Foram realizadas sete regatas para os barcos da regra ORC (Offshore Racing Congress) e seis para a BRA-RGS, ao longo de quatro dias com variações significativas de vento. As primeiras provas ocorreram com ventos fracos, característicos do litoral fluminense no outono, e o campeonato foi encerrado com rajadas superiores a 25 nós, exigindo habilidade das tripulações.
“Ficamos muito felizes de estar no ICAB, o clube recebeu todos muito bem! Além disso, Búzios mostrou que tem uma raia sensacional, principalmente nos dois últimos dias, com ventos mais fortes. Foi um campeonato com muitas variantes, com muita disputa e nível técnico elevadíssimo”.
”Chegamos no último dia com três equipes na briga pelo título, tanto na Sailing Week, quanto no Brasileiro. Isso mostra que fomos assertivos em nossas escolhas e proporcionamos um campeonato muito positivo”, ressaltou Bayard Neto, comodoro da ABVO.
O título da ORC Geral foi decidido apenas na última regata e ficou com o Crioula 52, comandado por Eduardo Plass (VDS), que somou cinco vitórias em sete provas e descartou um 13º lugar, resultado que havia colocado em risco a conquista. A tripulação do barco gaúcho comemorou a conquista após o vice-campeonato em 2024.
”Depois tivemos regatas mais estáveis, a equipe velejou bem, fizemos boas manobras e acertamos bastante para conseguir a vitória que nos levou aos títulos do Brasileiro e da Sailing Week”, disse o tático e atleta olímpico Samuel Albrecht.
O Crioula 52 também foi o vencedor na ORC Performance, seguido por Magia IV, de Torben Grael (RYC), e Duma, de Lorentzen.
Na Cruiser Racer, o +Bravíssimo foi campeão, com Xamã, de Sergio Klepacz (ICS), e Dona Bola, de Ricardo Tramujas (ICRJ), completando o pódio. A embarcação capixaba +Bravíssimo, comandada pelo argentino Nacho Giamonna (ICES), foi vice-campeã na ORC Geral e campeã na divisão ORC Cruiser Racer. O terceiro lugar da classificação geral ficou com o Duma, de Haakon Lorentzen (ICRJ).
“Foi um campeonato muito legal, que começou com ventos fracos, mas que ao longo do evento foram aumentando. O último dia exigiu demais da gente, foi bastante difícil velejar com a força do vento nessas regatas finais, porém estamos acostumados com essas condições na Argentina. O saldo foi positivo, velejamos bem e aproveitamos um campeonato muito competitivo”, disse Nacho Giamonna, comandante do +Bravíssimo.
A ORC, principal regra internacional de medição para regatas oceânicas, divide os barcos em categorias para promover equilíbrio técnico. Na ORC Performance, estão os veleiros mais otimizados para velocidade e manobras rápidas; já a ORC Cruiser Racer contempla embarcações que combinam desempenho esportivo com características de cruzeiro, promovendo maior diversidade competitiva.
Nativo 3 conquista título da BRA-RGS com história de superação em Búzios
A classe BRA-RGS apresentou um dos enredos mais marcantes do Campeonato Brasileiro de Vela de Oceano 2025 durante a Energisa Búzios Sailing Week. O destaque ficou com o Nativo 3 (Delta 32), comandado por Eduardo Harabedian (BR Marinas), que venceu tanto a classificação geral quanto a divisão RGS A. Completaram o pódio das duas categorias os veleiros Kaluanã, de Leonardo Soldon (Bracuhy), e Beleza Pura II, de Felipe Ferraz (UBA).
Antes mesmo da primeira regata, o Nativo 3 foi abalroado por uma escuna, sofrendo danos estruturais que quase o tiraram da competição. Com apoio técnico e solidariedade de outras tripulações, a equipe conseguiu recuperar o barco e seguir na disputa. Mesmo com os prejuízos, liderou a tabela até o segundo dia. No sábado (19), ficou impossibilitada de completar uma das provas, recebendo, após análise da Comissão de Regatas, pontuação média baseada no desempenho anterior. A vitória na última regata confirmou o título da BRA-RGS de forma legítima e emocionante. Na RGS B, o campeão foi o Absoluto (Fast 360), de Kaio Mendes (ICES), seguido por Bierkaai, de Bart Brouwer (ICAB), e Santeria, de Newton Rocha (BarraVela).
”Foi superação! Desde quarta-feira todo mundo nos ajudou. Depois, na véspera, tivemos mais um problema e ficamos arrumando o barco até às 7h da manhã, antes da grande final. A reparação veio e conseguimos velejar bem, numa flotilha de altíssimo nível técnico”, explicou Eduardo Harabedian.
Durante a cerimônia de premiação no Iate Clube Armação de Búzios (ICAB), a Associação Brasileira de Veleiros de Oceano (ABVO) prestou homenagem ao velejador Felipe Martins, falecido em fevereiro deste ano.
O troféu transitório da BRA-RGS passou a levar seu nome, em tributo à sua contribuição à vela de oceano. A tripulação do Beleza Pura II vestiu camisetas com a frase “Capitão Felipe Martins”, e todos os participantes da classe entoaram em coro: “Com Deus a gente vai, com Deus a gente volta”. A emoção marcou o encerramento de uma das classes mais disputadas e simbólicas do campeonato.
ORC Geral (7 regatas)