Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
O frio está chegando devagar, soberano e majestoso, como somente acontece com o inverno catarinense.
O vento frio e gelado do fim de semana, assobiando e balançando as árvores, já anunciava a mudança antecipada da estação, ainda que estejamos no outono, e, nesta noite tivemos a lua cheia, plena, irradiando luz e esperança a todos nós. De fato, muitas mortes diárias, quase meio milhão de vítimas dessa cruel pandemia, uma quantia equivalente a duas Itajaí, muitas vidas valorosas e sagradas, morrendo asfixiadas, morte cruel, uma mancha em nossa história.
Ainda bem que temos a possibilidade da cura, o avanço da vacinação, porém, ronda no horizonte próximo a possibilidade de uma nova onda da pandemia, pois sabemos da complexidade do vírus, até o senso comum sabe e entende das mutações, da dinâmica sombria das contaminações.
A descoberta, produção e disseminação da vacina revelaram o poder do conhecimento científico, a potência dos laboratórios, a criatividade e engenhosidade dos cientistas e a competência e generosidade dos profissionais da saúde, gente bendita. Evidentemente, a coisa passa pelo poder do planejamento central, a força e a legitimidade do poder executivo para enfrentar e resolver o problema incomum e grandioso por sua malignidade, pois sabemos que o “bom pastor não sossega enquanto não encontrar a ovelha perdida”.
O soberano, o monarca, a autoridade constituída devem revelar e expressar pelo máximo zelo por todos os cidadãos, isso é elementar, assim deveria funcionar uma democracia plena; todos nós, brasileiros, temos a mesma importância.
Gosto de lembrar a competência da gente catarinense diante das grandes enchentes de 1983/ 1984, uma catástrofe que atingiu todo o nosso território, com enormes prejuízos materiais, ambientais e além de preciosas vidas perdidas.
O competente governador criou a Secretaria da Reconstrução, comandado por um ilustre ex-governador, filho de Itajaí, Antônio Carlos Konder Reis, que com simplicidade, um pequeno gabinete, uma estrutura mínima, coordenou com maestria as inúmeras ações, uma luta grandiosa para o retorno da normalidade da vida catarinense.
Demos a volta por cima, agradecemos as inúmeras ações de ajuda, donativos e orações pelo povo barriga verde, provenientes de todos os lugares do Brasil, expressando um especial carinho que todos tem por Santa Catarina.
Nosso Estado voltou a crescer e produzir muito, recuperando a dinâmica de nossa economia fundamentada nas micro e pequenas empresas e na força da pequena propriedade rural, os minifúndios, passamos a exportar o modelo de resiliência e sinergia, inspirando a todo o país a arte de “dar a volta por cima”.
Além do mais, “de lambuja”, oferecemos a alegria e a criatividade de nossas festas, Oktuber, Marejada, Fenarreco e tantas outras, mostrando aos brasileiros que os catarinenses são campeões no trabalho e também na competência de fazer festas e disseminar a contagiante alegria dos nossos outubros.
Infelizmente, faltou esse zelo e senso de organização para o Planalto Central, diante do terror e negror da pandemia. Interesses pessoais, vaidades tolas, despreparo técnico e político, permitiram a catastrófica estatística de 450.000 mortos, até agora. Pensemos no exemplo catarinense!
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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