Fazenda Moréias recebe os competidores na quinta e decisiva etapa para consagrar os campeões da terceira edição do maior rally de longa duração da modalidade no mundo
Sábado dos últimos quilômetros do XP Sertões Kitesurf. E também de conhecer os campeões do maior rally de kitesurf de longa duração do mundo. A partir do Rancho do Kite, na Praia do Preá, em Cruz, os competidores do Brasil e de mais oito países seguem rumo a Camocim. Lá, serão recepcionados pelo belo visual da Fazenda Moréias, um paraíso ambiental com 18 milhões de metros quadrados de área preservada, onde também acontecerá a premiação.
Mas como falar em Sertões é falar em desafio, nada de facilidade na quinta etapa da competição, que incluirá trechos de upwind (velejo contra o vento) tanto na largada quanto na chegada. Para as categorias Pro e Elite, serão 75 quilômetros. Já Adventure, Pro Jr., Master, Gran Master e a modalidade Wing fazem 65km. E a promessa é de emoção até o fim, já que o regulamento prevê o descarte do resultado de uma regata.
A quarta etapa, nesta sexta-feira, trouxe uma característica diferente para os atletas, com a largada e a chegada no Preá. Um ‘laço’ que os obrigou a fazer a primeira perna do circuito em upwind para então contar com o vento a favor – e ele foi forte ao longo da programação. Para Pro e Elite, foram duas regatas de duas voltas, enquanto as demais ganharam as águas uma vez, também para duas voltas. Não faltaram quedas e a navegação em zigue-zague, típica do vento contra.
Na Pro, o dia foi dos líderes na geral, que colocaram uma das mãos no troféu de campeão. Alex Neto voltou a levar a melhor sobre Yaron Moura no duelo entre cearenses, vencendo as duas regatas, sempre com intensidade máxima. O kitesurfer do Cumbuco larga no último dia para confirmar o bi. Júnior Farinha também se destacou, com um segundo lugar na primeira regata. No Feminino, a argentina Julieta Biasotti também não foi batida. Levou as duas para fazer uma festa que se repetirá ao fim da última etapa. Com direito à torcida do pai, Julio, que viajou 7 mil quilômetros para acompanhá-la.
Bruno Simão, na Elite, é mais um muito próximo do degrau mais alto do pódio. Edson Zandonadi venceu uma das regatas do dia na categoria, mas nada que ameaçasse sua liderança. A também mineira Bela Furtado tem tudo para celebrar a conquista na Adventure Feminina em sua primeira competição no kite.
No masculino, João Gurgel foi o nome do dia. Manoel Alencar levou na Master, com o líder da geral Dudu Botelho em terceiro. Fernando Giestas superou o suíço Philippe Cardis para ser o primeiro da Gran Master Masculino. E Pedro Morais voltou a vencer na Pro Jr. No Wing, dia de Levi Lenz, seguido por Thomas Floricke.
Paixão à segunda vista
Se o kitesurfe se torna uma paixão para quem o pratica, nem sempre ela aparece de cara. E pode ser despertada justamente por quem poderia torcer o nariz para aventuras radicais. Foi assim com a turca radicada no Brasil Aysu Bilgin. Executiva de uma multinacional brasileira de alimentos, ela confessa que, de início, viu com desconfiança a missão de navegar sobre uma prancha empurrada por uma vela voadora. O grande incentivo veio da mãe, recentemente falecida.
Nascida em Istambul, Aysu lembra que a trajetória profissional lhe deu a chance de estar perto de uma das principais regiões para a prática do Kitesurf no planeta. Apesar de ter vivido em outros países, o Brasil se transformou na segunda casa. E o kite hoje se tornou fonte de ensinamentos para o trabalho.
Aspas
Aysu Bilgin (Adventure Feminino)
“Quando eu comecei a velejar me veio aquele medo de que alguma coisa podia dar muito errado. Mas minha mãe tinha uma mentalidade de experimentar as coisas antes de desistir e me disse ‘tem mais gente fazendo? Então deixa de desculpas, vai lá e faz’. E eu vi que eu era uma pessoa forte e podia lidar com as situações dentro d’água. O medo se transformou em amor e, quando eu me conectei a essa comunidade, virou minha família e o esporte se tornou parte importante da minha vida”.
Alex Neto (vencedor etapa e líder Pro Masculino)
“Não foi o dia de maior quilometragem, mas com certeza foi o mais intenso. Um upwind curto, mas bem forte, e um downwind muito rápido. Treinei bastante para chegar a mais essa vitória, estou muito feliz, mas tem mais um dia pela frente”.
Julieta Biasotti (vencedora etapa e líder Pro Feminino)
“O downwind não é o meu forte, mas no upwind eu voei. Na segunda regata o óculos embaçou, ficou mais difícil com o pôr do sol e a Bia (Silva) mostrou que estava na disputa, me passando. Forcei tudo para recuperar a liderança e consegui. Essa está na minha mão”.
Bela Furtado (vencedora etapa e líder Adventure Feminina)
“Eu nunca tinha feito upwinds tão longos e não fazia downwind há mais de um ano. E é minha primeira prova de kite. Me surpreendi sendo primeira todos esses dias, agora é fechar com chave de ouro”.
XP Sertões Kitesurf
DIA 4 – 15/9 – Cruz (Preá/Rancho do Kite)
Elite/Pro – 68 KM – Circuito Race Preá – Duas regatas de 2 voltas
Adventure/Master/GranMaster/
Resultados extra-oficiais
Pro Masculino
Regata 1
1) Alex Neto
2) Júnior Farinha
3) Yaron Moura
Regata 2
1) Alex Neto
2) Yaron Moura
3) Júnior Farinha
Pro Feminino
Regata 1
1) Julieta Biasotti (ARG)
2) Gaby Reynard
3) Bia Santos
Regata 2
1) Julieta Biasotti (ARG)
2) Bia Santos
3) Liege Laurentino
Elite
1) Edson Zandonadi
2) Fabão Câmara
3) Bruno Simão
Regata 2
1) Bruno Simão
2) Edson Zandonadi
3) Pedro Hajjar
Pro Jr.
1) Pedro Morais
2) Kauan Esmerino
3) Marcos Rodrigues
Adventure Masculino
1) João Gurgel
2) Marcos Botelho
3) Felipe Delgado
Adventure Feminino
1) Bela Furtado
2) Ale Brochado
3) Andressa Monteiro
Master
1) Manoel Alencar
2) André Diniz
3) Eduardo Botelho
Grand Master Masculino
1) Fernando Giestas
2) Philippe Cardis (SUI)
Wing Masculino
1) Levi Lenz
2) Thomas Floricke
DIA 5 – 16/9
Elite/Pro – 75 KM – Cruz (Preá/Rancho do Kite) -> Camocim (Fazenda Moréias)
Adventure/Master/GranMaster/
Descrição: O desafio do último dia será o contravento tanto na largada como na chegada. Inicia com contravento rumo a Vila Moreas (Camocim). Na sequência começa o downwind passando por Jericoacoara, Tatajuba, segue até boia de sotavento e retorna em uma perna de contravento até a linha final de chegada na Vila Moreias.