Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
Escrevo nessa manhã linda e plena de luz, ouvindo Beethoven (Moonlight Sonata), inspiradora, na véspera do aniversário da minha cidade Itajaí.
Desculpem-me o egocentrismo ao escrever “minha” cidade, pois é de todos, uma cidade aberta, um ponto luminoso no globo terrestre. O pronome possessivo apareceu por acaso pois nasci em Itajaí, e sinto-me um cidadão do mundo, sou católico e, portanto, universal, desde Roma, desde Atenas, desde Jerusalém. Ouço um gênio que viveu entre os séculos 18 e 19, um alemão surdo que, no entanto, ouviu os sons celestiais, a própria essência da beleza suprema, a música dos anjos e arcanjos.
Itajaí é uma cidade alemã, basta andar pelo cemitério da Fazenda e ler os nomes, reviver a Fábrica de Papel e observar as fotos da Escola Alemã, de nossa cidade, a elegância e a exatidão de suas praças, o rio Itajai, caminho necessário aos colonizadores de Blumenau. Muitos itajaienses brilharam em Blumenau, Décio Lima foi prefeito por duas vezes, Victor Konder, foi talvez, o maior vulto de Blumenau e era daqui, foi ministro, filho da dona Adelaide e do seu Marcos Konder.
https://www.instagram.com/scbrasilteam/
O filho do seu Irineu Bornhausen e dona Marieta, o caçula Jorge, filho de Cabeçudas também brilhou em Blumenau, antes de ser o governador, senador, ministro. Antônio Carlos Konder Reis, ilustre filho de Itajai, orador incomparável, honrou a nossa cidade até o fim, atuante nas últimas constituições brasileiras.
Dizem que o maior itajaiense foi Lauro Muller, o primeiro papa siri com projeção nacional, homem de envergadura na Proclamação da República, jovem tenente que foi avisar o Marechal Deodoro, dos acontecimentos: o império brasileiro ruíra.
Porém, isso é tarefa para os historiadores, pensadores locais, gente que estuda a história de Itajaí.
Posso, talvez, contribuir com a minha pequena história, tão comum, tão normal, como qualquer jovem estudioso que sai da sua terra para morar na cidade grande, no meu caso, a Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro, em 1971.
Quando ouço a música do Caetano Veloso, “No dia em que fui embora”, me vejo saindo de casa, andando pela avenida Joca Brandão, entrando pelo atalho (não havia a avenida Beira rio), trilha mágica, avistando a água barrenta da Prainha da Ema, em direção à Rodoviária, atual mercado público.
A alça da mala pendurada no guidão da bicicleta, o meu pai na frente, minha mãe ao lado e minha irmã Salete, pequena, abraçada a mim. Conforme a mencionada canção: “a minha chorava em ai, minha irmã chorava em ui e eu nem olhava para trás…”. O ônibus da Penha, o frio na serra, à noite, após Curitiba, eu tinha deixado o casaco na mala velha de couro, no porta mala do ônibus.
A ruptura, a escapatória do útero materno, da Pequena Pátria, adeus Salesiano, fui morar em Laranjeiras, aliás, no Cosme Velho, assisti aos treinos do Fluminense e vi o Vasco no Maracanã. Nunca esqueci Itajai e, ainda, o meu time do coração é o extinto e póstumo Barroso.
Feliz Aniversário, Itajaí, festa na cidade!
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
NR: Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores