*Célio Furtado
Engenheiro e professor da Univali
celio.furtado@univali.br
Temos enormes desafios pela frente. O melhor cenário é que essa pandemia seja algo transitória e depois volte ao normal, assim como tantas outras catástrofes que assolaram a Humanidade.
E a economia? Os processos econômicos possuem elementos dinâmicos que nunca conseguimos prever com muita precisão. Isso depende também das respostas dos diversos governos também O aumento da aversão ao risco atrapalha muito, todo mundo quer preservar o seu patrimônio, os seus ativos e ainda a melhor saída é correr para o Tesouro norte-americano. Vivemos em um ambiente tenso, as reformas não avançam, como tinha sido a expectativa do mercado no início desse novo governo. . A agenda econômica agradou inicialmente ao mercado, contudo, tem sido difícil avançar nas reformas tributárias e administrativas.
Os inúmeros conflitos desnecessários, provocados pelo Presidente Bolsonaro atrapalharam sobremaneira os trâmites naturais das negociações. Há receio que uma grande janela de oportunidades tenha sido desperdiçada. Conflitos com a imprensa, judiciário, parlamento, repetitivos e irracionais, tu isso gera uma situação bastante estressante que atenta sim contra a qualidade de nossa democracia. A postura em relação ao meio ambiente, mais reformas e menos subsídios e assim seria possível estimular o crescimento e ao mesmo tempo e então, reduzir a desigualdades e aumentar as oportunidades. Agora fica difícil para um governo que em 15 meses mostrou o que mostrou, ou seja, o entusiasmo do mercado caiu. Há um risco de recessão definido como dois trimestres seguidos de queda. É como a teoria econômica assim o classifica.
Com a pandemia, coisas racionais agora não tem espaço ,estamos no turbilhão. No pânico, o que é preciso é dar liquidez Vai ter um período de recessão e forte desaceleração econômica aqui, não dá pra antever ainda a magnitude. Há uma descoordenação politica do governo e acende-se um alerta sobre as força das reformas econômicas. No curto prazo pode ter uma trégua entre os poderes em função do corona vírus.
Rodrigo Maia, um político hábil e competente, sentiu que o vento mudou um pouco de lado. Na questão politica acho que perdemos grandes oportunidades para entrarmos nessa crise em outro patamar com maior fluxo de capitais, investimento em infraestrutura , privatizações. A politica impediu que estivéssemos em melhores condições iniciais. O Brasil que sempre enfrentou bem as crises poderia aproveitar esse momento desafiador para a economia mundial para fazer o que tem que ser feito em reformas e tentar minimizar o impacto na atividade e no balanço de pagamentos. O governo é liberal na pregação, mas, capenga na prática. O modelo liberal não deu certo, na verdade, ele nem foi testado.
Vivemos tempos marcados pela exacerbação ideológica, em que se confundem facilmente valores com posições ideológicas e partidárias. Se há saída para essa confusão em que nos metemos, ela passa pela mobilização popular pela construção de uma sociedade justa, próspera e democrática.
Porém, com essa pandemia, com essa desgraça mundial, lembramos a célebre frase de Karl Marx: “ Tudo o que é sólido se desmancha no ar”.
Vamos aguardar!
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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