Velejador português Renato Conde é o novo Embaixador do Movimento de Amigos do Ria de Aveiro

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velejador ilhavense Renato Conde/Divulgação

 

velejador ilhavense Renato Conde/Divulgação

O velejador ilhavense Renato Conde, atualmente integrado na equipa Ineos Team UK, da America Cup, é o novo Embaixador do Movimento de Amigos da Ria de Aveiro – MARIA.

A aceitação do convite para ser Embaixador MARIA pelo Renato Conde é para o Movimento um motivo de enorme orgulho e satisfação e um incentivo para prosseguirmos com o trabalho já iniciado em defesa da Ria de Aveiro e do ecossistema que lhe está associado.

Renato Conde, 35 anos, natural da Gafanha da Encarnação, concelho de Ílhavo, junta, assim, o seu nome a Nuno Barreto, velejador olímpico medalhado, na galeria de Embaixadores do Movimento MARIA.

Antes de chegar à disciplina maior da vela mundial, Renato Conde, filho do conhecido construtor e desenhador de barcos Delmar Conde, participou na mítica prova Volvo Ocean Race e na GC32 Extreme Series, nomeadamente, ao serviço da equipa SAP.

No seu percurso como velejador, que se iniciou aos cinco anos de idade, precisamente nas águas da Ria de Aveiro, com um barco de madeira construído por seu pai, Renato Conde participou em provas da classe Europa e Laser e fez a campanha 49er durante quatro anos consecutivos.

 

Juntamente com o irmão Gilberto, também velejador, Renato Conde competiu ainda no circuito TP52, integrado na tripulação do Bigamist, tendo ainda participado nas provas do RC44 e Extreme e em numerosas competições e regatas oceânicas internacionais.

Os Embaixadores do Movimento de Amigos da Ria de Aveiro são personalidades de reconhecido mérito nos domínios das artes, da cultura, da ciência, do desporto ou da sociedade em geral, que aceitam disponibilizar o seu talento, prestígio e aceitação pública para promover e defender o articulado da Carta de Princípios do MARIA, bem como o ecossistema e a presente realidade sócio-territorial da Ria de Aveiro.

A Ria de Aveiro

MARIA – MOVIMENTO DE AMIGOS DA RIA DE AVEIRO

Na orla ocidental da Península Ibérica está engastada a Ria de Aveiro, sem qualquer parentesco com as Rias da Galiza em Espanha. Enquanto as Rias espanholas resultaram de vales fluviais que submergiram, a nossa laguna, cujo nome mais vulgar de Ria acaba por ser o menos adequado, instalou-se num terreno abatido onde vinha desaguar um rio por meio de um delta.

O arranque e crescimento da laguna ficou a dever-se, em grande medida, aos sedimentos fornecidos pelo Rio Douro, sedimentos esses que foram transportados para sul, mercê da deriva litoral induzida pelas ondas dominantes que provêm do quadrante NW (noroeste). Estava assim iniciada a formação de um HAFF*.

Estávamos no século X. No séc. XI a costa marítima, onde o Rio Vouga desaguaria, seria de configuração completamente diferente à atual, situando-se mais para o interior.

Dos séculos X a XVIII a deposição destes sedimentos originou a formação de um sistema de ilhas no interior da laguna, assim como de dois cordões dunares litorais, um a Norte em Espinho e outro a Sul próximo do Cabo Mondego, que isolaram o estuário do Rio Vouga do oceano costeiro. Ao longo do tempo a localização da barra foi variando entre a Torreira e Mira, com períodos em que a laguna estava completamente isolada do oceano. Em 1808 foi construída a atual barra, fixada por dois molhes.

A apropriação da paisagem natural da laguna pelo Homem levou à sua modelação, ao longo de vários séculos. Estamos perante uma paisagem cultural que reflete os valores da sociedade que a gerou, as circunstâncias materiais e as vantagens oferecidas pelo seu ambiente natural.

Dinâmica

A dinâmica da Ria de Aveiro é determinada pela interação entre a água salgada oceânica que entra através da embocadura e a água doce de origem fluvial.

Os rios Vouga e Antuã constituem as principais fontes de água doce, com caudais médios anuais, respetivamente, de 50 m3/s e 2,4 m3/s. A laguna acolhe ainda os caudais fluviais provenientes, a norte, dos rios Cáster, Gonde e Fontela e, a sul, do Rio Boco. Na costa ocidental de Portugal a maré propaga-se de Sul para Norte, entrando no interior da Ria através do canal da embocadura e espalhando-se a baixa velocidade ao longo dos vários canais. Na embocadura a sua amplitude varia entre 3,3 m em maré viva e 0,6 m em maré morta.

A laguna apresenta uma forte influência marinha, sendo o conteúdo em sal das suas águas junto à embocadura próximo do observado para a água do mar (36 psu ≈ 36 g sais/1 kg água salgada), decrescendo com o afastamento à barra.

Este padrão está sujeito a variações sazonais. Durante o Verão, devido aos reduzidos caudais fluviais, a salinidade média no interior da Ria é bastante mais elevada do que durante o Inverno, em que a água do mar é diluída pela água doce proveniente dos rios.

*palavra alemã que significa uma espécie de laguna separada pelo mar por um cordão de areia

in “Origens da Ria de Aveiro – Orlando de Oliveira”