Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br
Escrever é bom, ajuda-nos a pensar melhor sobre algumas coisas simples, singelas, como se estivéssemos abrindo caminhos na mata fechada, no complexo mundo da memória. Pensar “do simples ao complexo”, tal como nos ensina Descartes no “Discurso do Método”. René Descartes, filósofo e matemático francês, aluno dos jesuítas, provavelmente um dos precursores do pensamento moderno ocidental.
Pensar do simples ao complexo enquanto vejo a capa do meu livro de matemática, da 4ª série ginasial, do autor Ari Quintela. Muitos passaram por esse livro didático, livro texto que nos abriria o caminho da matemática superior passando pelo curso Cientifico e, posteriormente, pelo curso de Engenharia na UFRJ. Cálculo I,II,III e IV.
Também as disciplinas correlatas, tais como Álgebra Linear, Probabilidade, Mecânica Racional, Termodinâmica e tantas outras, pois o senso comum nos ensinava que “Engenharia é Matemática Aplicada”.
Aquela capa do livro de matemática nos inspirava a “pensar grande”, principalmente quando aprendemos no Latim que Descartes é “Cartesius”, daí o pensamento cartesiano, da simples e fundamental frase “penso logo existo”, o atraente mundo do Renascimento europeu.
Naturalmente, nossos professores, os padres salesianos nos proporcionavam uma educação de elite, tantos nomes, porém, apenas mencionando o trio de padres, Mansueto Três, Schmitt e o Padre Adolfo dos Anjos, já tínhamos uma base respeitável.
Ainda mais, nesse contexto de 1969, os norte americanos chegaram na Lua, um triunfo da ciência, do conhecimento matemático, do pensamento cartesiano da engenharia e da ideologia da certeza e da exatidão.
Filmes na Tv preto e branco, recém chegada em Itajaí, nos mostrava o fantástico mundo do “Perdidos no Espaço”, a supremacia do poder americano, em plena guerra fria, contra os soviéticos. O exercício da memória em plena adolescência, a vida feliz em Itajaí, o treino no Barroso, a aptidão ao raciocínio geométrico, o microcosmo perfeito que era “estudar no Salesiano”, um privilégio e um desafio, ler e estudar muito, pois sabemos que “saber não ocupa lugar”.
Mergulhar no fascinante mundo dos sábios renascentistas: Galileu, Espinoza, Descartes, Pascal, tentar ser um filósofo-matemático. Mudando radicalmente o meu texto, voltando ao “aqui-agora”, quero manifestar a minha alegria, enquanto cidadão brasileiro, pelo desfecho da situação jurídica do ex-presidente Lula, um fato relevante, saber que ele poderá, legalmente, ser um candidato à presidência da República.
Assisti a sua entrevista e vi um homem ainda mais preparado para competir, democraticamente, nas eleições do ano que vem.
Quase dois anos de prisão, em Curitiba, uma prisão injusta e arbitrária, como foi comprovado, ajudou no preparo intelectual e moral do Lula; leu e pensou muito, criticas e autocriticas, filtrado e liberado de qualquer mágoa e rancor, torna-o apto a tocar os destinos de nossa nação.
O atual presidente da republica que estava confiante e seguro da sua reeleição, terá que trabalhar e “mostrar serviço”, pois agora tem um profissional da política, com forte popularidade e com um curriculum respeitável que é o Lula. Muita água vai correr embaixo da ponte, muitos bons nomes aparecerão como candidatos, e, vejo com satisfação o novo quadro.
Esperança!
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
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