*Alexandre Santos
A Volvo Ocean Race, agora denominada The Ocean Race, passou pela primeira vez por Itajaí em abril de 2012 e desde que aportou na cidade a regata deu início a um amplo processo de resgate da vocação náutica da região. Inclusive, a regata de volta ao mundo é considerada um divisor de águas na cultura náutica regional. Só que os preparativos começaram bem antes.
Tudo teve início no ano de 2009, quando o Município e o Porto realizaram o 1º Festival Náutico de Itajaí. Evento que reuniu velejadores experientes como Torben Grael, Vilfredo e Heloisa Shurmann, entre outros. Na ocasião também foi lançado o projeto da Marina Itajaí, hoje um dos cartões postais da Beira Rio, e a partir daí começaram a ser acertados os detalhes da inclusão de Itajaí como um dos stopovers da Volvo Ocean Race. A assinatura do contrato que incluiu Itajaí no seleto grupo de cidades que sediariam a regata naquela edição ocorreu um ano mais tarde, em 1º de abril de 2010.
Foi a partir da primeira parada da Volvo Ocean Race em Itajaí que vieram mais duas edições da regata Transat Jacques Vabre – que partiram da cidade francesa de Le Havre tendo como destino Itajaí, mais dois stopover da Volvo Ocean Race, com mais um stopover [agora da The Ocean Race] previsto para a cidade em 2022, dez anos após a primeira parada. E claro, junto com as grandes regatas, vieram muitos outros eventos náuticos de menor porte. Exemplo disso não algumas etapas do Campeonato Catarinense de Oceano e da Copa Veleiros de Oceano, que são importantes eventos do calendário catarinense de vela.
A inclusão da cidade nas rotas desta importante regata também consolidou Itajaí nos cenários nacional e internacional da vela e fortaleceu o trabalho junto as categorias de base, o que desperta cada vez mais a paixão dos itajaienses pela vela.
O surgimento do Itajaí Sailing Team faz parte do legado do Stopover Itajaí da edição 2011-12 da Volvo Ocean Race. Afinal, foi depois da primeira parada na cidade que um grupo de amigos velejadores se uniu para formar uma equipe para representar o potencial náutico e turístico de Itajaí. Esses velejadores empregaram inicialmente recursos próprios, posteriormente buscaram patrocinadores e assim um sonho, com uma rajada de vento, dois anos depois já havia se tornado realidade e rumado para os mares.
Dia 1 de abril 2010-2020:Itajai comemora 10 anos de ingresso na Regata The Ocean Race
Sem veleiro próprio o time itajaiense começou treinando e disputando em um barco locado, obtendo excelentes resultados em campeonatos nacionais de vela. Outro grande sonho foi realizado em 2016, quando o Itajaí Sailing Team adquiriu o seu atual veleiro – um Soto 40, considerado um dos mais rápidos da classe Oceano – que leva o nome do time embaixador da vela oceânica em Itajaí e Santa Catarina. E desde então o desempenho do time de vela vem se aprimorando a cada disputa.
E seis anos depois de sua fundação, o Itajaí Sailing Team realiza outro grande sonho, com o início das operações de sua Escola de Vela, que envolve a aquisição de dois barcos de 28 pés [da categoria olímpica Soling] com capacidade para até quatro pessoas. O início das aulas, gratuitas, se deu em março, com grande procura e excelente aceitação da comunidade. No entanto, os cursos precisaram ser interrompidos por conta das políticas de prevenção à disseminação da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no estado. Mas o projeto retoma assim que a situação estiver controlada.
Esta ação vem ao encontro da proposta do Itajaí Sailing Team, que é fomentar a vela na cidade e estado por meio da criação de novos talentos e também pode ser considerado mais um dos legados da Volvo Ocean Race, agora The Ocean Race. E assim como surgiu o Itajaí Sailing Team, surgem novos atletas e amantes da vela a cada ano devido a esse despertar da atividade náutica que ocorreu com primeiro stopover da Volvo Ocean Race na cidade.
* O autor é velejador, foi um dos criadores do projeto Itajaí Sailing Team e é manager e capitão do time atualmente.