País. A participação desse barco na regata de volta ao mundo fez com que muitos brasileiros torcessem pelo time de vela, despertou muitos talentos para a modalidade esportiva e deu um novo fôlego para a vela no Brasil. Itajaí é o mais puro exemplo disso: foi um dos portos de parada em três edições da Volvo Ocean Race e o stopover está já confirmado para a próxima edição, que agora é a The Ocean Race. E também dá para dizer que o Itajaí Sailing Team é um dos frutos, mesmo que indiretamente, do Brasil 1.

Inclusive, o velejador e amigo do Itajaí Sailing Team Torben Grael [que venceu a edição 2008-09 da VOR no comando do barco Ericsson 4] não se cansa de dizer que a participação do Brasil 1 naquela edição da Volvo Ocean Race abriu as portas para a vela brasileira no mundo afora. Além de Torben Grael, que na edição de 2008-09 foi campeão da Volvo Ocean Race, outros velejadores se destacaram. André ‘Bochecha’ Fonseca e Joca Signorini, que disputaram outras edições da concorrida regata [seja como tripulante ou no comando] são nomes que despontaram junto com o Brasil 1.

A participação barco brasileiro na desafiante regata de volta ao mundo também rendeu um interessante livro: Brasil 1: A aventura brasileira na volta ao mundo. A obra relata a quebra do mastro de 32 metros de altura a dois mil quilômetros da costa australiana e a passagem pelo temido Cabo Horn [considerado um cemitério de barcos], passando pela a heroica travessia do Atlântico norte quando a embarcação foi atingida por uma tempestade atroz, até a vitória na etapa Inglaterra-Holanda e a parada no Rio de Janeiro, que atraiu 170 mil pessoas à Marina da Glória.

A obra destaca ainda que o Brasil 1 foi mais do que um sonho e um desafio de colocar um barco brasileiro numa regata desta envergadura e que isso só foi possível graças a um grupo de empresários, sob o comando do também empresário e medalhista olímpico Alan Adler e do medalhista olímpico Grael. O barco foi construído num estaleiro de Indaiatuba e projetado pelo designer Bruce Farr.

 

Além do primoroso trabalho do jornalista e velejador Murilo Novaes no livro, tem o documentário em longa-metragem “Senhores do Vento”, dirigido por Isabella Nicolas. O filme mostra muita adrenalina com uma boa dose de humor, que costuram a aventura dos primeiros brasileiros a enfrentarem os mares na regata de volta ao mundo Volvo Ocean Race. Costelas quebradas, colisão com baleias, mastro quebrado, travessia do deserto australiano sobre um caminhão são algumas das aventuras vividas pela tripulação, que acabou conseguindo um lugar num dos pódios mais cobiçados do esporte mundial.

 

 

https://www.instagram.com/regata_news.sc/

O longa “Senhores do Vento” será disponibilizado também no Youtube no dia 17 de junho, para comemorar os 15 anos do Brasil 1, a porta da vela brasileira no cenário náutico internacional.

O autor é velejador, manager e comandante do Itajaí Sailing Team.