Abertura do Brasileiro de Oceano tem show de bicampeões Torben Grael e Marcelo Ferreira

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O Campeonato Brasileiro de Vela de Oceano, apresentado por Asa Alumínio, foi aberto nesta quinta-feira (17) no Iate Clube Armação de Búzios (ICAB), em paralelo ao Energisa Búzios Sailing Week. O evento tem coordenação técnica da ABVO – Associação Brasileira de Veleiros de Oceano – e conta com 27 embarcações das classes ORC e BRA-RGS.

Mais de 500 velejadores participam da disputa, entre eles medalhistas olímpicos como Torben Grael, Marcelo Ferreira e Ronaldo Senfft, ao lado de outros grandes nomes da modalidade. O comodoro do ICAB, Marcos Soares, também é campeão olímpico, tendo conquistado o ouro em Moscou 1980.

Campeões mundiais e medalhistas pan-americanos, como Maurício Santa Cruz e Samuel Albrecht, também estão na raia buziana, junto a atletas que representaram o Brasil em outras edições dos Jogos Olímpicos, como Henrique Haddad, Gabriella Kidd e Ana Barbachan.

“Eu não tenho dúvida: aqui está reunida a nata da vela nacional. Temos velejadores medalhistas olímpicos, campeões mundiais, atletas com passagens por diversas classes oceânicas e uma bagagem de experiência impressionante”, comentou Bayard Neto, comodoro da ABVO, que faz o Brasileiro de Oceano em parceria com a Energisa Búzios Sailing Week.

“Estamos disputando de igual pra igual com grandes nomes da vela, não só do Brasil, mas do mundo. O nível técnico é altíssimo. Pela ABVO, conseguimos implementar algumas ações importantes de certificação que elevaram ainda mais a qualidade dos barcos. Sem dúvida, esse campeonato está em um patamar excepcional.”

Foram disputadas duas regatas em Búzios (RJ), com ventos de fraca intensidade para a região — entre 8 e 10 nós. A Comissão de Regatas realizou duas provas no dia: uma de percurso e outra barla-sota, entre bóias. Ao todo, estão previstas sete regatas até o domingo (20).

Na classe ORC (Offshore Racing Congress), a equipe dos bicampeões olímpicos Torben Grael e Marcelo Ferreira terminou o dia na liderança. O Magia IV venceu uma regata e ficou em segundo na outra. O veleiro de Niterói (RJ) está à frente dos capixabas +Bravissimo (Nacho Giamonna) e Bravo (Renato Avelar), que competem, respectivamente, com um Felci 315 e um Skipper 30. Na subdivisão Cruising Racer, o +Bravissimo, atual campeão nacional, lidera, mas com uma tripulação argentina.

Na raia de Búzios, o Magia IV, que defende as cores do Rio Yacht Club (RYC), conquistou o primeiro lugar na prova de abertura e ficou em segundo na regata seguinte, a bordo de seu ILC 30. A regata inicial teve percurso de 10 milhas náuticas, com saída do ICAB rumo à Ilha de Gravatá para os barcos da ORC. Já a segunda foi uma barla-sota (1,5 milha por perna), disputada em frente ao clube, nas imediações da Ilha Feia.

“Muito bom começar bem o campeonato. Ficamos contentes com a performance, mas acredito que, com ventos mais fortes, nossos adversários vão impor mais dificuldades nas próximas regatas”, contou Torben Grael.

“A competição está boa, com ótimas condições na raia de Búzios. Reeditar a dupla é legal, de vez em quando a gente veleja junto. Mas eu tenho competido pouco. Quero voltar a correr esses eventos e encontrar a turma da vela. É um prazer imenso participar”, disse Marcelo Ferreira.

Na abertura da BRA-RGS, o percurso foi de 6 milhas — um pouco menor do que o da ORC — e a segunda regata também foi barla-sota. O Nativo 3 (Eduardo Harabedian) se recuperou de um problema na véspera que quase o tirou do campeonato. O Delta 32 foi atingido por um barco pequeno, mas com a ajuda da comunidade da RGS, a equipe conseguiu seguir na disputa.

Com 3 pontos somados, o Nativo 3 lidera a classificação, seguido pelo Skipper 30 Kaluanã (Leonardo Soldon) e pelo Farr 38 Beleza Pura II (Felipe Ferraz).

“Nós começamos o campeonato com um problema bem sério, pois uma escuna havia batido em nosso barco e causou bastante dano, na noite de quarta-feira, véspera da competição. Com a ajuda de muitos, conseguimos consertar o barco, mesmo sabendo que o reparo não ficaria como esperávamos.”

“No primeiro dia, conseguimos um primeiro lugar na regata média e um segundo no barla-sota, mesmo com muitos erros. Viemos aqui pra velejar e curtir esse lugar espetacular”, contou Eduardo Harabedian.

Sobre as divisões de classe na ORC e BRA-RGS

Na classe ORC (Offshore Racing Congress), os barcos são classificados de forma técnica para que diferentes modelos possam competir de maneira equilibrada. Dentro dessa classe, há duas subdivisões principais no Campeonato Brasileiro de Vela de Oceano: ORC Performance (P) e ORC Cruising Racer (CR), que separam os veleiros de acordo com seu perfil e construção.

A categoria ORC Performance reúne barcos projetados para alta velocidade e regatas competitivas, geralmente mais leves, com velas maiores e tripulações experientes. Já a ORC Cruising Racer é voltada a veleiros que também são usados para lazer e cruzeiros, com foco em conforto e versatilidade — são barcos mais pesados, com interiores completos, mas ainda assim preparados para competir.

A classe BRA-RGS é uma das mais tradicionais da vela oceânica no Brasil, reunindo barcos de cruzeiro com diferentes tamanhos e configurações. Para garantir equilíbrio na competição, a RGS é dividida em categorias conforme o potencial de performance dos veleiros. As duas principais subdivisões são RGS A e RGS B.

A categoria RGS A reúne os barcos mais rápidos e com maior desempenho dentro da regra, geralmente maiores e com características técnicas mais voltadas à performance em regatas. Já a RGS B é composta por barcos mais simples ou com menor velocidade relativa, muitas vezes menores e com configurações mais voltadas ao cruzeiro.

BRA-RGS GERAL
1º – Nativo 3 (Eduardo Harabedian) – 3 pontos
2º – Kaluanã (Leonardo Soldon) – 4 pontos
3º – Beleza Pura II (Felipe Ferraz) – 6 pontos
4º – Sossegado (Marco Hidalgo) – 7 pontos
5º – Absoluto (Kaio Mendes) – 10 pontos

BRA-RGS A 
1º – Nativo 3 (Eduardo Harabedian – Verolme) – 3 pontos
2º – Kaluanã (Leonardo Soldon – Bracuhy) – 4 pontos
3º – Beleza Pura II (Felipe Ferraz – Ubalegria) – 6 pontos
4º – Sossegado (Marco Hidalgo – GVI) – 7 pontos
5º – Tangará II La Borie (Delio Valdetaro Jr – ICRJ) – 14 pontos

BRA-RGS B
1º – Absoluto (Kaio Mendes – ICES) – 10 pontos
2º – Bierkaai (Bart Brouwer – ICAB) – 14 pontos
3º – Santeria (Newton Rocha – BarraVela) – 14 pontos

ORC GERAL
1º – Magia IV (Torben Grael) – 3 pontos
2º – +Bravissimo (Nacho Giamonna) – 5 pontos
3º – Bravo (Renato Avelar) – 10 pontos
4º – Inae Soto (Bayard Umbuzeiro Neto) – 12 pontos
5º – Dona Bola (Ricardo Tramujas) – 13 pontos

ORC PERFORMANCE
1º – Magia IV (Torben Grael – RYC) – 3 pontos
2º – Inae Soto (Bayard Umbuzeiro Neto – Pier 27) – 12 pontos
3º – Crioula 52 (Eduardo Plass – VDS) – 14 pontos
4º – Eurus 30 (Andrea Jackobsen – RYC) – 15 pontos
5º – Duma (Haakon Lorentzen – ICRJ) – 17 pontos
6º – Vesper (João Marcos Mendes – ICRJ) – 22 pontos
7º – Bicho Grilo (José Guilherme Souza – ICRJ) – 26 pontos

ORC CRUISING RACER
1º – +Bravissimo (Nacho Giamonna – ICES) – 5 pontos
2º – Bravo (Renato Avelar – ICES) – 10 pontos
3º – Dona Bola (Ricardo Tramujas – ICRJ) – 13 pontos
4º – Maestrale IV (Adalberto Casaes – ICRJ) – 15 pontos
5º – Xamã (Sergio Klepacz – ICS) – 19 pontos
6º – Rudá (Mario Martinez – Supmar) – 20 pontos
7º – Ventaneiro 3 (Renato Cunha – ICRJ) – 22 pontos
8º – Steamboat (Peter Siemsen – ICRJ) – 29 pontos
9º – Saravah (Pierre Joullie – ICRJ) – 30 pontos

Sobre a ABVO

Fundada em 1955, a Associação Brasileira de Veleiros de Oceano é a única entidade de promoção da Vela de Oceano no Brasil. Braço oficial da Confederação Brasileira de Vela (CBVela), a ABVO é responsável por organizar competições anuais e contribuir para o legado de um dos esportes mais vitoriosos do país, tanto nas classes olímpicas quanto nas não olímpicas.

A ABVO tem o santista Bayard Umbuzeiro Neto como Comodoro, o bicampeão olímpico Torben Grael como 1º Vice-Comodoro, e Paulo Cezar Gonçalves, o Pileca, como 2º vice-Comodoro.

Dentre os objetivos da atual gestão, estão promover a otimização e a racionalização do calendário nacional, estreitar o relacionamento com os clubes para viabilizar eventos e agregar um maior número de barcos participantes das diversas flotilhas regionais, oferecer suporte técnico em todos os níveis para as competições, otimizar a apuração instantânea dos resultados e articular com o Governo Federal incentivos tributários e melhores condições para a importação de embarcações, entre outros.