
/Aline Bassi | Balaio
A Semana Internacional de Vela de Ilhabela 2019 começa neste domingo (14) com 120 barcos em Ilhabela (SP). O principal evento da modalidade da América do Sul chega à sua 46ª edição e reunirá medalhistas olímpicos e pan-americanos, campeões mundiais e outras personalidades do esporte, como a surfista de ondas gigantes Maya Gabeira.
O campeonato vai até sábado (20) e reunirá no Yacht Club de Ilhabela mais de 900 velejadores de vários estados e países. Estão inscritos veleiros de vários tamanhos, divididos entre as classes ORC, IRC, RGS, Bico de Proa, Clássicos, Multicascos, Mini Transat, HPE-25 e C-30. Saiba mais sobre as classes.

Os velejadores retiram o kit de participação no Race Village, espaço montado no centro histórico de Ilhabela com várias atrações para o público. A cerimônia oficial de abertura, marcada para as 20h deste sábado (13), as premiações ocorrem e as palestras ocorrem no local.
Em 2018, o campeão geral da Semana Internacional de Vela de Ilhabela foi o Crioula, que tem como integrante o atleta olímpico Samuel Albrecht. A equipe também bateu o recorde da Alcatrazes por Boreste Marinha do Brasil, prova que abre o calendário.
”O evento é uma das prioridades pra mim em 2019”, contou Samuel Albrecht. ”Trabalho num projeto fantástico como o Crioula e eu diria que a velejada com eles carrega minhas baterias para as regatas e treinos de Nacra!”.
Um dos concorrentes ao título deste ano é o Phoenix, comandado por Eduardo Souza Ramos. A equipe ganhou em 2017. ”As disputas sempre são acirradas, independente do lugar que você termine, sempre está competindo diretamente com vários outros barcos dentro de uma flotilha. Esta é uma das características deste esporte”, disse Eduardo Souza Ramos.
Os amadores também fazem parte das regatas, transformando a competição na festa da vela nacional. A melhor equipe amadora nas classes ORC e IRC serão premiadas. Os resultados desta modalidade valem até sexta-feira (19).
Algumas curiosidades marcam a edição, como a entrada da categoria Mini Transat, uma das mais prestigiadas na Europa, e a recorrente participação do cachorro Harry, um Golden Retriever, no barco Vendetta.

O barco mais velho é o Atrevida, inscrito entre os veleiros clássicos. Imponente com seus 80 pés, a embarcação é de 1923. Já o tripulante mais velho é o comandante Francisco Matos dos Santos, que vai levar sua experiência de 93 anos a bordo do veleiro Pick Nick.
“Sou oficial da Marinha do Brasil e aos 93 anos fico muito feliz em poder estar perto dos navios, dos veleiros, dos meus amigos e colegas! Esse ano será a segunda vez que participo da Semana de Vela e é muito bacana porque a regata me aproxima muito do meio náutico. Espero que o tempo colabore com a gente pra que possamos ter um evento bem legal”, disse o comandante Francisco Matos dos Santos.
Mulheres também estarão no comando de embarcações em Ilhabela. A gaúcha Geórgia Rodrigues será a líder do veleiro FelciDue na classe ORC. Já Marina Castelani fará história sendo a primeira deficiente visual no comando de um barco no evento.
O projeto Sailing Sense vai utilizar o barco Mixuruca (Fast 23) nas regatas. Com cegueira total, Marina Castelani será a skipper ao lado de seu colega Eduardo Francisco da Silva, também deficiente.
”Eu não tenho medo! O barco à vela é muito seguro, por isso queremos mostrar para outros deficientes que podemos chegar lá. Podemos fazer muitas coisas! Eu velejo, faço curso de computação avançada e quero fazer direito ano que vem. A vela me trouxe isso”, explicou Marina Castelani, de 51 anos.
O troféu oficial da 46ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela será a réplica do veleiro Madrugada. Será apenas a segunda vez na história da competição que um barco em disputa é homenageado. A primeira foi com o Áries III, em 2017. Com essa iniciativa, o evento prestigia embarcações que contam a história da vela brasileira.
Largada e desfile
O tiro de largada será às 11h10 para Alcatrazes e a previsão do tempo indica ventos de baixa intensidade (até 5 nós) com termômetros na casa dos 25 graus. Às 10h30 haverá o tradicional Desfile dos Barcos. Os veleiros inscritos na Semana Internacional de Vela de Ilhabela.
A Alcatrazes tem um percurso de 55 milhas náuticas contornando o arquipélago do litoral norte paulista e chegando no Farolete 4. Outras provas também fazem parte do dia como a Toque-Toque por Boreste (25 milhas náuticas) e Renato Frankenthal (10 milhas náuticas).
Há a previsão da passagem de jubartes no meio da raia de Alcatrazes. Nos últimos anos, Ilhabela registra cada vez mais baleias migrando em direção ao sul da Bahia para reprodução.

/Aline Bassi | Balaio de Ideias
Na temporada de 2019, o número é recorde com mais de 300 avistamentos! Desde 2016, a Semana Internacional de Vela de Ilhabela recebe visita frequente de baleias, que se juntam a golfinhos na raia das provas.
A comissão organizadora junto ao Yacht Club de Ilhabela fazem ações ambientais para reduzir a poluição das águas e preservar a vida marinha. Em 2019, o evento adotou a política do impacto zero.
Vela do Amanhã e Torneio por Equipes
O incentivo à formação da nova geração da vela oceânica será um dos grandes legados da Semana Internacional de Vela de Ilhabela, em sua 46ª edição. Com a Regata Vela do Amanhã, marcada para o dia 15, alunos das escolinhas da modalidade em Ilhabela e região poderão vivenciar uma disputa de alto nível técnico, integrando tripulações experientes. Assim, eles ganharão experiência no trabalho em equipe na principal competição do gênero na América do Sul.
A Vela do Amanhã contará com as 60 crianças que fazem parte dos projetos da ilha, como a Escola de Vela de Ilhabela e a Escola de Vela Lars Grael. Todas as equipes inscritas na competição também são incentivadas a participar da ação. A inscrição pode ser feita diretamente na secretaria do Yacht Club de Ilhabela (YCI).
No Torneio por equipes, realizado desde a edição de 2014, a briga será entre clubes, associações ou cidades. O campeão recebe o troféu transitório Pen Duick II. O nome é uma homenagem ao Pen Duick II, veleiro do francês Eric Tabarly, vencedor da regata em solitário transatlântica Ostar, em 1964.
As regras de participação mudaram para a edição deste ano. Os times devem ter quatro barcos, um da classe Orc, um da IRC, um da RGS e um da Bico de Proa. Para a classificação serão considerados os pontos somados por cada barco em todas as regatas disputadas até 19 de julho. Vence a equipe que somar menos pontos no total. A premiação será feita na sexta-feira (19) à noite, véspera das provas finais.
No ano passado, a grande campeã foi a equipe CIZ, formada pelos barcos San Chico/ORC, Inaê 40/IRC e Zeus/RGS).