A Curitiba de 1930 tinha apenas 100 mil habitantes e a região do Portão e Novo Mundo era a única via de acesso para várias regiões do Estado e do país. A vizinhança era formada em sua maioria por imigrantes vindos de diversas partes do mundo. Ali também era a parada das tropas revolucionárias provindas do Sul que se organizavam antes de seguir viagem.
Foi nesse ambiente, com o piso da República Argentina ainda de macadame e o principal meio de transporte o cavalo e a carroça, que em 1930, Levino Schier fundou a Casa Schier onde comercializava artigos de montaria e tração animal confeccionados manualmente e em couro. Lá se vão 90 anos de um negócio que procurou se modernizar e contribuir para o desenvolvimento da região.
O espírito empreendedor, a garra e a visão de negócio foram fundamentais para encarar os desafios que surgiam de década a década e encontrar as oportunidades para o desenvolvimento do negócio que permanece na família até hoje sob a coordenação dos filhos Mauro, Marcos e Márcia Schier.
“Acredito que o fundamental para a Casa Schier sobreviver por tanto tempo vai além da conduta empresarial em si, mas a forma humana como nossos pais tocaram o negócio, seja com seus funcionários, um deles o gerente “Lode”, que permaneceu por mais de 60 anos na casa, ou com os clientes que encontravam ali um atendimento que os fazia se sentirem em casa e voltar sempre. Por isso falamos que a frase que nos define é “Calçou seu pai, calça você e calçará seu filho”. Realmente temos várias gerações de famílias que nos acompanham como clientes até hoje” conta Márcia Schier.
O fato é que poucas empresas conseguem chegar tão longe, e que apesar de todas as dificuldades, conserva a sua tradição com respeito, qualidade e bom atendimento que a Casa Schier sempre possuiu. Segundo o Sebrae, 27% das empresas fecham ainda no primeiro ano e 60% nos cinco primeiros anos.
“Vivemos um momento econômico com alta taxa de desemprego e empreender passou a ser a principal opção para muita gente. Acredito que para o próximo ano os líderes políticos e empresariais têm, em conjunto, a obrigação de estimular, abrir espaço, preparar e educar a população ao empreendedorismo” concluiu Schier.
A Casa Schier mantém a fachada original que foi tombada pelo patrimônio histórico e cultural da cidade. Em seu interior, um museu possui peças que fazem parte da sua história, como a máquina de costura manual datada de 1910 que era fundamental na fabricação de botas, botinas e chinelões de couro. Caixa registradora, telefones, banco de seleiro, máquinas de escrever, balança de pesagem a até o alvará de funcionamento, de 1937, fazem parte do acervo, assim como o primeiro livro de registro de vendas de janeiro de 1930.