Projetos da Angola Cables inauguram novo paradigma nas telecomunicações

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António Nunes, CEO global da Angola Cables.
António Nunes, CEO global da Angola Cables.

“Baseado na visão de nossos acionistas e na estratégia do governo angolano, temos como principal objetivo, transformar Angola no principal hub de telecomunicação na África. Já estamos trabalhando e fazendo investimentos em grandes escalas para colocar o país em uma posição de destaque no que diz respeito à conectividade internacional”, afirma António Nunes, CEO global da Angola Cables.

Fundada em Luanda (AO), em 2009, a Angola Cables é uma empresa de telecomunicações global especializada em operar cabos submarinos de fibra óptica para transmissão de dados e voz à velocidade da luz. A companhia, que conta com cerca de cem colaboradores, é fruto de um consórcio formado pelas cinco maiores operadoras de telecomunicações de Angola, sendo a estatal Angola Telecom a principal acionista.

A Angola Cables surgiu por conta da intenção do governo angolano em colocar o país no mapa das telecomunicações internacionais e de transformar Angola em um dos hubs do continente. A sua participação no WACS, cabo que liga 11 países africanos e três europeus, conectando Cape Town à Londres garantem a sua conectividade na costa ocidental da África e Europa.

Brasil

O executivo aproveita as boas relações bilaterais entre angolanos e brasileiros para inserir o Brasil em uma posição estratégica no movimento de revolucionar o mercado mundial das telecomunicações. Por isso, atualmente a companhia está aportando US$ 300 milhões em infraestrutura e operação de três megaempreendimentos no território nacional, que terão Fortaleza como ponto-chave.

O valor inclui a construção de um Data Center, assim como a implantação dos projetos SACS e Monet no país. “São empreendimentos que têm como objetivo criar rotas alternativas para as que existem hoje nas telecomunicações globais, mas principalmente entre a África e o continente americano, impactando em aspectos como: redução de custo, aumento da velocidade de transmissão dos dados e melhoria na qualidade do acesso à informação. Com isso, buscamos disponibilizar maior capacidade de tráfego e assim incrementar o número de usuários de internet”, completa Nunes.

O projeto também permitirá que os conteúdos internacionais, fiquem mais próximos do consumidor brasileiro, já que estarão alocados no Data Center localizado na capital cearense.

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SACS

O mais inovador dos projetos é o South Atlantic Cable System (SACS). Hoje, todos os cabos submarinos africanos passam necessariamente pelo continente europeu, assim como no caso do Brasil, a passagem pelos Estados Unidos é obrigatória. É justamente nesse momento que o empreendimento aparece.

“Atualmente não existem comunicações diretas de dados e voz entres os continentes africano e sul americano. Com essa nova rota, via Atlântico Sul, os clientes terão a possibilidade de ter rotas alternativas às hoje existentes”, explica o executivo.

Trata-se de um projeto inovador de telecomunicações, que consiste em ligar Luanda, em Angola, a Fortaleza, no Brasil, por meio de um cabo submarino de fibras ópticas de cerca de seis mil quilômetros. O SACS é o primeiro cabo submarino a ser instalado no Atlântico Sul, ligando a África à América do Sul. Tudo isso na velocidade da luz — o percurso da informação entre os dois países será feito em cerca de 63 milissegundos, ou seja, mais rápido que um piscar de olhos. A transmissão via satélite é de 360 milissegundos.  O cabo tem capacidade de comunicação de pelo menos 40 Tbps. Construído pela NEC, no Japão, o cabo percorreu 6,3 mil quilômetros pelo leito do Atlântico, partindo de Sangano, na costa angolana e) chegou à Praia do Futuro, em Fortaleza, em fevereiro de 2018, para o início de sua instalação e previsão de início de operação no fim do primeiro semestre deste ano.

 

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O cabo submarino de fibra óptica Monet interliga as cidades de Santos, Fortaleza e Miami. Diferente do SACS, 100% Angola Cables, o Monet tem a empresa angolana como uma das investidoras, contando ainda com o Google, a Antel (Uruguai) e a Algar Telecom (Brasil). Sua rota será de mais de 10 mil quilômetros e capacidade de comunicação de pelo menos 60 Tbps, em seis pares de fibra — sendo duas da Angola Cables. O cabo já está em operação desde o final de 2017. Neste empreendimento, a companhia é ainda responsável pela construção da estação que receberá a fibra em Fortaleza.

 

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O West Africa Submarine System (WACS) é um cabo submarino de fibra óptica, que a empresa opera desde 2012. Com 14 quilômetros de extensão, possui capacidade de 5,12 Tb (com possibilidade de aumento para até 30Tb). O cabo liga a cidade de Yzerfontein, na África do Sul, a Highbridge, no Reino Unido. O cabo toca 11 países africanos na costa ocidental e três países europeus. Neste consórcio participam cerca de 15 diferentes operadores.

DATA CENTERS

Além dos projetos de cabos submarinos de fibra óptica, a Angola Cables também foca a sua atuação na construção, implantação e gestão de Data Centers. A empresa já possui uma unidade em Angola, o AngoNap e iniciou a construção do segundo, em Fortaleza (CE). Localizado na Praia do Futuro, contará com uma área de TI de três mil metros quadrados e é fruto de uma parceria entre a operadora e a prefeitura da capital cearense. “O objetivo dessa parceria com o governo municipal é, em alguns anos, tornar Fortaleza um dos principais polos tecnológicos e das telecomunicações do Brasil”, diz Nunes. Assim como o cabo SACS, o Datacenter tem previsão de início de sua operação no fim do primeiro semestre de 2018.

ESPORTE

A relação da Angola Cables com os mares e oceanos intercontinentais vai além dos cabos submarinos de fibra óptica. A companhia também reverte parte de seus ganhos patrocinando duas embarcações — o Mussulo III e o Mussulo 40 —, comandados pelo angolano José Guilherme Caldas.

A relação da empresa com a vela começou por acaso, por meio de um pedido de um grupo de velejadores angolanos que buscava apoio para participar da regata Cape to Rio 2014, que partia da África do Sul e tinha o Rio de Janeiro como ponto de chegada. ”Vimos nessa modalidade esportiva uma relação direta com o nosso negócio, de atravessar o oceano para conectar continentes via cabos submarinos de fibra óptica”, conta António Nunes. O Mussulo III fica ancorado em Ilhabela, litoral de São Paulo e participa das principais regatas do Brasil, como Refeno (Recife à Fernando de Noronha), e Semana de Vela de Ilhabela. Já o Mussulo 40 tem como competição principal a participar, a regata Cape2Rio.