Bicampeão olímpico iria para sua sétima participação em Olimpíadas em julho, mas garante que pode esperar para fazer história. Ele acredita que a decisão é acertada para preservar a saúde não só dos atletas, mas da população mundial
São Paulo (SP) – Em menos de três meses, Robert Scheidt, que já o maior medalhista olímpico do Brasil, se tornaria o atleta nacional com maior número de Jogos no currículo. Agora, com o adiamento da Tóquio/2020 para 2021, vai ter que esperar mais um ano para concretizar o feito de sete participações e lutar pelo sexto pódio na maior competição esportiva do mundo. Para o velejador, a decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) e governo japonês foi a mais acertada, tanto em termos esportivos, mas, principalmente, em função da preservação da saúde em meio a pandemia do novo coronavírus.
Robert Scheidt fala sobre o adiamento da Olimpíada de Tóquio/2020:
“O adiamento é a decisão correta. Eu, que já participei de seis Jogos, sei que a Olimpíada é a maior celebração da humanidade, uma grande festa, o auge do esporte, o momento em que os atletas mostram o máximo do seu talento. Infelizmente, o mundo está vivendo um momento muito triste e a saúde é a prioridade. Considerando a preservação da saúde dos atletas e todos os envolvidos. Considerando a possibilidade de se preparar de maneira igualitária, já que alguns ainda conseguem treinar e outros não. E considerando outras implicações, como processos seletivos, o COI optou pelo caminho certo”, declarou o velejador, que é patrocinado pelo Banco do Brasil e Rolex e que conta com o apoio do COB e CBVela.
Robert mora na Itália com a família, na cidade de Torbole, às margens do Lago Di Garda, e apesar da quarentena em um dos países mais afetados pela COVID-19, não perde o otimismo. “Agora, vamos torcer para que consigamos superar esse problema no segundo semestre e entrar em 2021 com uma perspectiva de realizar grandes Jogos Olímpicos. Tenho certeza de que Tóquio estará ainda mais motivada para entregar um grande evento e aí, sim, vamos celebrar esse grande momento do esporte mundial”, afirmou o bicampeão olímpico e dono de cinco medalhas em seis participações em Olimpíadas.
Com o adiamento, Scheidt terá que refazer todo o planejamento para lutar pelo sexto pódio olímpico. Enquanto isso, aproveita o tempo livre em casa para manter o preparo físico. “Tenho uma bicicleta ergométrica, aparelho para remada e algumas anilhas, pessoas e halteres para musculação. Dá para fazer variadas séries para o corpo todo. Manter uma rotina de treinos é importante. Todas as manhãs, faço 1h30 de exercícios físicos, alternando entre aeróbicos e de força, um dia para cada um. Infelizmente, qualquer outro tipo de treino está proibido. Uma coisa que gosto tanto, que é pedalar nas montanhas, não posso fazer, além de ir para a água velejar claro, que é o mais importante para mim”, completa.
Desafio olímpico – Scheidt retornou à classe Laser em 2019, após quase três anos ausente, desde os Jogos do Rio/2016, onde terminou na quarta colocação mesmo vencendo a medal race. Nesse período de readaptação às novas técnicas e nova mastreação, cumpriu seu objetivo principal, que foi o índice para Tóquio, com o 12° lugar no Campeonato Mundial da Classe Laser 2019, em Sakaiminato, no Japão, em julho. Ele confirmou a vaga no Mundial da Austrália, em fevereiro, quando chegou à flotilha ouro e foi o melhor brasileiro na disputa.
Na volta à vela olímpica, Scheidt disputou outras três grandes competições. A última foi o Ready Steady Tokyo, no final de agosto de 2019, em Enoshima, quando terminou em 10° lugar, chegando à medal race pela primeira vez desde que decidiu interromper a aposentadoria da classe Laser. Ele ficou próximo da regata da medalha no Troféu Princesa Sofia e na Semana de Vela de Hyères.
Maior atleta olímpico brasileiro
Cinco medalhas:
Ouro : Atlanta/96 e Atenas/2004 (ambas na Classe Laser)
Prata : Sidney/2000 (Laser) e Pequim/2008 (Star)
Bronze : Londres/2012 (Star)
181 títulos – 89 internacionais e 92 nacionais, incluindo a Semana Internacional do Rio, o Campeonato Brasileiro de Laser e a etapa de Miami da Copa do Mundo, todos em 2016. Em novembro de 2017, pela Star, conquistou a Taça Royal Thames e, neste domingo, o Europeu de Star.
Laser
– Onze títulos mundiais – 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004 e 2005 e 2013
*Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt
– Três medalhas olímpicas – ouro em Atlanta/1996 e Atenas/2004, prata em Sydney/2000
Star
– Três títulos mundiais – 2007, 2011 e 2012*
*Além de Scheidt e Bruno Prada, só os italianos Agostino Straulino e Nicolo Rode venceram três mundiais velejando juntos, na história da classe
– Duas medalhas olímpicas – prata em Pequim/2008 e bronze em Londres/2012