*Célio Furtado
Engenheiro e professor da Univali
celio.furtado@univali.br
Fui parabenizado pelo meu filho, advogado Giordano Zaguini Furtado, pelo Dia do Engenheiro. Na verdade, já tinha lido rapidamente na folhinha do Coração de Jesus, minha leitura diária, a alusão à data. Agradeci a lembrança e respondi por escrito: “Sou um engenheiro pleno, o profissional do desenvolvimento; no decorrer da minha vida sempre fui coerente e comprometido com a emancipação do meu povo”. Meu filho, sempre generoso e atencioso comigo, complementou uma frase no convite da minha formatura : “Ao sofrido povo brasileiro”.
Sou Engenheiro de Produção, formado pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no final do ano de 1977. A cerimônia de Formatura aconteceu no Maracanãzinho, no verão carioca, escaldante; alegria plena normal em todo o jovem que se forma, ainda mais com a presença dos pais. De fato, meus pais vieram de Itajaí, numa vemaguete, orgulhosos, tais como aquele conquistador romano que exclamou, após uma vitória : “Vim, Vi e Venci”.
Sempre atribui mérito maior aos meus pais, gente simples, semi analfabeta, trabalhadores braçais, gente da maior dignidade que viram o seu filho caçula, conquistar o invejado diploma da mais antiga e tradicional Escola de Engenharia do país, a antiga “Nacional”.
Foi uma luta, nada fácil; quem já cursou uma Faculdade de Engenharia, sabe que é “puxado”; são cinco anos seguidos de muito cálculo, física, estatística, termodinâmica, materiais, processos e tantas disciplinas afins, conferindo ao formando, uma boa estrutura cognitiva e racional, possibilitando-o a grandes desafios práticos que o esperam na vida cotidiana. Fiz bons trabalhos no decorrer da minha vida profissional, contribui com empresas, pessoas e gente com os quais interagi, espalhando conteúdos, bons aconselhamentos, pareceres que buscavam sempre a maior produtividade, o melhor desempenho e de um modo amplo que contribuísse para o desenvolvimento organizacional. Falhas, erros são comuns na vida de qualquer profissional, que deve buscar sempre o seu aperfeiçoamento, pois como um bom guerreiro, devemos “polir e afiar sempre a nossa espada”, fazer autocriticas, acatar sugestões e buscar sempre bons aconselhamentos.
A questão nacional sempre esteve presente nos meus objetivos maiores. Tive a sorte de morar no Alojamento dos Estudantes da UFRJ, na Ilha do Fundão, na Cidade Universitária, na década de 70. Da minha janela, avistava o crescimento da obra da Ponte Rio-Niterói, um marco, uma conquista da engenharia brasileira.. No outro sentido, víamos o desenvolvimento de obras de expansão do aeroporto do Galeão, a chegada do avião supersônico Concorde.
Era evidente a importância da engenharia para a expansão e o desenvolvimento nacional, um país com essas dimensões clamava por inteligência, racionalidade, trabalho e espírito patriótico. O lema da nossa formatura “Ao sofrido povo brasileiro”, soava muito mais do que uma frase demagógica, era uma conclamação, um grito de guerra contra o atraso e o subdesenvolvimento, uma cruzada incansável contra a miséria que assolava a nação brasileira, “deitada eternamente em berço esplêndido”.
Hoje, ao responder ao meu filho, despertou essa vontade de afirmar minha coerência filosófica e política, reafirmando o orgulho de ser Engenheiro!
*Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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