Praticamente uma semana depois da apresentação da primeira parada brasileira da The Ocean Race em Itajaí, ocorrida no Castelo Montemar, com presença do então CEO Knut Frostad, velejador Torben Grael, Larns Grael, Alan Adler, realizava a primeira entrevista que entra agora em nossa pauta do |Retrospectando The Ocean Race
8 abril de 2010: Pois é, esta data marca nossa primeira entrevista com integrante de um time que chegaria na cidade catarinense somente em abril de 2012.
O Horácio Carabelli estava disputando sua terceira Volvo, foi i integrante do Brasil 1, em 2005/2006, foi campeão com o Ericsson 4, na edição seguinte. E está no barco espanhol da Telefônica, é dono de um estaleiro em Florianópolis, chamado Carabelli. No mesmo barco do Horácio, um uruguaio naturalizado brasileiro, está o carioca João Joca Signorini, também do Brasil 1 e do Ericsson 4. Horácio nos dias atuais participa da regata Copa América.
Editor – Adilson Pacheco
Regata News – Desafio de atravessar os mares dos quatro continentes,
Horácio Carabelli – A Volvo Ocean Race é o Everest da vela oceânica. O desafio não é somente vencer a regata contra as outras equipes, mas sim um desafio contra a Natureza. Para vencer, primeiro tem que chegar!! Esse e um lema permanente da regata. Na última regata tivemos uma perna da China até o Rio, em que ficamos 44 dias no mar em competição nas condições mais extremas dentro de um veleiro de 70 pés com outros 10 tripulantes !! Se você pode superar isso, você já sai ganhando.
RN – Atualmente está participando de que prova
HC -Não estou competindo no momento, estou treinando com a equipe espanhola do Telefônica para a próxima volta ao mundo. Estamos em Sanxenxo, Espanha. Minha função desta vez é bastante técnica, testando equipamentos, mastro e velas. A partir de agosto estarei administrando a construção do novo barco que está sendo projetado por Juan K., o mesmo projetista do Ericsson 4.
RN – Itajaí, a sede da próxima parada da Volvo Ocean Race, sendo você um empresário com empresa em Florianópolis como vê este momento?
HC -Itajaí terá a oportunidade de sediar um grande evento e certamente estará preparada à altura. Será positivo para a Volvo Ocean Race e para a cidade, que dará grande visibilidade ao evento por suas características peculiares. Como empresário sediado em Florianópolis, vejo de maneira muito positiva, uma vez que todas as cidades turísticas próximas a Itajaí serão beneficiadas e terão a oportunidade de mostrar o grande potencial da região: belezas naturais, boa gastronomia, gente bonita, trabalhadora e acostumada a desafios.
RN – -Resultados que tal evento vai provocar no setor promocional de Santa Catarina?
HC -Quem viveu a experiência de duas regatas como essa sabe o que significa para o local um acontecimento deste porte. Se usarmos os meios de comunicação disponíveis e fizermos uma divulgação competente, teremos um evento grandioso e de repercussão internacional. Hoje já sou questionado por velejadores e familiares que participarão da regata sobre como é lugar. Há uma grande curiosidade em torno do que a região tem a oferecer. E até a parada no Brasil, precisamente em Itajaí, muito será falado e divulgado sobre o local. Cada stopover cria uma grande expectativa e atrai milhares de pessoas do mundo inteiro. Precisamos estar preparados e aproveitar o momento para mostrar o que de melhor temos a oferecer: nossa hospitalidade.
RN – -Participar de uma prova que não se ganha prêmio, afinal onde está a emoção nisso tudo?
HC -A emoção está no desafio. Quando você chega a participar de uma prova como esta, você entra para um grupo seleto. Você passa a ser parte da elite da vela. Então mesmo não vencendo a prova, você já é um vencedor. E para todo desportista, especialmente velejador, competir, dar o melhor de si durante a regata já é bastante emocionante. Somos colocados à prova e levados ao limite físico e psicológico, mas nada se compara a sensação que se tem na superação de cada etapa. Mas lembre-se que neste nível, este esporte deixa de ser amador e passamos a ser profissionais pagos, como qualquer outro.
RN – Estes desafios te faz um empresário diferente?
HC -Com certeza mais exigente. Cada desafio vencido serve de estímulo para um novo. Neste esporte estamos sempre tomando decisões muito rapidamente e imediatamente arcando com as consequências. O que mais aprendemos é a pensar rápido.
RN -Você sente medo quando se encontra num momento de grandes ondas no meio do mar?
HC – Eu diria que não há muito tempo para medo, mesmo quando o mar parece assustador, invencível. Se você vacilar pode comprometer a equipe e dar razão ao medo. Estou sempre focado na função que me cabe para manter o barco sob controle.